João Gomes vendo sendo bastante criticado depois de lançar Vira Lata, em parceria com Pabllo Vittar. O cantor sofreu uma onda de ataques preconceituosos, principalmente, por contracenar com a artista, em clima de intimidade, num videoclipe. “Quebrou muitas barreiras”, disse em um bate-papo exclusivo com a coluna Fábia Oliveira.
“Eu acho a Pabllo muito da hora, a gente já tinha falado dessa música. Fui eu quem a procurou, fui eu quem mandei a música. Eu fiquei imaginando um clipe que fosse da hora”, explicou como aconteceu o convite para gravarem juntos.
João prosseguiu destacando a importância de Vittar no cenário musical: “Tudo isso que eu fiz, de ser uma coisa da hora pro fã, pra galera curtir e tal. A Pabllo quebrou muitas barreiras, muitos preconceitos.”
Sobre ter sido vítima de homofobia depois do feat com a drag queen, João esclareceu que nunca teve essa visão. O vídeo dele com Vittar já atingiu mais de 2,5 milhões de visualizações no YouTube:
“Eu não vi por esse lado. Eu até vi a coisa do Lucas Lucco e acho que as coisas passam [dos limites]. A gente não pode carregar para sempre um fardo, a gente tem que fazer a música como ela deve ser, para se divertir”, ressaltou.
O marido de Ary Mirelle completou: “Música foi feita para dançar, eu só estava pensando em fazer a galera se alegrar com a música. Assim como a Pabllo. A gente se divertiu pra caramba.”
O famoso ainda lembrou que não pretendia causar nenhum burburinho que pudesse afetar a comunidade LGBTQIAPN+. “Foi super espontâneo, eu fiz a música para o meu público. Ela para o público dela, que já estava cantando uns forros das antigas. Nada mais justo que procurar uma música para fazer junto [com ela]”, lembrou.
Na conversa, João Gomes ainda falou como encara o sucesso: “Eu alcancei lugares que, realmente, eu não imaginava. O que está acontecendo agora já é muito mais do que eu esperava. Eu fiz parte de um filme, um filme marcante, um filme que fez parte da minha vida [Auto da Compadecida 2, onde canta Canção da América, de Milton Nascimento, na trilha sonora].”
O rapaz destacou que está se empenhando na vida profissional e reconhece o apoio de grandes nomes da MPB e dos fãs:
“É um sonho o que eu estou vivendo. Quando se trabalha, a gente quer que aconteça só o melhor. Eu fui recebido na casa do Milton [Nascimento], hoje eu tô num grande palco pra cantar, eu acho que é só agradecer por tudo mesmo. Querer mais do que isso é demais”, destacou.
Por fim, João Gomes contou alguns planos para 2025 e até algumas possíveis novas parcerias. “Eu estou muito satisfeito com tudo que está acontecendo. E, pro trabalho que estou tentando planejar para o ano que vem, seja gravar com Gustavo Lima ou com MC cabelinho, que é muito meu amigo, [dividir os vocais] com toda essa turma aí. São pessoas que colocaram nossa música num lugar da hora”, finalizou.
Assista ao videoclipe de João Gomes e Pabllo Vittar:
Lucas Lucco se pronuncia sobre ataques após parceria com Pabllo Vittar
Lucas Lucco abriu o coração e desabafou sobre as críticas que recebeu ao gravar o single Paraíso, um feat com Pabllo Vittar. O cantor foi cancelado logo depois do lançamento e ainda recebeu ataques preconceituosos por ter atuado junto a uma drag queen.
“Eu conhecia o trabalho da Pabllo há muito anos, antes dela ser a Pabllo. A gente tem amigos em comum, porque eu tinha pessoas em Uberlândia, onde ela morava. Eu sempre achei ela talentosa ao extremo, tanto é que, quando vi os primeiros vídeos dela no Instagram, mandei para o meu empresário”, explicou.
Lucas continuou: “Falei: ‘investe nisso, que vai dar muito bom no pop’. Aí ele acreditou. Desde o princípio eu sabia que ia ser uma explosão, que ia quebrar muitos paradigmas. Quando eu vi o trabalho dela sendo reconhecido, eu falei: sou um cantor estigmatizado como um hétero top, pelas músicas, que me davam a fama de pegador.”
O artista lembrou que o objetivo era conscientizar sobre homofobia e outros pré-conceitos enraizados na nossa sociedade:
“O cara heterozaço, sertanejo, e eu pensei: ‘Se eu fizesse um movimento de gravar isso com a Pabllo, eu acho que vou dar o primeiro passo em direção ao invisível, ao pioneirismo’. Pensei: ‘Se eu fizer isso, vou deixar a cabeça do povo em um trevo para ajudar a, no futuro, ter menos preconceito”, ressaltou.
Lucas Lucco comparou a repercussão do seu trabalho com o de João Gomes, que também gravou com Vittar:
“Agora o João Gomes está gravando com ela e ninguém está chamando ele de viado igual fizeram comigo. Eu recebi muita crítica, porque nasci no sertanejo, foi como se o pessoal tivesse me cancelado. De fato, aconteceu isso”, pontuou.
O músico prosseguiu: “Entrei numa depressão braba, porque eu não conseguia lidar bem com a enxurrada de críticas, mas o que me ajudou e me ajuda até hoje é esse propósito, daqui 50 anos uma pessoa vai ver aquele clipe e vai entender a mensagem que eu quis passar.”
Lucas Lucco concluiu fazendo uma alusão para descrever o que estava sentindo. “A gente tem dois ambientes: São Paulo, que é um lugar sujo, poluído, cinza, e Barra Grande, na Bahia, que é um paraíso, um lugar lindo, com mar e sol. A gente está nesse lugar sujo sem se tocar, mas, quando a gente se toca, é levado para um paraíso onde isso é absolutamente normal. Não seremos julgados por isso”, finalizou.