InícioEditorialEntretenimento“Marketing de promessas morrerá”, afirma especialista no Fire Festival

“Marketing de promessas morrerá”, afirma especialista no Fire Festival

Belo Horizonte (MG) — O cérebro não é programado para comprar e, por isso, quando as pessoas veem uma propaganda “compre esse produto X ou Y”, a cabeça logo cria um bloqueio. Diante disso, as marcas entenderam que devem investir em algo que não foque diretamente na venda, o que possibilita mais chances de apresentar os propósitos e valores da empresa.

Esses foram alguns dos assuntos debatidos nesta quinta-feira (24/8) durante o Fire Festival 2023, evento voltado para as áreas de marketing digital, tecnologia, inovação e empreendedorismo, que ocorre em Belo Horizonte até este sábado (26/8), e no qual o Metrópoles está presente para cobrir os principais cases que permeiam os setores.       

Promovido pela Hotmart, empresa de tecnologia e creator economy, o evento reúne no Expominas mais de 8 mil participantes de 26 países, que debaterão sobre os principais cases de empreendedorismo, inovação, criação de conteúdo, comunicação em diferentes plataformas e as principais tendências do mercado digital em seis palcos simultâneos.

No início do evento, Leandro Ladeira, CMO da We do Care – holding de empresas especializada em lançamento de infoprodutos e produtos físicos -, trouxe algumas discussões importantes sobre o futuro do marketing.

Ele afirmou que, ao longo do tempo, o marketing de promessas morrerá, uma vez que parece muito com propaganda, é contestável, não chama a atenção, não envolve e o lead fica mais caro.

“Isso porque quando uma marca fala para o consumidor que ele pode emagrecer 10 kg em sete semanas, isso passa a imagem de não levar o problema à sério”, exemplificou ele, observando que o mundo do marketing viciou-se muito em tráfego e retorno rápido, mas se esqueceu de comunicar, que é mais importante do que vender.

“Já o marketing de premissa não parece uma propaganda, o lead é mais barato, chama atenção, envolve, é digerível, melhora a marca e gera admiração. Desenvolver um Branded Content é uma consequência disso”, acrescentou.

Segundo o executivo, para vender um produto ou serviço sem prometer algo, é necessário abolir o imperativo. “Isso significa que você não pode enfiar uma verdade no cliente. Fazendo isso, o cérebro vai procurar coisas das quais não procuraria normalmente. De certa forma, se você ‘não enfiar uma verdade’ vai despertar mais curiosidade sobre uma marca, por exemplo.”

Creator economy Entre os destaques de hoje, a ex-participante do BBB20, empresária, youtuber, influenciadora digital, atriz e apresentadora, Bianca Andrade, mais conhecida como Boca Rosa, explicou um pouco mais sobre a marca dela. Segundo a CEO da Boca Rosa Company, houve um amadurecimento no mercado como um todo, pois, quando começou a empreender há doze anos, “tudo era mato”.

“As pessoas entendem que sou uma das percursoras da creator economy. Realmente há 12 anos não tinha um momento como esse aqui hoje em que eu poderia falar das minhas estratégias e do meu trabalho. Desde o início, quando criei o meu canal no YouTube, não coloquei meu nome pessoal, pois eu já imaginava que uma marca poderia surgir a partir dali”, relembrou.

Boca Rosa também enfatizou que é muito melhor uma marca humanizar o conteúdo se posicionando. “Tente sempre raciocinar como lidar com falhas nas redes sociais, pois é justamente com isso que as marcas se tornarão cada vez mais fortes.”

Entrevistada por Nathália Cavalieri, general manager da Hotmart, Boca Rosa ponderou sobre o quanto os negócios são afetados pela figura pública. “Minha marca precisa ser independente, pois se acontece uma polêmica ou me cancelam, como vou lidar com tudo isso? Com isso, fui cancelada, mas como fiz um trabalho bem feito com minha marca, percebi que as pessoas conseguem diferenciar a Bianca Andrade da Boca Rosa”, avaliou.

Boca Rosa enfatizou que é muito melhor uma marca humanizar o conteúdo se posicionando Marca forte Outro destaque desta quinta-feira, a cantora Iza, que é compositora, apresentadora, publicitária, dubladora e diretora criativa, também palestrou sobre empreendedorismo. O bate-papo foi conduzido pela jornalista Aline Aguiar.

Iza começou contando como construiu uma marca forte. “Todas as vezes que tem um evento com entrevistas como esta eu me pergunto ‘o que eu estou indo fazer lá’? Mas, quando entendi que eu tinha o microfone como instrumento, entendi que precisava potencializar tudo aquilo que importava. Era a Iza como marca ali.”

Formada em Publicidade, Iza lembrou que, quando fazia faculdade, aprendeu a importância dos pilares de uma marca. “É basicamente olhar para seu produto e saber exatamente onde ele se encaixa. É necessário saber quem você é para se colocar no mercado.”

Em seguida, a jornalista Aline Aguiar perguntou como a cantora assegura que marca e imagem estejam alinhadas aos valores dela. “Acho que o único modo que enxergo é que o meu trabalho não seja só agora. Mas para vida toda. Sempre me preocupo em fazer aquilo que é de verdade e, no caso, a minha marca sou eu”, pontuou.

Outro assunto abordado foi a questão da responsabilidade dela com outros que não tiveram a mesma oportunidade. “Da mesma forma que tento entender que tudo isso é um presente, porque me traz muita coisa boa, preciso entender que tudo isso tem impacto na vida das pessoas que me acompanham. Por mais que eu tenha que abraçar a representatividade, preciso também me entender como indivíduo errante”, frisou a cantora.

“É necessário saber quem você é para se colocar no mercado”, afirmou Iza Economia criativa Kim Farrell, diretora-geral de Operações e Marketing do TikTok na América Latina, também foi destaque no primeiro dia do Fire Festival palestrando sobre o tema TikTok: encontro de comunidade, criatividade e cultura.

“Hoje vivemos na era da participação. Antigamente, todo esse mundo de conteúdo era transmitido pela TV, uma via de mão única, pois o conteúdo chegava apenas por um canal, em um único horário. Você não podia interagir de volta com uma marca ou celebridade. Hoje, todo mundo pode participar desse ecossistema”, garantiu a executiva.

Com conteúdo produzido 100% por pessoas, o TikTok possui mais de 1 bilhão de usuários. É justamente aqui que entra a economia desses criadores de conteúdo. De acordo com Kim Farrell, existem mais de 300 milhões de pessoas que são criadoras de conteúdo e que usam, em média, três plataformas para construir a audiência.

Kim também explicou que o boom da economia criativa gira em torno da busca de autenticidade diversa e inclusiva. “Quando começou a economia criativa, era muito restrito para pessoas que tinham equipe para editar ou criar. Era necessário ter um time e equipamentos. Hoje em dia o celular que você tem na sua mão é mais poderoso que um super computador dos anos 80”, ressaltou.

Kim também explicou que o boom da economia criativa gira em torno da busca de autenticidade diversa e inclusiva

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