O Ba-Vi de domingo será decidido pelo massagista. Isso mesmo! O time capaz de recuperar a relevância da massagem para melhorar o desempenho vencerá o clássico.
O massagista já foi tão importante para o ‘fútil-bol’ (bj, Eliane) a ponto de sair necessariamente no pôster dos times campeões. Na melhor seleção do mundo, eram dois, Nocaute Jack e Mário Américo!
Epa Babá, tem algo aqui para ser investigado pois sabemos ter perdido prestígio este profissional das mãos mágicas, enquanto os empresários passaram a ocupar uma posição central na estrutura do desporto enquanto mercadoria.
Aposto com quem quiser: quem oferecer aos jogadores as melhores massagens, leva o Ba-Vi domingo porque o time vencedor estará em condições de suportar o corre dos 90 minutos mais acréscimos.
Minha hipótese é a de termos errado ao reduzir a presença dos massagistas nos cuidados com os times, pois o corpo do jogador hoje vive açoitado no pelourinho, em curtos períodos, correndo não importa para quê, nem como, mas correndo.
Meu amigo-irmão e grande editor de esporte, Roque Mendes, me contou como está a situação. Os clubes levam para o banco o fisioterapeuta. Tuca, nosso titular no Vitória, fica só no vestiário, nem subir, ele sobe para “ver” o jogo.
A tecnologia venceu. Bota de compressão pneumática, crioterapia e outros bichos tomaram o lugar do momento ‘riléx’, o bate-papo com o amigo a quem se confiava os ‘pobrema’, um bom divã, com a escuta do ser humano jogador.
Ficaram no século XX os exemplos de dedicação e amor aos times: Manoel Grosso, meu vizinho na Saúde, e Gaguinho eram decisivos para o Vitória, enquanto o Bahia teve Jones, Pedrinho, Alemão… cada figura, grandes baianos!
Além de bons amigos dos jogadores, eram dedicados macumbeiros, e também pombos-correio, levando e trazendo recados do treinador para o jogador, e de lá para cá, quando ainda não se tinha a área reservada e o técnico ficava no banco.
A força hoje é a condição para jogar bola, sai um, entra outro, não se vê melhora nem piora, trocando de lugar lutadores e artistas; combatentes e joalheiros, mais vale um terceiro Reich e menos os ateliês de quem fazia dos pés, o pincel.
Fora a discussão interminável sobre o duelo metodológico, ético, estético e fenomenológico, se arte ou força, manda a prudência voltar a dar valor aos massagistas – e às massagistas, abrindo às contribuições milenares das sábias.
O corpo é o equipamento do jogador, e o massagista precisa reocupar sua posição, pois suas mãos besuntadas de tudo quanto é óleo aliviam a carne, o músculo, a veia e até a alma, se existir alma, nos atletas de pentatlo.
Certamente com muita massagem e menos atletismo, um jogador não desabaria, após marcar o gol de seu time, e não haveria tanta inconstância na produção do time, subitamente boiado no início do segundo tempo.
Talvez seja impossível resgatar o perfil de nosso bons anjos dos vestiários, mas fica a dica para os treinadores, dirigentes e os chefes empresários: se querem vencer, encher o bolso e fazer sucesso, invistam nos massagistas.
Malhar demais tem feito o jogador esquecer da sua devoção: amar a bola acima de tudo. Queremos escravos para cortar cana ou talentos para cuidar bem da gorda? Veremos no Ba-Vi.
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade