InícioEditorialNo lugar da missa, igreja do Pelourinho teve ópera neste domingo

No lugar da missa, igreja do Pelourinho teve ópera neste domingo

Quem entrasse neste domingo (10) na Igreja São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus, ia se surpreender: no lugar de uma tradicional missa, o que se via ali era a apresentação de uma ópera. O espetáculo integra a programação do Concertos Bahia Sagrada, evento que começou no dia 8 e segue até o próximo domingo, em cinco igrejas do Pelourinho.

O Núcleo de Ópera da Bahia (NOB) realizou uma apresentação de aproximadamente uma hora, com entrada gratuita. A professora universitária Dora Siza, 68 anos, veio de João Pessoa, na Paraíba, a turismo, e aproveitou a oportunidade: “Vim visitar minha amiga, que não via há 20 anos. E nunca vi uma ópera numa igreja. Vi apresentações em Portugal e João Pessoa, mas nunca em igreja”. Dora gosta da ideia de ver uma apresentação naquele espaço: “A ópera nos remete ao passado e uma igreja casa bem com isso”. Lilian Marinho, 67, que acompanhava Dora, observou que a igreja tem elementos simbólicos que combinam bem com a ópera.

Os cantores eram a soprano Graça Reis e o tenor Carlos Eduardo Santos, acompanhados pela pianista Débora Limeira. No repertório, estavam trechos de A Flauta Mágica, de Mozart (1756-1791), em português. Havia também composições contemporâneas de Aldo Brizzi, maestro que dirige o NOB. São dele a ópera cômica Jelin e A Ópera dos Terreiros. Esta segunda é uma parceria com Jorge Portugal.

Antes de cada apresentação, Aldo Brizzi (com o microfone, ao mundo) contextualizou cada peça musical para o público

(Foto: Marina Silva/CORREIO)

Antes das apresentações, Brizzi dava uma pequena explicação sobre a peça que seria apresentada, o que ajudou o público a entrar no clima. “Gosta desta forma, com alguém que orienta e contextualiza, para nos situar”, elogiou a arquiteta Katia Santa Rosa, 59 anos.

Um casal que chamava a atenção era Leonor e Clóvis Dourado. Ela tem 97 anos e ele, 102. Emocionados, estavam com a neta, Diana Brandão, que faz questão de levá-los ao circuito cultural. “Passaram muito tempo em casa por causa da pandemia e, aos poucos, vão retomando a vida e os levo para passear”, disse Diana.

O tenor Carlos Eduardo, 37 anos, diz que a escolha do repertório tinha a intenção de se aproximar do público, incluindo peças conhecidas, como A Flauta Mágica, além de composições de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). O cantor foi premiado recentemente no Festival Maria Callas, o primeiro baiano a chegar à final do evento internacional. Como premiação, ele vai se apresentar em novembro, no imponente Teatro Amazonas, em Manaus.

E nesta semana, a partir de quinta-feira, Carlos vai participar da apresentação de A Flauta Mágica, também promovida pelo NOB. Em dezembro, o cantor se apresenta em Paris.

Concertos Bahia Sagrada
Sexta-feira (15), 19h: Gabriele Leite e Edu Gutterrez, na Igreja Nosso Senhor do Bonfim
Sábado (16), 17h30: André Mehmari e Rafael Cesário, na Igreja São Francisco
Sábado (16), 19h30: Chico Brown, na Igreja São Francisco
Domingo (17), 16h: Coro Juvenil do Neojiba, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Domingo (17), 18h30: Coro Ecumênico da Bahia na Igreja Nossa Senhora da Conceição
Ingressos em: sympla.com/bahiasagrada (Grátis)

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