Foto: Geraldo Magela/Arquivo/Agência Senado
Luiz Marinho 28 de março de 2024 | 10:55
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, confirmou presença em um evento que marca 60 anos do golpe militar de 1964, mesmo após orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo não participe de eventos alusivos à data.
Apesar de pressionado por sua base de esquerda, Lula desautorizou ações do governo que relembrem a data para evitar atritos com as Forças Armadas. A agenda foi confirmada ao Estadão pela assessoria do ministro, que preferiu não comentar se a presença pode causar atrito com o presidente.
O evento será na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), cidade que Marinho governou entre 2009 e 2016. O ministro também é ex-presidente do Sindicato, cargo que ocupou de 1996 a 2003.
A Associação Heinrich Plagge, que reúne trabalhadores brasileiros da Volkswagen vítimas de perseguição política na empresa durante o regime, também organiza o evento, que ocorre no próximo dia 4 e terá o lançamento de um livro que narra a opressão e prisão de operários no período da ditadura.
No final de fevereiro, Lula afirmou que não quer ficar “remoendo o passado” e que está mais preocupado com os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado do que com o golpe de 1964. O presidente espera que tanto militares da ativa como seus auxiliares civis deixem de falar do golpe militar para não acirrar ainda mais os ânimos entre a gestão petista e as Forças Armadas.
Outro ministro do petista, Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, já tinha programado um ato no dia 1º de abril, mas, a pedido de Lula, desfez os preparativos do evento que aconteceria no Museu Nacional da República.
Almeida é um dos principais defensores da recriação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), que desde 1995 reconhece vítimas da ditadura e despacha sobre pedidos de indenização de familiares. O colegiado foi extinto no final do governo Jair Bolsonaro (PL), a 15 dias do ex-presidente deixar o Palácio do Planalto.
Karina Ferreira/Estadão Conteúdo