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‘Não há radicalismo, nos importa atender a população’, diz secretário de SP sobre diálogo com a União

Guilherme Afif Domingos, secretário Especial de Projetos Estratégicos do governo de São Paulo, concedeu entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta quinta-feira, 5, para falar sobre as principais propostas da pasta, a possibilidade de privatizações, como a do Porto de Santos e da Sabesp, além de projetos como a mudança de localização da sede do governo estadual. Afif defendeu o diálogo com o governo federal, independente de posições políticas, e o aumento das parcerias público-privadas. “Não existe coisa mais parecida com o governo do que oposição no governo. Todos são governo. Tem o governo da União e o governo de São Paulo, que têm que dialogar. Vai ter que conversar. Aqui não tem radicalismo de posição, o que nos importa é atender a necessidade da população e ajudar o nosso país”, disse o secretário.

Questionado sobre a privatização do Porto de Santos, que vinha sendo tocada pelo então ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas no governo Bolsonaro, ele explicou que o agora governador vai tentar negociar a manutenção do projeto com a equipe de Lula na nova gestão. Ainda segundo o secretário, as resistências a privatizações são de pessoas que desejam manter o controle do Estado. “São os interesses da manutenção do controle do porto de Santos na mão do Estado. Na verdade, a autoridade portuária continua com o Estado, a operação do porto com seus respectivos investimentos pode atrair mais de R$ 20 bilhões para investimento na Baixada Santista. Muita coisa de infraestrutura não sairia dos cofres do Estado, mas da engenhosidade com que se faria o processo da privatização da operação do porto de Santos. Há uma série de benefícios que esses investimentos trariam, mas a turma está acostumada a achar que o Estado, a viúva, tem o dinheiro suficiente para bancar tudo isso. E, hoje, o dinheiro do Estado tem que estar voltado para as ações sociais. Aquilo que a iniciativa privada puder fazer e atrair investimentos, nós temos que fazer. O governador Tarcísio deve ter um contato com o presidente Lula para conversar a respeito disso. Eu acho que é óbvio. As pessoas inteligentes são dóceis diante das evidências. E nós temos uma evidência muito importante”, pontuou. “Aqui em São Paulo, a prioridade do governador Tarcísio é a desburocratização, digitalização da economia paulista. Deixamos o governo federal em segundo lugar do mundo de governo digital, e nós vamos ter que repetir isso aqui em São Paulo, enfrentando todas as resistências que já conhecemos, mas que vão ficar para trás porque há um sinal de novo tempo”.

Além do Porto de Santos, o secretário explicou que a nova gestão de São Paulo dará prioridade a privatizações em tudo o que for possível. “Tudo o que puder ter parceria público-privada, nós vamos buscar, porque o modelo de desenvolvimento não é mais aquele do investimento dependente do orçamento do Estado. O orçamento está cada dia mais comprometido com educação, com saúde, com justiça, segurança, áreas indelegáveis. Pode ter uma parceria aqui ou ali, mas essa é a função do Estado. E que acaba consumindo o seu orçamento. Já o investimento em infraestrutura tem que ser feito com capital privado, que foi o que o Guedes fez nesse governo que passou. Ele, Tarcísio e toda a equipe competente da estrutura de governo, essa equipe conseguiu comprometer R$ 800 bilhões de investimento nos próximos 10 anos. Isso já está contratado. A reação do emprego já é por conta daquilo que já foi contratado. E o que nós queremos é atrair mais capitais em termo de infraestrutura”, disse o secretário. Segundo Afif, o governador Tarcísio de Freitas vai viajar para Davos, para participar do fórum de economia internacional com a intenção de apresentar o Estado de São Paulo para investidores: “Isso é modernidade em termos de governança”.

Afif defendeu também que a privatização não deve ser vista como o objetivo final, mas sim como meio a atingi-los, dando o exemplo da antecipação do saneamento básico de 100% do Estado no caso da privatização da Sabesp. “Privatização é meio. O que importa é o fim. E a finalidade é antecipar o plano do saneamento, que está previsto, de acordo com as regras que foram traçadas, para 2033, nós queremos antecipar isso para 2027. Para ter 100% do esgoto, 100% do tratamento de água. E isso significa saúde para a população. O maior problema de saúde, sem dúvida, é o problema de saneamento, principalmente das camadas mais pobres. Então essa discussão está em termos do meio: qual o meio mais eficiente para atingir esse objetivo. A privatização pode injetar uma quantia enorme de recursos para apressar o processo de instalação sanitário. A prioridade é essa: melhorar as condições de saúde do povo com o saneamento”, defendeu Afif.

O secretário ainda citou outras questões que poderão ser melhoradas no Estado a partir de privatizações, como a mudança da sede do governo para o centro da capital paulista, com a geração de novos negócios, aumento da segurança e revitalização do Palácio dos Campos Elísios, que poderia funcionar como residência oficial do chefe do Executivo. “Nós temos nas nossas cidades um flagelo, as pessoas nas ruas, em todo o Estado de São Paulo. As principais praças hoje estão ocupadas por uma população sem teto, sob o domínio da droga, uma parte dela. Hoje mesmo vamos ter uma reunião no Palácio com a prefeitura de São Paulo para darmos início a esse processo de acolhimento dessa multidão e, ao mesmo tempo, da ocupação do centro por parte do governo do Estado. É o projeto de reocupar o centro, principalmente onde é a Cracolândia hoje, transferindo a base administrativa do Estado para aquele local para aumentar a eficiência e fazer a ocupação do Estado do nosso centro da cidade, que tanto se fala e pouco se fez por ele. Essa é a grande prioridade do governo. Para isso, é preciso partir para as parcerias público-privadas, tudo é atração de investimento dentro do conceito de privatização”, disse.

Segundo o secretário, no primeiro semestre de 2023, o governo deverá fazer e entregar todos os estudos de viabilidade de seus projetos. “O conceito é que se pegue a Praça Princesa Isabel, que foi palco há até pouco tempo dessa batalha em termos da ocupação da praça, inclusive com a polícia, colocação de grades. Quando se começa a colocar grades nas praças, que são públicas, as coisas não estão andando direito. A ocupação se daria no entorno da Praça Princesa Isabel, com a construção de modernos edifícios, onde seria abrigada toda a atividade de secretarias e de autarquias, todas em um mesmo lugar, o que aumentaria muito a eficácia da administração. Hoje, para um secretaria despachar com o governador no Morumbi, ele estando no centro da cidade, é uma hora para ir e uma hora para voltar. Quase que se perder o dia para um despacho, fora automóvel, fora os gastos. Então, ter um centro administrativo, com o gabinete de despacho do governador e toda a sua estrutura, em um lugar só onde estão as secretarias… E ao mesmo tempo ter a joia da coroa, que é a recuperação do nosso belíssimo palácio dos Campos Elísios, que poderia ser a residência oficial do governo. Tudo isso está sendo estudado. E não é só isso. Nós temos que ver o problema do enterramento dos trilhos nas regiões vizinhas, que vai pegar Lapa, Brás, que hoje estão divididas, tanto é que se tem uma deterioração imobiliária exatamente por um sistema que dividiu a cidade. Com enterramento dos trilhos, se tem um imenso boulevard que vai permitir a oferta imobiliária nova para construção de habitação onde já tem água, esgoto, transporte e toda a infraestrutura. Hoje, a oferta imobiliária, principalmente para a população de baixa renda, é cada vez mais distante. E quando é distante se tem que levar a infraestrutura e os trilhos e o metrô. É melhor e mais barato trazer as pessoas para virem morar no centro do que tentar ofertar habitação nas periferias, cada vez mais longínquas”, explicou Afif.

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