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Lula descarta ‘gastança’ em terceiro governo e prega conciliação: ‘Não interessa um país em permanente pé de guerra’

Presidente afirmou que Brasil irá conciliar crescimento econômico recorde com a maior inclusão social da história e afirmou que é tempo de união e reconstrução

EVARISTO SA / AFP

Lula tomou posse no Congresso Nacional neste domingo, 1º, vinte anos após sua primeira eleição

Em seu segundo discurso após tomar posse neste domingo, 1º, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer uma longa declaração e falar sobre o que pretende fazer em seu mandato. Além de criticar a gestão anterior, o presidente reforçou seu compromisso de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, mantendo a responsabilidade fiscal. Lula também pediu paz e declarou que a ninguém interessa um país em permanente pé de guerra. Ele subiu a rampa do Palácio de Planalto de mãos dadas com figuras que representam grupos comumente marginalizados da população brasileira, sendo uma criança negra, um indígena, uma pessoa com deficiência e uma mulher, além de militantes de movimentos sociais. Eles passaram a faixa presidencial para Lula, que recebeu abraços emocionados de todos. Janja e Lula choraram de emoção durante a cerimônia.  Ele saudou os que estavam presentes e agradeceu o carinho da população. O presidente classificou este como um dos dias mais felizes de sua vida. Confira o discurso completo: 

“Quero começar fazendo uma saudação especial. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro – representado pela Vigília Lula Livre –, num dos momentos mais difíceis da minha vida. Boa tarde, povo brasileiro! Que tiveram a coragem de vestir a nossa camisa e, ao mesmo tempo, agitar a bandeira do Brasil – quando uma minoria violenta e antidemocrática tentava censurar nossas cores e se apropriar do verde-amarelo, que pertence a todo o povo brasileiro. Minha gratidão a vocês, que enfrentaram a violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral. Que ocuparam as redes sociais, e que tomaram as ruas, debaixo de sol e chuva, nem que fosse para conquistar um único e precioso voto. Quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado. A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria. Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país. Não existem dois brasis. Somos um único país, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca. Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, nós sabemos que é sempre tempo de replantio, e que a primavera há de chegar. E a primavera já chegou. Hoje, a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança”, discursou.

Visivelmente emocionado, o presidente chorou ao lembrar da fome e do abismo social que assola a população brasileira. “Mas o principal compromisso que assumimos foi de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar – e nós cumprimos esse compromisso. 20 anos depois, voltamos a um passado que julgávamos enterrado. Recentemente, reli o discurso da minha primeira posse, em 2003. E o que li tornou ainda mais evidente o quanto o Brasil andou para trás. Aqui, nesta mesma praça, assumimos o compromisso de recuperar a dignidade e a autoestima do povo brasileiro – e recuperamos. A fome é filha da desigualdade, que é mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais, ao dividi-lo em partes que não se reconhecem. Juntos, somos fortes. Divididos, seremos sempre o país do futuro que nunca chega, e que vive em dívida permanente com o seu povo. Se queremos construir hoje o nosso futuro, viver num país plenamente desenvolvido para todos e todas, não pode haver lugar para tanta desigualdade. O Brasil é grande, mas a real grandeza de um país reside na felicidade de seu povo. E ninguém é feliz de fato em meio a tanta desigualdade. Nos últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna. Assumimos o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade. De renda, de gênero e de raça. Desigualdade entre quem joga comida fora e quem só se alimenta de sobras. É inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%”, completou.

“É inaceitável que continuemos a conviver com o preconceito, a discriminação e o racismo. Somos um povo de muitas cores, e todas devem ter os mesmos direitos. Ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais obstáculos pela cor de sua pele. Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. Esta será a grande marca do nosso governo. Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás. Reassumo o compromisso de cuidar de todos, sobretudo daqueles que mais necessitam. De acabar outra vez com a fome. Temos um imenso legado, ainda vivo na memória de cada brasileiro e brasileira, beneficiário ou não das políticas públicas que fizeram uma revolução neste país. Em nossos governos, o Brasil conciliou crescimento econômico recorde com a maior inclusão social da história. E se tornou a sexta maior economia do mundo, ao mesmo tempo em que 36 milhões de brasileiras e brasileiros saíram da extrema pobreza. Mas não nos interessa viver do passado. Por isso, longe de qualquer saudosismo, nosso legado será sempre o espelho do futuro que vamos construir para este país. Fortalecemos o nosso Sistema Único de Saúde. E quero aproveitar pra fazer um agradecimento especial aos profissionais do SUS, pela grandiosidade do trabalho durante a pandemia. Enfrentaram bravamente, ao mesmo tempo, um vírus letal e um governo irresponsável e desumano. Fizermos o Farmácia Popular e o Mais Médicos, que levou atendimento a cerca de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, nas periferias das grandes cidades. Criamos o Brasil Sorridente, para cuidar da saúde bucal de todos os brasileiros e brasileiras. Combatemos um dos grandes focos de desigualdade – o acesso à saúde. O direito à vida não pode ser refém da quantidade de dinheiro que se tem no banco. O Brasil consolidou-se como referência mundial no combate à desigualdade e à fome, e passou a ser internacionalmente respeitado. Fomos capazes de realizar tudo isso cuidando com total responsabilidade das finanças do país. Nunca fomos irresponsáveis com o dinheiro público. Nos nossos governos, nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro”, garantiu.

O que o povo brasileiro sofreu nestes últimos anos foi a lenta e progressiva construção de um genocídio. Vivemos um dos piores períodos da nossa história. Uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim. Essa extraordinária vitória da democracia nos obriga a olhar para a frente e a esquecer nossas diferenças, que são muito menores que aquilo que nos une para sempre: o amor pelo Brasil e a fé inquebrantável em nosso povo. Agora é hora de voltar a cuidar do Brasil. Gerar empregos, reajustar o salário mínimo acima da inflação, baratear o preço dos alimentos. Criar mais vagas nas universidades, investir na saúde, na educação, ciência e cultura. Retomar obras de infraestrutura e Minha Casa Minha Vida. Fiz questão de dizer ao longo de toda a campanha: o Brasil tem jeito. E volto a dizer com toda convicção, mesmo diante do quadro de destruição revelado pelo Gabinete de Transição: o Brasil tem jeito. Depende de nós, de todos nós. Em meus quatro anos de mandato, vamos trabalhar todos os dias para o Brasil vencer o atraso de mais de 350 anos de escravidão. Para recuperar o tempo e as oportunidades perdidas nesses últimos anos. Para reconquistar seu lugar de destaque no mundo. Precisamos, todos juntos, reconstruir e transformar o Brasil. É urgente e necessária a formação de uma frente ampla contra a desigualdade, que envolva a sociedade como um todo. É tempo de união e reconstrução. Quero terminar pedindo a cada um e a cada uma de vocês: que a alegria de hoje seja a matéria-prima da luta de amanhã e de todos os dias que virão. Que a esperança de hoje fermente o pão que há de ser repartido entre todos. Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio. Viva o Brasil. E viva o povo brasileiro!”, finalizou.

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