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Médicos alertam para aumento de casos de hepatite na Bahia

A hepatite é uma doença silenciosa, mas pode ser evitada e tem cura para alguns dos tipos de vírus. Sem o tratamento adequado, no entanto, pode matar. Este mês acontece o Julho Amarelo, período em que especialistas do Brasil inteiro reforçam a campanha de conscientização do Ministério da Saúde sobre as hepatites virais. Na Bahia, no ano passado foram 1.163 notificações. No ano anterior, 1.055; e, em 2020, 866. Entre 2020 e 2022, os registros da doença cresceram 34,2%, mas há muita subnotificação. Maria*, 62 anos, está fazendo tratamento para hepatite B no Hospital Geral Roberto Santos. Ela estava em Portugal quando começou a sentir fraqueza, falta de apetite e percebeu que a urina estava ficando escura. Um amigo médico, no Brasil, perguntou se os olhos dela estavam amarelados. “Eu respondi que não, mas depois percebi que estavam de fato ficando amarelados. Ele disse que poderia ser hepatite, meu filho conseguiu a passagem de volta às pressas e quando fiz os exames confirmou. Todas as minhas taxas estavam muito elevadas. Estou internada há oito dias e fazendo o tratamento com medicação”, contou. Na Bahia a maior concentração de casos de hepatite B foi no sexo feminino (52,6%) e a faixa etária mais acometida foi a população adulta de 30 a 39 anos (28,5%). Em relação ao vírus C a maior ocorrência foi no sexo masculino (57,5%) e a faixa etária de 50 a 59 anos (33,1%). Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 331 casos este ano, com 13 mortes. No ano passado inteiro foram 636 ocorrências, com 30 óbitos. Neste ano, a campanha da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) usa o slogan ‘De Julho a Julho Amarelo. A cura começa com o teste!’. A cor é uma referência aos olhos e a pele dos pacientes, e o objetivo é conscientizar e incentivar o teste e a busca pela vacina e pelo tratamento. O presidente da Associação Baiana de Epidemiologia e Controle de Infecções (Abeci) e professor de infectologia na Faculdade Unex Itabuna, Fernando Romero, explica que as hepatites são um quadro inflamatório no fígado, podendo provocar alterações leves, moderadas ou graves, e que o mais comum no Brasil são os tipos A, B e C. “As hepatites podem ser silenciosas, ou seja, ter a infecção sem manifestar sintomas. Uma parcela menor de pessoas pode ter cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Os tipos B e C, podem evoluir para hepatite crônica, o diagnóstico e o tratamento tardio podem levar a cirrose e inclusive hepatocarcinoma [câncer]”, afirma. A forma mais eficiente de proteção é a vacinação, disponível nos postos de saúde para os tipos A e B. A médica hepatologista do Hospital Geral Roberto Santos e do Hospital Santa Izabel, Aloma Campeche, explica que existe um teste rápido para detecção de hepatites disponível nos postos de saúde. O tipo C é a mais comum no Brasil e o mais perigoso. “Em 80% dos casos o vírus C se torna crônico e ele também é responsável por 70% das mortes atribuídas à hepatite, enquanto no tipo B apenas 10% dos pacientes cronificam. O tipo C tem cura em mais de 95% dos casos e o tratamento dura cerca de 3 meses. No tipo B não há cura, mas o controle da doença. Já no tipo A não há fase crônica e nem tratamento específico, a doença cura naturalmente”, explica. Exames de sangue conseguem identificar se o paciente já tem no organismo a proteção contra o vírus da hepatite, o que ajuda quem não tem certeza se já tomou a vacina. A transmissão mais comum para o tipo C é através de contato com sangue contaminado, como compartilhamento de agulhas, lâminas, alicates e transfusões. No tipo B, as relações sexuais sem proteção dominam. Já no tipo A é o contato com fezes, água e alimentos contaminados. A médica frisou que entre 2018 e 2019 a Bahia viveu um pico de infecções por hepatite, o que pode estar relacionado com o aumento de testagens, e que os números caíram em 2020 e 2021 em função da pandemia. “Como o número de pessoas fazendo teste diminuiu por conta da covid, a quantidade de registros de casos foi menor, mas estamos percebendo um novo aumento. Essa é uma doença silenciosa e que pode matar, não espere, faça o teste e tome a vacina”, orienta. Em Salvador, a SMS informou que as 160 salas de vacinação da rede disponibilizam a vacinação para hepatite B para todas as faixas etárias. Já a de hepatite A está no calendário aos 15 meses, mas pode ser feita até 4 anos 11 meses e 29 dias (não vacinados) e grupos especiais conforme definido pelo Ministério da Saúde. É preciso apresentar documento de identificação com foto, cartão SUS e cartão de vacinação. As Unidades de saúde estão ofertando testagem rápida e distribuindo material informativo. Será feita a iluminação cênica na cor amarela nos monumentos e edifícios públicos como Farol da Barra, Praça da Sé, Elevador Lacerda, Viaduto Governador Eduardo Campos (Imbuí) e o complexo de viadutos João Gilberto (Complexo de viadutos do BRT no bairro do Itaigara) como um sinal de alerta. Hepatite A – A transmissão é fecal-oral (contato de fezes com a boca), alimentos ou água contaminados, por isso, a doença está relacionada a baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal. Os sintomas são fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, urina escura, pele e os olhos amarelados. Não há tratamento específico. A prevenção é a vacina e cuidados com a higiene. Hepatite B – A transmissão mais comum é através do sexo. Na maioria dos casos não apresenta sintomas e muitas vezes a doença é diagnosticada décadas após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado. O diagnóstico é através de teste laboratorial ou teste rápido. Não tem cura, e o tratamento é através de medicamentos antivirais disponíveis no SUS. A prevenção é a vacina e o uso de preservativo. Hepatite C – É a mais comum e a mais perigosa, porque em 80% dos casos ela torna-se crônica. A transmissão acontece através do contato com sangue contaminado por meio de transfusões e compartilhamento de objetos pessoais. O surgimento de sintomas é raro. O diagnóstico é por teste rápido e exame de sangue. Não existe vacina. A prevenção é não compartilhar objetos pessoais. O tratamento é feito com antivirais disponíveis no SUS, com taxas de cura de mais 95%, durante cerca de 3 meses. Hepatite D – É considerada a forma mais grave de hepatite viral crônica, com progressão mais rápida para cirrose e um risco aumentado para descompensação, CHC e morte. É mais comum na região Norte. A transmissão é pelo contato com o sangue contaminado e pode não apresentar sintomas. Não tem cura. Hepatite E – O vírus causa doença aguda de curta duração e auto-limitada. Na maioria dos casos é de caráter benigno. A forma de transmissão e os sintomas são similares ao da hepatite A, e ela também não tem tratamento específico. O vírus é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. *Usamos nome fictício para proteger a identidade da paciente

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