Quem a vê a sinopse da nova série brasileira da Netflix sobre uma voyeur que consegue observar todos os passos da prostituta de luxo que mora no prédio em frente ao seu, e transa loucamente com vários homens, pode imaginar que vai assistir a uma versão de 50 Tons de Cinza ou mesmo de Elite, que tem no apelo sexual da produção seu grande destaque.
Quem espera isso em Olhar Indiscreto se decepciona. O que não quer dizer que a série é ruim. Muito pelo contrário. A trama, lançada no primeiro minuto de 2023, protagonizada por Miranda (Débora Nascimento) e Cléo (Emanuelle Araújo), começa muito bem e promete ser um dos acertos da plataforma no Brasil. Pelo menos, pelos dois primeiros episódios, assistidos pelo CORREIO.
Hacker habilidosa, Miranda é uma mulher de poucos amigos e acompanhava a rotina sexual de Cléo com câmeras e binóculos. A vida das duas se mistura oficialmente quando a prostituta pede para a hacker cuidar de seu cachorro durante um final de semana, enquanto ela trabalharia com um milionário. E aí começa o caos.
Com acesso à casa de Cléo, Miranda assume uma personagem da outra. E não consegue sair desse universo da forma como imaginou, sem dano algum, só com prazer. As diversas transas no final de semana se tornam pesadelo após uma tentativa de estupro e assassinato em autodefesa. A vida da moça vira um caos e os mistérios por trás da essa confusão guiam a história das duas mulheres.
O protagonismo feminino é um dos pontos altos da produção. Todas as tramas são narradas sob o ponto de vista de mulheres – e isso não quer dizer que seja mais leve, singelo ou forte. É tudo isso ao mesmo tempo.
“Realmente, é um olhar indiscreto, mas é um olhar feminino. E, quando eu digo feminino, não é florido, não é mais sutil, não é mais leve, muito pelo contrário, tem todas as camadas e profundidades que nós, mulheres, temos também. Então, tem o desejo, tem o desejo vivido, experienciado e sensorialmente feminino”, explica Débora Nascimento.
“Tem nuances de tensão, de suspense, todas por esse prisma com as sutilezas do feminino. Para mim, foi muito reconfortante também ser abraçada por toda essa equipe e poder me entregar, como artista, como mulher e como Miranda para todos esses olhares indiscretos”, completa a atriz.
Débora Nascimento interpreta uma hacker que bota em prática uma fantasia sexual (divulgação) |
A baiana Emanuelle Araújo afirma que ‘feminina’ é uma qualificação que define bem a série e isso fez com que ela se interessasse pelo projeto desde que recebeu o roteiro. A direção-geral é assinada por Luciana Oliveira, enquanto Fabrícia Pinto e Letícia Veiga dirigiram os episódios. A criação é de Marcela Citterio, que teve seu roteiro adaptado por Camila Raffanti.
“A gente teve uma preparação intensa com a Marina, preparadora de elenco que trouxe para a gente essa complexidade, essa troca real, antes das câmeras ligadas, que foi bastante importante. Com as câmeras ligadas, veio a Barbara junto das diretoras. Conseguimos ter uma troca muito bacana e, consequentemente, contar bem a história. O foco é contar a história”, explica Emanuelle.
Ela diz que todas as cenas de briga, de discussão, de conflitos graves, de sexo, de erotismo, todos os lados da série são necessários para que a trama chegue às pessoas da forma mais complexa e intensa, como é esse roteiro. Vale a pena experimentar.