O Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, instaurou nesta terça-feira, 24, um procedimento investigatório criminal para apurar ‘eventuais violações e as responsabilidades’ de agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal durante operação conjunta com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM), na Vila Cruzeiro, na Penha, na zona norte do Rio, que deixou 21 mortos.
“Em 11 de fevereiro deste ano, no mesmo lugar, houve oito vítimas fatais em outra operação com participação da PRF”, lembrou o procurador Eduardo Benones, titular do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial no Rio de Janeiro.
“O Brasil é signatário de tratados e acordos internacionais que nos obrigam a investigar e punir violações de direitos humanos. E 21 mortos, até agora, menos de 3 meses depois (da outra operação), não podem ser investigados como se fossem simples saldo de operações policiais”, seguiu.
A Procuradoria informou que, antes da deflagração da operação, recebeu um ofício da PRF dando ciência de que seria realizada ação para cumprimento de mandados de prisão.
O Ministério Público Federal requereu aos chefes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal informações sobre o efetivo que participou da operação, com dados sobre qualificação completa dos agentes e cópia de suas fichas funcionais.
Além disso, a Procuradoria quer acesso ao relatório final da operação, a informações detalhadas sobre o cumprimento dos mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Criminal da Regional Madureira, a dados sobre o local da realização do briefing da ofensiva e cópia da ordem de serviço relacionada à ação policial
Representantes da Ouvidoria e do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio estiveram na Vila Cruzeiro orientando moradores. Eles relataram ter recebido pedidos de socorro de moradores da comunidade desde o início da manhã, que informavam sobre a operação policial. “Junto com as informações, os moradores pediam socorro, relatavam desespero, angústia e muito medo”, informou a Defensoria em nota. “Escolas, aparelhos públicos em geral e o comércio local estão fechados”.
COM A PALAVRA, A PF E A PRF
Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com as corporações, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.