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Luedji Luna quer novos ares: “não sou deusa, sou humana pra caramba”

Luedji Luna não é uma deusa e muito menos uma entidade. E reitera que não faz a menor questão de manter essa imagem, que foi ganhando pelas músicas e produções audiovisuais mais etéreas, que combinam força e leveza. É o que a cantora baiana decidiu falar no novo trabalho, a versão Deluxe do álbum Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água, de 2021.

Na Deluxe, Luedji Luna se permitiu revisitar com um olhar mais carinhoso para si mesma aos 17 anos, depois de seu primeiro beijo, quando escreveu a música Pele. Foi mais sensual e deu vida a uma profissional do sexo que se apaixona por um homem casado no clipe de 3 Marias – o primeiro da Deluxe, lançado na terça-feira (13). Com direção de Joyce Prado, o vídeo faz referência às pombagiras, às profissionais do sexo e traz a artista interpretando uma stripper.

“É uma perspectiva de me colocar como mulher e não de deusa, entidade, essa figura etérea que minha  música me colocou desde Um Corpo No Mundo. Tentei romper com isso no Bom Mesmo É Estar Debaixo d’água, o que não deu muito certo, até porque teve a gravidez ali já trazendo um pouco essa conotação de pessoa divina e tal. Com o Deluxe a gente rompe com isso e esse clipe rompe com tantas coisas, né? Eu estou mais nua, meu corpo aparece mais, eu sensualizo mais, falo e mostro desejos, faço uma personagem super controversa na sociedade”, explica.

No horizonte próximo, ela vai fazer um show conjunto com Ivete Sangalo no Festival de Verão. As duas sobem no palco do Parque de Exposições na abertura, no dia 28 de janeiro. Contente com a proposta de misturar artistas já consagrados com outros que lutam por seus espaços, ela contou em entrevista ao CORREIO que ainda não sentou com Ivete para desenhar o show, ou mesmo para ensaiar. Mas garante que terá Banho de Folhas: “tem que ter o hit”, aponta. Confira a entrevista completa logo abaixo

Qual foi a ideia por trás do lançamento da versão Deluxe do álbum  Bom Mesmo É Estar Debaixo D´Água?

Luedji Luna : Ele nasceu muito com a ideia de prolongar a vida do Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água, que surgiu num contexto pandêmico e não queria encerrar essa história. Eu trago a temática do amor e não tinha esgotado ele. Muitas músicas poderiam estar no disco não entraram. Senti que essa era uma oportunidade de trazer essas canções pro mundo. Ele nasce mais numa perspectiva de ser um volume 2 do original do que necessariamente um Deluxe, onde as pessoas colocam uma ou duas versões inéditas, remixes, versões e etc. Acabou sendo 10 inéditas e 3 remixes. 

Esse deluxe foi pensado para mostrar várias versões [de mim]. Quer dizer, ele não foi pensado assim, mas nasceu assim, mostrando várias versões de mim mesma. Até porque tem canções antigas. Pele é a primeira canção que escrevi. Fica nítido na escuta que são várias Luedjis diferentes. 3 Marias é uma canção cuja personagem é uma stripper e profissional do sexo que se apaixona por um homem casado e conta história em torno desse desejo, paixão e solidão no trabalho dela.

Como foi revisitar Pele mais madura, adulta e mãe?
 

Pele é uma canção que fiz aos 17 anos, depois que dei meu primeiro beijo. Eu tive oportunidade de cantar essa canção à capela numa entrevista com Lázaro Ramos e as pessoas demandaram cantar, gravar. Nunca tive coragem. Tinha até um pouco de vergonha, tipo ‘ah, vou cantar uma música boba dessas?! Que fiz quando tinha 17 anos. Olha quantas coisas eu já fiz, olha quantos anos eu tenho’. O Deluxe nasce muito pra fazer com que eu olhasse pra mim com generosidade, um olhar acolhedor para Luedji do passado. Foi um processo muito bonito assumir essas canções antigas, ainda que considerasse boba. Depois, com os anos, muitas bocas rolaram, mas foi bonito pra mim abraçar essa Luedji de 17 que não tinha beijado ainda e [teve] essa experiência afetiva, amorosa, sexual, culminou em música, arte. Foi tão provocante pra mim que eu criei. Pele significa isso. Não só Pele, mas todo o disco. 

“O Deluxe, não só essa música, mas várias outras, nasce muito pra fazer com que eu olhasse pra mim com generosidade, um olhar acolhedor para Luedji do passado”, Luedji Luna

O clipe 3 Marias marca uma nova fase em sua carreira? Que direção você quer tomar agora?
 

O processo de minha imagem é construído a várias mãos. Seja com Joyce [Prado, diretora do videoclipe] na gravação do clipe, com minha equipe de beleza pensando essa nova estética, o modo como vou me apresentar, vestir, o cabelo, etc, etc, etc. 
É uma perspectiva de me colocar como mulher e não de deusa, entidade, essa figura etérea que minha  música me colocou desde Um Corpo No Mundo. Tentei romper com isso no Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água, o que não deu muito certo, até porque teve a gravidez ali já trazendo um pouco essa conotação de pessoa divina e tal.

Com o Deluxe a gente rompe com isso e esse clipe rompe com tantas coisas, né? Eu estou mais nua, meu corpo aparece mais, eu sensualizo mais, falo e mostro desejos, faço uma personagem super controversa na sociedade, com essa temática da prostituição, da traição, que é algo que sempre existiu, está aí posto, mas é muito debatido e moralizado embora tenhamos discussões recentes sobre a não-monogamia. O outro, a outra, ainda ocupa muito o lugar da moralidade. 

Eu estou rompendo com tantas coisas no sentido de me humanizar. Eu não só não sou Deus, como sou uma mulher; e não só sou uma mulher, como sou humana, com vícios, desejos, enfim.. humanidade. Acho que é essa a palavra.

Esse status de deusa que seu trabalho te colocou incomoda?
 

Acho que a palavra não é incômodo, mas acho que me coloca numa posição de muita fragilidade porque eu não sou uma entidade, não sou uma deusa, sou humana pra caramba, com muito pouca paciência, muitos defeitos, várias questões. Me colocam num lugar que eu não banco, entendeu? 
Se eu assumisse esse lugar que a música me colocou, e as pessoas me colocaram, eu não ia ter como bancar. Por isso, pra mim, é importante me humanizar. O racismo já tira tanto nossa humanidade. Eu não quero ser deusa, só quero ser humana.

“Não sou uma deusa, sou humana pra caramba, com muito pouca paciência, muitos defeitos, várias questões. Me colocam num lugar que eu não banco”, Luedji Luna

(Foto: Henrique Falci)

Sobre o Festival de Verão, você vai tocar com Ivete, pode nos antecipar alguma coisa sobre repertório, preparação?
 

Estava em Salvador quando veio o convite, estive na coletiva de imprensa quando os nomes foram divulgados. Ivete é um nome muito forte em todo o Brasil, o Festival vai me dar muita visibilidade, projeção, vai ser televisionado e fico muito feliz de poder usar essa plataforma que é o Festival, que é histórico na cidade do Salvador, e volta com esse formato de personagens consagradas no mainstream com pessoas não tão consagradas, mistura de ritmos, gêneros. 

Acho interessante, gostei da ideia, muito provavelmente se não fosse nessa perspectiva de contemplar a diversidade da música brasileira eu não estaria no Festival de Verão. Então, nesse sentido, adorei. A gente ainda não está construindo o show [risos]. Quando virar o ano, depois das férias, a gente começa a pensar nisso, ensaiar.

Tem ideias?

Vai ter Banho de Folhas, né? [Risos] Só isso que posso dizer. Tem que ter o hit.

E os planos para 2023?

Quero circular, fazer uma turnê robusta no Brasil, internacionalmente, sobretudo nos Estados Unidos,  que nunca fiz e é uma grande meta. Fazer com que o Deluxe consiga se espraiar, alcançar muito mais pessoas, potencializar e agregar positivamente na minha carreira. Foi um dos discos que mais me deu trabalho, que mais investi e o que mais me desafiei, vide o clipe que estou dançando, batendo cabelo, eu dei muito de meu trabalho e agora espero colher [os frutos] e circular com ele.
 

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