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Líder de ONG que pediu prisão de israelense é acusado de ter feito parte do Hezbollah

A ofensiva judicial no Brasil contra o soldado israelense Yuval Vagdani começou após denúncia feita por uma ONG internacional chamada Hind Rajab Foundation (HRF), que apresentou uma investigação acusando o militar de crimes de guerra na Faixa de Gaza. A entidade defende a causa dos palestinos e tem entre seus líderes um ex-integrante do Hezbollah. Grupo político atuante no Líbano, o Hezbollah é considerado por muitos países, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e a Alemanha, como uma organização terrorista.

Trata-se do militante Dyab Abou Jahjah (imagem em destaque), que, em uma entrevista ao The New York Times em 2003, revelou ter recebido treinamento militar junto das fileiras militares do Hezbollah no Líbano. Ele também disse que, aos 19 anos, decidiu abandonar o grupo para estudar fora do país, e disse ter tido conflito com lideranças da organização libanesa para conseguir obter documentos de asilo político na Bélgica, onde está sediada a HRF. “Foi apenas um truque político baixo para obter meus documentos”, revelou, na época.

“Eu tive algum treinamento militar, ainda tenho muito orgulho disso”, disse ele ao jornal norte-americano quando havia imigrado para a Europa e tinha 31 anos.

Jahjah ainda é fundador da Liga Árabe Europeia (AEL), organização pan-arabista criada em 2001, para promover o “nacionalismo árabe, o nasserismo e o antisionismo”.

O passado do militante está sendo usado pelo governo de Israel para desqualificar as denúncias contra seu soldado, que deixou o Brasil para evitar uma possível prisão preventiva.

Segundo o governo de Israel, o HRF tem ligações com o grupo terrorista. A informação consta em um documento do Ministério para Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo. No documento, o governo israelense afirma que a missão da HRF é “buscar responsabilização legal por supostos crimes cometidos contra palestinos”.

“Ativista nascido no Líbano, Jahjah declarou afiliações anteriores ao Hezbollah. Ele fundou a Liga Árabe Europeia (AEL) em 2001, uma organização dissolvida em 2007. Jahjah expressou publicamente opiniões críticas a Israel e apoiou figuras associadas aos movimentos de resistência palestinianos e libaneses”, diz um trecho do documento.

Outro membro da entidade, Karim Hassoun, que ocupa o cargo de secretário no HRF, também é descrito no documento como um apoiador de grupos extremistas da região.

“Ele tem consistentemente se oposto ao reconhecimento de Israel e expressado preferências por facções palestinas alinhadas com os esforços de resistência. As declarações públicas de Hassoun frequentemente enquadram ações de palestinos como uma resposta ao deslocamento”, diz o Ministério para Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel.

Um delas acontece um dia após a incursão do Hamas no território israelense, que terminou com a morte de milhares de pessoas, o sequestro de centenas e deu início a guerra na Faixa de Gaza. Em uma publicação no X, Hassoun chamou o ato extremista não era uma “invasão”, mas sim o retorno de palestinos às suas terras de origem.

Militante agora nega ter sido do Hezbollah

Em manifestação nas redes sociais ao questionar acusações de Israel, Jahjah não questionou a antiga entrevista ao NYT, mas negou ter sido membro do Hezbollah. “Eu os respeito por lutar contra suas hordas invasoras no Líbano, mas eu simplesmente não sou dessa ideologia. Acusar-me de ser parte de sua resistência é uma honra que não reivindico. Eu fazia parte de um grupo esquerdista muito menor no Líbano quando tinha 16 anos e sim, tenho orgulho disso”, escreveu ele.

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O militar foi denunciado por uma organização internacional

O militar é suspeito de envolvimento na destruição do corredor Netzarim
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Soldado de Israel estava em férias no Brasil

Reprodução/Redes Sociais

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O militar foi denunciado por uma organização internacional

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O militar é suspeito de envolvimento na destruição do corredor Netzarim

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Advogada ameaçada

A advogada da Hind Rajab Foudation (HRF) que atuou na intermediação da denúncia para a Justiça brasileira disse ao Metrópoles que está assustada com o recebimento de ameaças na rede social dela. Desde que a notícia se espalhou, a mulher tem recebido ataques virtuais.

No sábado (4/1), a Justiça Federal determinou que o soldado de Israel, que passava férias no Brasil, fosse investigado pela Polícia Federal. O motivo seriam crimes de guerra que Yuval Vagdani, do 432º Batalhão das Brigadas Givati, teria cometido em Gaza durante a contraofensiva de Israel no território palestino.

“Decidiu apoiar terrorista e agora tá com medinho das consequências?”, diz mensagem recebida pela profissional de um perfil no Instagram. Na mesma rede, outro foi além e a ameaçou: “Terroristazinha de merda. Vai receber o que merece”.

Outro perfil a ameaçou de agressão física dizendo que a ia “encher de porrada”.

O que o soldado israelense fez

Vagdani teria participado da demolição controlada de um quarteirão inteiro na região conhecida como corredor Netzarim, na Faixa de Gaza, em outubro de 2024, em uma ação fora de combate, o que é vetado pelas leis internacionais.

O soldado de Israel deixou o Brasil no domingo (5/1), conforme informações da mídia estatal israelense. A família de Vagdani concedeu uma entrevista à emissora Kan, na qual informou que o homem deixou o Brasil horas após o caso vir à tona. Ele teria ido para a Argentina inicialmente.

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