Imagens do circuito interno do Palácio do Planalto registraram a atuação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da polícia e dos invasores durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. As gravações, às quais o Metrópoles teve acesso, mostram militares do GSI conversando com os golpistas e circulando tranquilamente sem incomodá-los. Os oficiais também aparecem tentando retirá-los de alguns locais invadidos.
Ao todo, foram disponibilizadas mais de 200 horas de gravações, de 33 câmeras de segurança espalhadas pelos quatro andares do edifício. Parte dos dispositivos, no entanto, foi danificada pelos vândalos. Na ocasião, apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, na tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022.
As imagens foram entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) neste sábado (22/4), após terem o sigilo derrubado por determinação do ministro Alexandre de Moraes. O registro ganhou nova repercussão esta semana, com a divulgação de um trecho do circuito interno em que o general Gonçalves Dias, então chefe do GSI, aparece circulando entre os golpistas. Dias se demitiu após divulgação do vídeo.
O Metrópoles ainda está analisando todo o material e mais imagens serão disponibilizadas.
➡️Novas imagens registram ação do GSI e de invasores no Planalto em 8/1; veja
GSI enviou vídeos ao STF neste sábado (22/4) e derrubou o sigilo das imagens internas após determinação do ministro Alexandre de Moraes.
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Horas depois do material vir a público, o general pediu demissão.
As imagens foram entregues ao STF neste sábado (22/4), após terem o sigilo derrubado por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Neste corte, é possível ver o general G. Dias, ex-ministro do GSI.
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Na íntegra dos vídeos, Além de G. Dias, outros servidores do GSI aparecem nas gravações, interagindo com os golpistas . Entre eles, o major José Eduardo Natale chega a oferecer água aos invasores, em imagens já divulgadas, mas agora em outros ângulos. Natale também aparece conversando e cumprimentando os vândalos com apertos de mão.
A interação ocorreu por volta das 15h30, no terceiro andar – onde está localizado o gabinete presidencial. Minutos depois, o major pede calmamente que eles deixem o local. Natale é o único que foi afastado da função.
Cerca de 15 minutos depois de o major conversar com os extremistas, agentes da tropa de choque da polícia tomaram o andar, munidos com escudos e disparando armas de borracha. O oficial do GSI não aparece no momento da repressão policial.
Veja:
PrisõesPor volta das 16h30, Gonçalves Dias encontra um grupo de vândalos escondidos próximo ao gabinete do presidente. O general, Natale e outros membros do GSI conduzem o grupo para a escada rumo ao segundo andar, onde fica o Salão Nobre. Lá, outras centenas de invasores estavam reunidos, depredando o patrimônio público.
Por volta das 17h30, as câmeras registram a movimentação de policiais subindo a rampa do prédio, próximo a entrada do segundo pavimento. Mais de uma hora depois de Gonçalves Dias mandar os invasores descerem as escadas, é possível ver policiais militares conduzindo os invasores, presos, para fora do palácio.
Veja quem são os militares flagrados em imagens da invasão ao Planalto
PF vai ouvir militaresConforme noticiou a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles, a Polícia Federal ouvirá neste domingo (23/4) mais oito militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sobre o ataque às sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro. Os convocados pela oitiva aparecem nas gravações, divulgadas neste sábado (22).
Por ordem do ministro, a PF ouviu na sexta-feira (21/4) o general Gonçalves Dias, que pediu demissão do cargo de ministro do GSI após imagens mostrarem ele andando ao lado dos golpistas no Planalto em 8 de janeiro.
Em quase cinco horas de depoimento, o ex-chefe do GSI afirmou, ao Metrópoles, que não tem “qualquer responsabilidade omissiva ou comissiva” nos atos de 8 de janeiro. Além disso, declarou que o depoimento foi “excelente” e que confia nas investigações da Polícia Federal.
“O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa. Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 08 de janeiro”, pontuou.
O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias deixou a sede da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília, pouco depois das 13h30 desta sexta-feira (21/4). Dias chegou ao local por volta das 8h45.