O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se encontraram nesta sexta-feira, 2, em solenidade pelas comemorações dos 132 anos do Porto de Santos, no litoral paulista. Durante o evento, os líderes políticos trocaram elogios e declarações de parceria. Sendo o primeiro a discursar, o governador de São Paulo destacou a importância dos acordos recentes entre os governos federal e paulista e ressaltou a necessidade de enxergar o interesse público. “Me sinto privilegiado de estar participando desse momento. Desse momento de presentes importantes, que nascem da parceria e tornam esse momento emblemático, talvez seja privilegiado”, disse Tarcísio, que fez agradecimentos diretos a Lula: “Muito obrigado pela parceria, presidente”, completou o chefe estadual, em referência ao acordo entre o governo federal e São Paulo para as obras do túnel que liga liga Santos ao Guarujá — o primeiro túnel imerso da América Latina.
Na sequência, foi a vez de Luiz Inácio proferir um longo discurso e exaltar o governador. Entre outras coisas, o presidente defendeu que há uma “normalidade” política no país que permite que eles atuem juntos em programas para o Estado e falou em restauração da governabilidade. “Esse ato representa que precisamos restaurar a governabilidade e restaurar a governabilidade representa respeitas as diferenças. (…) Democracia é respeito à diferença. Governei com Alckmin, governei com Serra e nunca, em nenhum momento, tratei São Paulo diferente porque não pertencia ao meu partido”, disparou Lula, que garantiu apoio ao Estado. “Tarcísio, você terá da Presidência tudo aquilo que for necessário, porque não estou beneficiando o governador, estou beneficiando o Estado mais importante da Federação”, exaltou. “Tudo que sou na vida devo a São Paulo e o governador merece ser tratado com respeito”, completou.
Como era esperado, Lula anunciou novos investimentos para a região, incluindo a criação de 12 institutos federais, e voltou a citar a aprovação da reforma tributária como exemplo do bom desempenho do ministro Fernando Haddad (PT) na Fazenda. Em outro momento, o mandatário classificou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que vai integrar as obras em Santos, como o “resultado da maturidade política”. “É resultado da construção coletiva de governadores, do governo federal que querem, pelo menos uma vez não estragar a oportunidade do Brasil se transformar em uma economia boa e próspera”, disse o presidente, voltando a se dirigir a Tarcísio: “Quero anunciar que estamos juntos. (…) Tenho que parabenizar e me preparar para derrotar você nas próximas eleições. Enquanto estivermos governando, vamos trabalhar. Da minha parte, não faltará um minuto de respeito por você. Eu e o Alckmin brigamos tanto e agora estamos como? Casadinhos”, concluiu, aos risos.
Apesar de serem adversários políticos, Lula e Tarcísio têm demonstrado aproximação pragmática em relação a projetos comuns para o Estado de São Paulo. O encontro desta sexta-feira foi a segunda reunião entre os líderes nesta semana. Tarcísio, que foi ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro, é apontado como possível candidato ao Planalto em 2026, mas nega essa possibilidade. Em meio ao discurso de Luiz Inácio, quando o presidente citou o período em que o governador integrou a gestão Dilma Rousseff, um dos presentes convidou – informalmente – o republicano a se integrar ao PT (Partido dos Trabalhadores): “Vem para o PT, Tarcísio”, gritou a voz, levando a risadas dos presentes, incluindo do próprio governador.