O trabalho de reerguer a economia brasileira começa para valer agora, depois que o governo apresentou aos líderes políticos e à imprensa o conjunto de novas regras fiscais que irá substituir o teto de gastos. E nada garante que terá sucesso. Até aqui, a guerra era no campo das expectativas sobre o que seria o tal novo arcabouço fiscal. Na quinta (30), quando o plano foi apresentado, a bolsa subiu e o dólar recuou, indicando recepção positiva dos investidores. Já na sexta (31), apesar do cenário externo favorável, o Ibovespa caiu 1,77%, e a moeda americana valorizou 0,56% frente ao real. Segundo analistas, as primeiras boas impressões sobre o plano deram lugar a incertezas em relação a sua execução, à sustentabilidade da dívida pública a médio prazo e a dúvidas sobre fontes de geração de receitas (redução de subsídios ou aumento de impostos).
O próximo round é no Congresso, onde o governo enfrenta dificuldade e ainda não construiu uma maioria confiável. Muitas das medidas anunciadas dependem de aprovação legislativa. Há o temor de que a negociação envolva mudanças no texto a ser enviado pelo Planalto ou mais gastos públicos em emendas parlamentares. Aumento de gasto público é exatamente o que menos interessa aos ditos mercados. E o governo ainda vai ter de lidar com disputas internas, afinal, ocorrem eleições a cada dois anos, e são muitas promessas a cumprir.
A nova âncora fiscal foi divulgada como uma ferramenta capaz de garantir, por um lado, um aumento de gastos e investimentos públicos necessários para executar políticas sociais e investimentos em novas obras; e, por outro, assegurar que estes gastos vão se dar em ritmo menor que a arrecadação, não faltando dinheiro para o país pagar suas dívidas. Para deixar o orçamento da União “mais justo”, com “um olhar para o social”, nas palavras da ministra do Planejamento, Simone Tebet.
O problema é que o sucesso do plano está atrelado a ganhos na arrecadação. Ou seja, alguém vai pagar a conta. O ministro da Fazenda Fernando Haddad explicou que a nova âncora fiscal coloca o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda. Ele negou que a carga tributária vá aumentar, mas admitiu que vai rever desonerações e isenções para identificar quais delas são mero privilégios e quais, de fato, tiverem bons resultados. Ninguém gosta de pagar de imposto e os lobbies para manter tudo como está devem funcionar a todo vapor na Câmara e no Senado, exigindo ainda mais esforço da articulação do governo.
O poder de convencimento do Planalto também passa a ser mais cobrado a partir de agora. Seja para garantir um apoio da sociedade com força suficiente para pressionar parlamentares, seja para fazer o mercado se dobrar à proposta, acreditando que, mesmo com mais gastos e investimentos, haverá dinheiro para pagar títulos públicos, pois, promete o governo, a arrecadação vai crescer sem aumento de carga tributária.
Esta é a utopia. A realidade exige muito mais do que foi apresentado pelo governo nesses 100 dias. A pergunta é: até que ponto o governo vai fazer concessões – e de que tipo – na tentativa de tornar o sonho em realidade? Governar é fazer escolhas e sempre haverá ao menos um lado derrotado.
O Brasil não pode ser um novo EUA
“O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”, disse Juraci Magalhães há mais de meio século, quando foi embaixador do Brasil naquele país durante a presidência do general Castelo Branco. Vá lá, o que é bom até pode ser testado e adaptado à nossa realidade, mas, mesmo com toda a propaganda, a potência do norte, como todo o país, tem seus problemas, e nós não precisamos importá-los. Infelizmente, é o que tem acontecido com nossos adolescentes. Casos de ataques a escolas, tão comuns por lá, têm crescido e traumatizado brasileiros. Na segunda (27), um jovem de 13 anos matou a facadas uma professora, de 71, na escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo.
Elisabeth Tenreiro ensinava Ciências e foi golpeada pelas costas. O adolescente, que foi apreendido, ainda feriu dois alunos e outras três professoras. De acordo com a polícia, o jovem anunciou o ataque nas redes sociais, escrevendo ter aguardado por esse momento a “vida inteira”. Disse, ainda, que esperava matar ao menos uma pessoa. Um aluno da escola afirmou que uma semana antes do ataque, uma briga entre o suspeito e outro estudante foi apartada pela professora assassinada. Na ocasião, o autor dos ataques teria proferido ofensas racistas e xingado o colega de “macaco” e “ratinho”.
A questão é complexa e, com tal, exige soluções também complexas. Mas as apostas, tanto lá quanto aqui, são pelo simples, e vão desde a acusação de que os jovens de hoje são mimados e não aguentam brincadeiras até a proposta de armar professores ou de infiltrar policiais na comunidade escolar.
Fato é que nenhuma discussão séria sobre medidas contra este tipo de ataque sobrevive por mais de uma semana, até que uma escola ser atacada. E depois, novo esquecimento. Temos muito de diferente dos EUA a fazer. Por exemplo, ouvir nossa juventude. Entender suas angústias, necessidades, pressões e desejos. Bullying (intimidação sistemática) não é brincadeira, e quase sempre, o agressor também é um agredido, em sua casa, em sua igreja, em sua sexualidade, em seus sonhos ou expectativa de futuro. Saúde mental importa, em todas as idades e em todos os lugares.
A vida imita o meme
Franceses jantam tranquilamente enquanto a rua arde em chamas. A cena, fotografada esta semana, em meio aos atos contra a reforma da previdência no país, já havia sido desenhada anos antes em um meme que ficou famoso na internet
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