Mensagens instaladas por movimentos sociais e entidades brasileiras, defendem a indicação com perfil inédito à vaga que será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber
Reprodução/Jovem Pan
Outdoor em Nova Délhi estampa campanha em prol da indicação de uma mulher negra para o STF
A campanha para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indique uma mulher negra para o STF (Supremo Tribunal Federal) chegou à reunião da cúpula do G20, em Nova Délhi, capital da Índia. Outdoors instalados por movimentos sociais e entidades brasileiras, defendem a indicação de uma mulher negra e de perfil progressista para a vaga que será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. As placas externas foram instaladas em locais estratégicos da capital indiana. Um outdoors diz que “em 132 anos o Supremo Tribunal Federal nunca teve uma ministra negra”. Outra placa é ainda mais categórica: “Lula, contamos com você para indicar uma ministra negra para o STF”. Uma terceira mensagem diz que os votos da população negra foram essenciais para a eleição de Lula no ano passado. As mensagens foram espalhadas por diversas ONGs (organizações não-governamentais), entre elas a ONG Nossas, a Coalizão Negra por Direitos, o Instituto de Defesa da População Negra, o Instituto Marielle Franco e o Movimento Mulheres Negras Decidem.
Os ativistas estão de olho na saída de Weber, em outubro, para pressionar o presidente por uma indicação inédita à corte, que nunca teve uma mulher negra em sua composição. Até o momento, entre os cotados estão o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. O indicado também precisa ser aprovado em sabatina no Senado Federal. Lula tem sofrido pressão para que a indicação seja de uma mulher negra, não apenas pela representatividade, mas também para trazer um quadro progressista à corte.
Parte dos correligionários e apoiadores petistas têm reclamado dos posicionamentos de Cristiano Zanin, último indicado por Lula, no tribunal. Em julgamentos recentes, o magistrado votou de forma considerada conservadora, sendo contrário à descriminalização do porte de maconha para o uso pessoal e também contra a tipificação da homotransfobia no mesmo patamar de injúria racial. Por conta destes posicionamentos, o novo ministro chegou a ser alvo de críticas indiretas do próprio PT em uma resolução nacional do partido do presidente Lula.
*Com informações do repórter André Anelli