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Mais rápido que carro? Saiba como é o voo entre Salvador e Feira

Nem precisa perguntar lá no Posto Ipiranga, esse trajeto qualquer baiano sabe de cor: para chegar a Feira de Santana saindo de Salvador, e vice-versa, basta pegar a BR-324. Praticamente monopolizando a rota entre as duas principais cidades baianas desde os anos 1940, quando foi construída, a tradicional estrada passou a enfrentar no início deste mês uma concorrência aérea que é materializada num voo que liga as duas metrópoles. Inaugurado no último dia 4, o voo, operado pela VoePass em parceria com a Latam, é feito duas vezes por semana, às terças e quintas. O que era para ser uma mera rota, no entanto, transformou-se em discussão, meme e até piada nas redes sociais, com muitos questionando à viabilidade e à necessidade de um voo para cobrir uma distância pequena, de apenas 100 quilômetros, aproximadamente, que é percorrida em cerca de uma hora e meia de ônibus. De avião dura apenas 20 minutos entre pouso e decolagem. Mas ao contabilizar deslocamento até um aeroporto e saída do outro (distante do centro em ambas as cidades), tempo de antecedência para entrar na aeronave e até o taxiamento na pista, o tempo de viagem equivale e até pode superar, em alguns casos, o cronometrado pelo concorrente viário. O tempo, contudo, não é o único quesito que importa na hora de escolher o meio de transporte da viagem. Para avaliar a experiência aérea, a reportagem embarcou na última terça-feira, dia 11, no voo 2Z2274, que conecta Salvador a Feira de Santana. Por ser uma parceria – ou codeshare, na linguagem da aviação – entre Latam e Passaredo, o momento pré-embarque é um pouco confuso. As passagens são vendidas exclusivamente pela Latam, mas o avião usado é um ATR-72 da VoePass. Por isso, o check-in deve ser feito pelo site ou no balcão da antiga Passaredo. O site da VoePass é esteticamente “primitivo”, além de ter poucas funcionalidades. Todavia, o check-in foi feito sem maiores dificuldades. No aeroporto também não havia filas para o balcão da companhia. Neste voo, o embarque é remoto – um ônibus leva o passageiro até o avião. A aeronave estava estacionada próxima ao terminal de cargas do aeroporto de Salvador, relativamente distante do pátio onde os aviões da Gol, Latam e Azul ficam. O ATR-72 utilizado na rota é um turboélice com capacidade para 68 passageiros distribuídos em 17 fileiras de quatro assentos, dois de cada lado do corredor. O voo em direção a Feira de Santana tinha cerca de 15 passageiros; já a volta estava consideravelmente mais cheia, embora ainda com muitos espaços vazios. Uma tendência se repetiu em ambos os trechos: os ocupantes usando celulares e câmeras para registrar todos os detalhes como se o trajeto fosse mais importante que o destino final. A decolagem estava prevista para as 9h, mas ocorreu com um pequeno atraso de 11 minutos. O voo é tão curto que os procedimentos de subida e descida são praticamente consecutivos. O piloto nem conseguiu falar o tradicional “tripulação, dez mil pés” antes de anunciar que já estávamos próximos ao pouso. As comissárias, aliás, só conseguiram se levantar por um minuto, tempo que usaram para conferir se todos os assentos estavam na “posição vertical”. A baixa altitude, no entanto, transforma esse voo num espetáculo visual. Além de uma bela vista da Baía de Todos os Santos, é possível observar os carros trafegando a “apenas” 100 km/h na BR-324 enquanto o avião chega próximo aos 500 km/h. Por ser menor que jatos como o Airbus A320 e Boeing 737, os mais utilizados no mundo, o ATR é mais impactado por rajadas de vento e diferenças de pressão no ar – ou seja: balança mais. A turbulência, sentida ainda mais forte durante o pouso, pode ser um problema para os passageiros com estômagos mais sensíveis, que podem recorrer aos saquinhos de enjoo estrategicamente posicionados nos bolsos à frente do assento. Após o pouso, um chocolate foi entregue aos clientes no momento do desembarque para “compensar” a falta de serviço de bordo. A Princesa do Sertão sofre com a falta de conectividade com a malha aérea – além da rota até Salvador, há apenas uma outra, da Azul, indo até Recife. Por isso, o objetivo principal deste voo entre as metrópoles baianas é facilitar a vida dos feirenses que agora podem fazer uma conexão em Salvador e seguir até o destino final, sem a necessidade de pegar um carro ou ônibus e cruzar a BR-324 para finalmente chegar a um aeroporto. Apesar disso, aparentemente a maioria dos passageiros a bordo tinha como destino inicial Salvador e parada final Feira de Santana ou vice-versa. O médico soteropolitano Júlio Sampaio está acostumado a fazer esse bate-volta e aprovou a novidade. “De ônibus eu levo quase duas horas, com essa estrada esburacada e insegura. De avião foi bem mais rápido e confortável. A diferença de preço também é pequena: o ônibus custa quase R$ 70 enquanto o avião é um pouco mais de R$ 100, com a possibilidade de parcelar de até 12 vezes”, explica. O baixo custo da passagem também permite a realização de sonhos. O autônomo José Almir Fernandes, 66, nunca tinha voado de avião na vida e aproveitou a rota para viver a experiência. “Meu filho me chamou para dar um passeio e eu fui para conhecer e gostei bastante. Ir de avião para Feira é bem melhor. Rápido e confortável”, comemora.

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