Os dois anos de uma espera cheia de saudade ficaram para trás na tarde deste sábado (28), quando os portões do Festival de Verão 2023 deram passagem a milhares de pessoas que marcaram presença no primeiro dia do retorno da festa. Às 15h50, a multidão que aguardava do lado externo do Parque de Exposições fez coro para entrar. Dois minutos depois, o pedido foi atendido e, com o caminho livre para o público, a mistura entrou oficialmente em vigor.
Primeira atração a se apresentar no festival, a banda Quabales entrou no palco por volta das 16h. Natural do Nordeste de Amaralina, o grupo surgiu dentro do projeto socioeducativo que leva o mesmo nome da banda, fundado pelo multi-instrumentista e produtor cultural Marivaldo dos Santos. Os sons dos tambores do grupo, no entanto, conquistaram outros bairros de Salvador e, nesta tarde, contagiaram o Palco Ponte. O show contou com malabarismo de instrumentos e o ritmo da percussão típica da banda.
Na plateia, a estudante Carolina Pereira, 22, dançava ao som de Quabales mesmo sem nunca ter ouvido falar da banda. Natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a jovem veio a Salvador apenas para curtir as atrações do Festival de Verão e se mostrou animada. “Estou adorando. Quero aproveitar a noite inteira e só sair daqui quando os portões fecharem”, afirmou.
Por volta de 16h20, Quabales saiu do palco. Ainda em êxtase, Marivaldo dos Santos avaliou positivamente a experiência de abrir um festival tão popular. “Foi emocionante. Nós estamos muito gratos, muito felizes de nos apresentarmos, abrindo os caminhos do Festival de Verão”, comemorou.
Sem demora, após curtir os tambores e percussões do Quabales, foi a vez do público se animar com o rap. Estreante no Festival de Verão, o cantor Filipe Ret comandou o Palco Cais a partir das 16h25, mobilizando uma multidão ao trazer sucessos do seu álbum Lume, vencedor na categoria “Álbum do Ano”, do Prêmio Multishow 2022.
Vindo do município de Pindobaçu, localizado no Centro Norte da Bahia, o funcionário público Sandoval Dozinho, 29, não conteve as lágrimas ao ver de perto o seu ídolo no palco. Fã de Ret, Sandoval disse estar realizando um sonho. Assim como ele, a fã e estudante Juliana Reis, de apenas 12 anos de idade, estava assistindo o show do rapper pela primeira vez. Sabendo todas as letras de cor, ela não escondeu sua preferência. “Por mim poderia ser Ret o dia todo. A música dele é uma arte que nenhum artista faz igual”, exaltou.
Para a tristeza de Juliana Reis, Ret não pôde ficar no palco por mais de uma hora. Contudo, no tempo em que permaneceu lá, o cantor agitou o público, cantando as músicas mais conhecidas do seu repertório, dentre elas a canção Me Sinto Abençoado, parceria do artista com o funkeiro MC Poze do Rodo. O show ainda teve como convidado o rapper Caio Lucas, que dividiu o palco com Ret na reta final do show.
Ao final da apresentação, Filipe Ret destacou a recepção do público, afirmando se sentir o sujeito abençoado da sua própria música ao lidar com o carinho da plateia. “Foi maravilhoso aqui. O clima foi sensacional quando a gente entrou no palco. Bahia e Rio de Janeiro são os dois lugares onde mais sou escutado, então é sempre especial estar aqui”, revelou.
Depois da estreia no Festival de Verão, o rapper anunciou que ficará um tempo sem vir a Salvador. Sem agenda na capital baiana, Filipe Ret irá participar do Carnaval do Rio de Janeiro em fevereiro.
Além da música
Para fazer jus ao nome, o Festival de Verão não reuniu somente atrações musicais, como também proporcionou ao público presente no Parque de Exposição a experiências em diversos atrativos, como feiras e stands de artesanato, arena eletrônica, karaokê e espaços sustentáveis.
Com 16 metros de altura, a Roda Gigante foi um dos maiores interesses do público no festival, especialmente para quem adora uma adrenalina e quis curtir os shows com a visão privilegiada no Parque de Exposições. A professora Aline Correia, 22, que aguardava na fila, afirmou ser uma dessas pessoas. “Estou na expectativa de dar uma voltinha na Roda Gigante porque quero ver o show de Djonga nas alturas. Amanhã, inclusive, vou voltar, chegar cedo e evitar fila”, disse.
Na espera pelo show de Orochi, o assistente administrativo Edgar Alexandre, 23, acabou perdendo a entrada do artista no palco porque estava na fila da atração há 30 minutos. Apesar de lamentar, em nenhum momento ele quis abandonar sua missão de ir na Roda Gigante. “Eu já estou aqui, estou me tremendo um monte por causa da altura, mas quero curtir as atrações lá em cima”, alegou, decidido.
Já no Coke Studio, a eletroarena da Coca-Cola, quem passava no fim da tarde deste sábado pôde curtir Laarapio e Noize Men, artistas que trouxeram os ritmos eletrônicos das suas cabines de mixagem para a área verde do Parque. As atrações ainda tiveram performers para animar e atrair aqueles que buscavam ritmos alternativos aos tocados nos palcos principais.
Eclética, a estudante de Psicologia, Yasmin Daltro, 24, adorou quando notou a mistura de ritmos. “Eu achei incrível. Primeiro eu passei pelo palco da Devassa e estava tocando É o Tchan, achei maravilhoso, rebolei e daí vi esse lugar e já quis vir aqui. Achei maravilhoso, estou apaixonada por esse evento”, vibrou.
Nos stands de artesanato, a pequena barraca da Stylo Acessórios, marca do proprietário Fábio Almeida, estava fazendo sucesso entre o público do festival. Com mais de 20 compradores em pouco mais de duas horas e meia de evento, Fábio ressaltou a importância da visibilidade dada aos artesãos e empreendedores. “Já estou começando a sentir o movimento e está muito bom. É uma oportunidade do público conhecer minha marca, que é baiana e tem tudo a ver com festa”, apontou.
*Com orientação do repórter Gabriel Moura