InícioEditorialO sesquicentenário do Elevador “Wilson”

O sesquicentenário do Elevador “Wilson”

Em 8 de dezembro próximo, o Elevador que poderia ter sido denominado de Wilson, ou quem sabe de Messeder, completa 150 anos de inaugurado, foi denominado de Elevador da Conceição e anos depois (1896) rebatizado como Elevador Lacerda, em referência a seu construtor, nome consagrado hoje, na Bahia e no Brasil. Era para ser um elevador inglês. O Governo da Província tinha concedido, em maio de 1864, os direitos para a “construção sobre a encosta ocidental desta cidade, linhas de comunicação, entre a cidade alta e cidade baixa, para transporte de cargas e de passageiros”, aos ingleses Thomas F. Wilson e Alexandre Messeder. Quatro anos depois, outubro de 1868, a firma Antônio de Lacerda & Cia, após longas e persistentes gestões junto aos concessionários, adquiriu os direitos e mais o privilégio de 25 anos para a operação, mediante o pagamento de 50 contos de reis ao governo. As obras foram iniciadas em 17/10/1869. Meses antes de inaugurado o elevador os novos concessionários lidavam na justiça com a intenção dos Srs. Bocayuba & Germano em barrar a obra, alegando privilégios de uma concessão anterior. As famílias Lacerda e Wilson eram próximas, nos negócios e no lazer, entusiastas do esporte do remo e companheiras na organização dos festejos da festa de Santo Antônio da Barra, uma das mais badaladas da cidade. George Wilson, um dos filhos de Edward Wilson, fundador da empresa Wilson Sons, em 1837 – a mais antiga da Bahia, ainda em atividade – fundou junto com Lacerda o Clube de Regatas Baiano, em 1874. Os Wilson, no mesmo ano, participaram da fundação do Clube Inglês, que promovia os jogos de Críquete no Campo Grande. No ano seguinte os dois amigos promoveram a primeira regata da Bahia, no contexto das festas populares referida, regata de grande porte com quatro páreos, no Porto da Barra, contemplando os escaleres dos navios de guerra nacionais ou estrangeiros, com 6 remadores; os botes de 4 remos de navios mercantes, nacionais ou estrangeiros; os saveiristas do cais, com 4 remos e os botes particulares, ou dos associados do clube, com 4 remadores também. Quando da realização dessa regata pioneira, em 06/1/1875, o Elevador Hidráulico da Conceição, que o povo chamava de Parafuso, já operava fazia treze meses. O Jornal da Bahia considerou o empreendimento a maior e mais importante obra já feita no Estado, a comparou com o sistema de abastecimento de água da Companhia Queimado com sua rede de abastecimento, através da implantação de vários chafarizes, alguns deles ainda existentes, sendo os do Terreiro de Jesus e Colina do Bonfim, os mais conhecidos. Nem todos os baianos aprovaram o novo serviço, que foi um divisor de águas da mobilidade em Salvador. Um setor da população, africanos e afrodescendentes (libertos e escravos), os chamados carregadores de cadeirinhas de arruar que subiam as ladeiras, levando pedestres, foi afetado, perdeu a sua clientela. A compra da concessão por Lacerda, que previa um elevador para transporte de cargas e passageiros, mudou as prioridades. Os Wilson, que operavam com cargas no Porto de Salvador, imaginaram um elevador múltiplo; Lacerda pensou na mobilidade e fez um equipamento exclusivo para passageiros. Pensou na praticidade do pedestre pegar o bonde da Barra na Praça Municipal e o do Bonfim na Praça Cairu. Integração. Para a semana eu conto essa história.

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