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Operação Escudo: mãe de PM morto há 1 ano relata abandono de Tarcísio

São Paulo — A morte de Patrick Bastos Reis, soldado das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), completou um ano nesse sábado (27/7). Naquela noite, o PM foi baleado entre o ombro e o braço, no Guarujá, litoral de São Paulo, durante um patrulhamento. Horas depois, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou a Operação Escudo, para caçar e prender os criminosos.

Sob comoção, o soldado Reis foi sepultado no mausoléu da Polícia Militar, no Cemitério do Araçá, em São Paulo. O local é repleto de estátuas em bronze que destacam os “irmãos de farda”, como são chamados os militares. A Operação Escudo na Baixada Santista se tornaria uma das mais mortíferas operações da PM paulista desde o massacre do Carandiru. Em 40 dias, a operação deixou 28 mortos na Baixada Santista.  

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PM da Rota Patrick Bastos Reis baleado e morto durante patrulhamento no Guarujá

Divulgação/Polícia Militar

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Policiais da Rota baleados no Guarujá foram socorridos no Pronto Atendimento Municipal da Rodoviária

Reprodução

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Soldado da Rota foi morto quando fazia patrulhamento no litoral paulista

Reprodução/Redes Sociais

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PM declara luto pela morte de Patrick Bastos Reis, policial da Rota morto no Guarujá

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Viatura da Rota desce em direção ao litoral paulista

Renan Porto/Metrópoles

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Integrante da Rota em policiamento no Guarujá

Divulgação/Rota

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Denunciados por participação na morte de PM da Rota no Guarujá: Erickson David da Silva, Kauã Jazon da Silva e Marco Antonio, o Mazzaropi

Arte/Metrópoles

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Policiais da Rota em operação em São Paulo

Divulgação/Rota

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Policiais militares comemoraram nas redes sociais mortes de suspeitos na Operação Escudo, deflragrada no litoral sul paulista após o assassinato do soldado da Rota

Reprodução

Um ano depois Mão de Patrick, Claudia Reis é firme nas palavras. “Ele morreu defendendo São Paulo. Lutando por São Paulo”, disse ao Metrópoles. “Meu filho saiu do Rio Grande do Sul para ser policial em São Paulo porque aquele era seu sonho. E agora não temos nosso filho. Temos uma bandeira”. 

Sua família, atualmente, vive no Rio Grande do Sul, mas Claudia mora no interior paulista, na casa de parentes. “Todos os meus tios e primos no Sul são policiais. É muito difícil entender e aceitar tudo isso. O que nos ajuda bastante é a presença do nosso neto”, contou. Patrick morreu aos 30 anos e deixou um filho de 3 anos.

O dia do enterro

Claudia Reis chegou na capital paulista de carona. “Ofereceram helicóptero e tudo, viram nosso desespero. Mas não apareceram”. Seu primeiro pedido em solo paulista foi direcionado ao comandante da Rota. A mãe queria sepultar o filho em Santa Maria (RS), sua cidade natal, mas o chefe da tropa de elite da PM informou que existia um protocolo. Sem condições de verificar a informação, aceitou. 

Ela lembra com detalhes do governador Tarcísio de Freitas ao seu lado no dia do velório. “Quando terminou tudo, que guardaram e enrolaram a bandeira, ele se despediu, segurou na minha mão e disse que nos ajudaria. Disse que a morte do Patrick não ficaria em vão. Disse que eu podia contar com ele para qualquer coisa”. Sobre o secretário Guilherme Derrite, foi enfática. “Não quero nem ouvir falar”. Alguns amigos de Patrick ainda a procuram. 

Claudia ainda não descartou a possibilidade de levar o corpo do filho para o Sul, mas não agora. As avós do filho do soldado entraram em acordo sobre esperar, “dar um tempo ao tempo”, em respeito à criança. “Ele vai crescer, vai querer saber o que aconteceu, tomará decisões também”, reflete. 

Meu único filho

Para Claudia, a ausência de Patrick é como uma metade sua que foi arrancada. E com um agravante: “Eles atribuem a Operação Escudo ao nome do meu filho. E isso realmente me incomoda muito”. 

O marido, pai do PM, passou por uma depressão muito forte. “Ele passou quatro meses em cima de uma cama, chorando e bebendo. Tive uma ajuda psicológica online do estado. Meu marido, não. Tive que tirar forças de onde não tinha para que meu marido não morresse também. Eu não tinha condições de continuar trabalhando naquela situação”. 

Depois de reportagens publicadas nos últimos dias, a mãe, machucada, ouviu de pessoas próximas que queria aparecer, que queria dinheiro.

“Quero que fique claro que sei que a Constituição estabelece que qualquer tipo de indenização é somente para herdeiros. Não é dinheiro que quero. Eu quero solidariedade”.

Claudia, no fundo, só espera um pouco de compaixão dos ex-colegas de farda.

“Para a polícia do estado, meu filho tornou-se apenas um. Disseram que perderam um guerreiro. Eu perdi meu único filho”. 

A mãe do soldado Reis também tem mãe. E sente muita vontade de ir a Santa Maria revê-la, mas não tem condições financeiras. Pela idade e distância, a avó do soldado não pôde comparecer ao velório do neto.

Num momento de desespero, Claudia pediu ajuda para a mulher do filho que recebeu R$ 100 mil do governo. Foi bloqueada. “Também não queremos mais contato”, afirma. Claudia e o marido sempre ajudaram Patrick e sentiram-se confortáveis em procurar a ex-nora. 

Com a morte do Patrick, ainda recente para qualquer mãe que perde um filho, seguir em frente ainda não é uma escolha. Sobre as investigações, procurou por conta própria saber como estavam. “Tenho acesso a todas porque fui procurar. E eram muitas informações desencontradas”. 

Ao Metrópoles, ela desabafou sobre uma mensagem recebida na última sexta-feira (26/7) pela WhatsApp. “O governo do estado é uma potência. Não adianta bater de frente com eles”, dizia o texto.

A resposta de Claudia foi imediata: “Sei que o estado de São Paulo é uma potência, mas ninguém deve bater de frente com uma mãe que perdeu o único filho. Uma mãe que é uma potência também”. 

Claudia, apesar das dores que carrega, ainda acredita que possa ser procurada pelo governador do Estado. Procurado, o governo Tarcísio não se manifestou. O espaço segue aberto.

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