Feijó, município de 34 mil habitantes do interior do Acre, elegeu no último domingo (6/10) seu primeiro prefeito assumidamente gay. O delegado da Polícia Civil Railson Ferreira, do Republicanos, foi eleito com quase 50% dos votos válidos na “terra do açaí” — a cidade não possui segundo turno.
Railson ficou nacionalmente conhecido em 2022, após ser vítima de homofobia durante uma operação que combatia o tráfico de drogas no município. No episódio, uma jovem de 22 anos, parente de um dos presos, chamou o delegado de “gay safado” e ainda disse que ele “deveria virar homem”. A mulher foi presa em flagrante.
Essa é primeira vez que ele concorre a um cargo público. O delegado tem mais de 12 anos na Polícia Civil e é casado com outro homem há mais de 10 anos. Nas redes sociais, ele exibe fotos e declarações ao companheiro, apesar de não ter explorado o relacionamento durante a campanha eleitoral.
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Recorde de candidaturas LGBTIQIA+
As Eleições Municipais de 2024 registraram recorde de candidaturas LGBTQIA+ eleitas, segundo levantamento da ONG VoteLGBT. A ONG calculou 225 pessoas que se identificam como LGBTQIA+ conquistando cargos, sendo três prefeituras. De acordo com a entidade, o número total é 130% maior do que em 2020.
A quantidade de pessoas trans eleitas ficou em 26. Entre elas está a quinta vereadora mais votada da cidade de São Paulo, Amanda Paschoal (PSol).
Os municípios de Alpinópolis (MG) e Santa Bárbara do Tegúrio (MG) elegeram prefeitos gays, Rafael Freire (PSB) e Donatinho (PSD), respectivamente. Já Bonito (BA) terá um homem cis assexual no comando da cidade.
O levantamento considerou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base no campo orientação sexual, e da própria ONG, que nesse caso é por autodeclaração. Railson, do município acreano, não preencheu o campo da corte eleitoral.