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‘Mais policiamento nas escolas é fundamental’, diz secretário da Educação do Pará sobre prevenção a atentados

Em virtude da onda recente de ataques a escolas no Brasil, o Ministério da Justiça lançou nesta terça-feira, 11, um edital de chamamento público para ampliar o programa de segurança nas escolas, a partir do investimento de R$ 150 milhões, com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). As secretarias de segurança das unidades da federação poderão apresentar projetos em seis diferentes áreas temáticas e com limite de R$ 1 milhão para municípios e R$ 3 milhões para Estados. Para comentar o tema, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o secretário de educação do Estado do Pará, Rossieli Soares, que destacou que o investimento em segurança é importante, mas não exclusivo. “Não pode ter uma bala de prata, somente uma coisa (…) Sim, ter mais policiamento nas escolas é fundamental. Tem um pessoal que fica dizendo: ‘Não é lugar de ter policial dentro da escola’. Tem que ter sim segurança pública”.

“A presença física de um agente de portaria, de um vigilante, pode sim auxiliar. Não é a solução única. Teve casos nos EUA que tinha segurança privada, ou da própria polícia, e mesmo assim tiveram casos (…) É importante que as ações olhem sim para o que está acontecendo de inteligência nas redes, na deepweb, que é aquilo que a gente não enxerga (…) Nós não estamos falando de responsabilização das famílias de forma suficiente. Tem que ter. Pai e mãe tem que ajudar a olhar a mochila, não adianta botar só na escola. O pátrio poder precisa ser exercido no Brasil. Não é possível que se coloque só a responsabilidade na escola. E sim um apoio psicossocial, desenvolver um currículo que trabalhe esses temas para evitar o bullying. Ou seja, é um conjunto de ações. Não adianta botar R$ 150 milhões para o Brasil inteiro fazer algumas ações pequenas. Seria muito mais importante pegar esse dinheiro e fortalecer a inteligência de investigação no Brasil, de acompanhamento, uma política de videomonitoramento (…) É necessário que a gente trabalhe em todos os aspectos para que se tenha uma solução”, argumentou.

O secretário, que já atuou nesta função em São Paulo e foi ministro da Educação no governo Temer, destacou que tais ataques são uma tendência mundial e fez um apelo por um esforço conjunto entre Governo Federal, Estados e municípios: “Esse problema tem piorado no mundo, não é um problema exclusivo do Brasil, importante destacar isso. Mas aqui no Brasil tem se acelerado muito, especialmente após a pandemia. Existe uma onda muito grande influenciada por inúmeros fatores. Bom a gente lembrar que um avião não cai por um fator, ele vai cair por uma série de problemas. Não existe uma solução única, mas é necessário que, tanto o Governo Federal, quanto os governos dos Estados e municípios, participem juntos da solução. E importante destacar que a família também. Não adianta só achar que esse é um problema da escola e a família não se envolver. Ou a gente se envolve como sociedade na solução desse problema, ou a gente não vai conseguir ter a solução para o que a gente precisa”.

“Nas outras vezes o que aconteceu foram casos mais isolados. É a primeira vez que a gente tem uma onda gigantesca, onde acontece um fato em um Estado e isso se espalhou em todo o Brasil. Obviamente a discussão tem ficado maior, nós discutimos muitos protocolos na época, no Estado de São Paulo (…) Qual o problema? Tem uma série de protocolos que tem que ser revistos (…) Em São Paulo, começamos a fazer o piloto e criamos um protocolo com a escola participando, professores participando e com a própria polícia participando. Fizemos protocolos de evacuação. Qual o modelo de evacuação? Precisamos amadurecer. É mais importante colocar inteligência. O Governo Federal deve liderar, junto com Estados e municípios, a construção de um protocolo mais substancial para o Brasil e para as nossas realidades. Ainda vejo os Estados cada um buscando as suas soluções, mas é necessário que nos próximos meses a gente encontre um protocolo mais próximo de uma linha geral”, declarou.

Por fim, Rossieli Soares abordou parte dos motivos que levam jovens a cometerem estes atentados e destacou que a cobertura da mídia tem que se adequar a essa tendência: “Infelizmente há uma cultura. É importante que a gente discuta inclusive a responsabilidade da imprensa e das redes sociais. A gente vê a forma de comunicação. Muitas vezes tem gente exaltando o que aconteceu um Columbine, há décadas atrás, lá na década de 90, por exemplo. Precisamos também dar um tratamento de responsabilidade como se faz com suicídio. Suicídio não se divulga. Existe um acordo mais ético das mídias, do que propriamente prescrito ou uma vedação, de não divulgar informações de suicídio para que isso não se transforme em uma onda e incentive aquela pessoa que, por ventura, está pensando. A mesma coisa também tem acontecido nitidamente (…) Mas essa não é a solução única, tem outros problemas, como o nível de depressão dos alunos e a volta das escolas, que ficaram muito tempo paradas”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

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