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Os Peixotos do PT, o “maridismo” de Rui e a gastança ilegal do governo

Foto: Reprodução

Os Peixotos
Os deputados estaduais do PT decidiram que era hora de retirar o sobrenome “Lula” que haviam adicionado aos seus nomes parlamentares na Assembleia como forma de protesto e apoio ao então ex-presidente quando ele estava encarcerado. Esta semana, no corredor da Casa, um deputado explicava a servidores e curiosos que a alteração no nome já havia cumprido seu propósito, quando foi interpelado por um deles: “e agora, vai adicionar o Peixoto?”. O parlamentar demorou a entender a provocação, mas tão logo a ficha caiu, ele abriu um constrangedor sorriso amarelo e saiu pela tangente. A origem da provocação tem nome e sobrenome: Aline Peixoto, esposa do ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, que muito deseja indicar a companheira para o posto de conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). 

De joelhos
Rui Costa, inclusive, colocou a bancada baiana da esquerda de joelhos por causa de sua obsessão particular de emplacar a esposa no TCM. A prática nefasta de usar a gestão pública para favorecer familiares e cônjuges sempre foi criticada por seus correligionários, que agora se calam em indisfarçável constrangimento – sobretudo pela péssima repercussão em âmbito nacional. Mesmo assim, o núcleo duro de Rui mantém a ofensiva sobre deputados pelos votos que podem sacramentar a operação “maridismo”. 

Contrariado
Quem não anda nada satisfeito com a indicação é o senador Jaques Wagner (PT), que não esconde de ninguém sua contrariedade à causa. Fontes governistas garantem que, mesmo com a repercussão nacional negativa e a insatisfação de aliados, Rui segue intransigente e não pretende abrir mão da vaga para Aline. 

Ironia do destino
Se hoje deseja dar à esposa uma cadeira no TCM, Rui já chegou a defender a extinção do tribunal. Disse, em 2017, que haveria uma economia de R$ 200 milhões aos cofres públicos caso a Corte tivesse suas atividades encerradas. Falou ainda que integrantes do TCM tinham “prazer mórbido” de rejeitar contas de prefeituras. 

Incremento ilegal
A suspeita de uso ostensivo da máquina estadual nas últimas eleições na Bahia começa a se traduzir em números. A dotação orçamentária do Estado chegou a R$ 79 bilhões, quando o montante aprovado pela Assembleia Legislativa foi de apenas R$ 52 bilhões. A diferença de R$ 27 bilhões representa uma escalada de 50%, o que fere a legislação, porque a Lei Orçamentária Anual (LOA) limita eventual incremento em 30%. Os dados constam no relatório da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) emitido pela Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz). 

Custo eleitoral 
Nesse bojo, o ex-governador Rui Costa (PT) aumentou em quase R$ 3 bilhões os gastos classificados pela Sefaz como “Outras Despesas Correntes”, o que pode incluir custos com consumo de água, luz, telefone, aluguel, combustível, alimentação, diárias e viagens. Em 2021 foram executados R$ 14,7 bilhões, mas em 2022 – ano eleitoral – a fatura saltou para 17,2 bilhões.   

Birra de Rui nas emendas
Teve dinheiro para tudo, menos para o pagamento das emendas impositivas, conforme determina a lei. É verdade que o valor executado em 2022 (R$ 42 milhões) foi superior ao pago em 2021 (R$ 29 milhões), mas passou longe de atender todos os deputados de maneira igualitária, segundo mostra o Portal Transparência Bahia. Pra variar, os parlamentares de oposição – os que de alguma forma foram atendidos – destinaram valores bem abaixo daquilo que têm direito. Maior que o revés político é o prejuízo dos municípios que ficaram sem os investimentos destinados pelos parlamentares que os representam. O novo líder da oposição na Assembleia, deputado Alan Sanches (UB), vice-líder na Legislatura anterior, atribui o desequilíbrio à “birra política” do ex-governador Rui Costa.   

Manda quem pode, obedece quem tem juízo
Tal como um estudante que ensaia seus primeiros rabiscos seguindo os traços de uma caligrafia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT), ao que parece, ainda não escreve suas próprias letras com autonomia, vide as nomeações para a montagem de governo. Ora segue a grafia de Rui Costa, ora é doutrinado pelo senador Jaques Wagner – dois ex-governadores que detêm influência direta em nomeações para áreas estratégicas da gestão – vide a quebra de braço vencida por Wagner com a nomeação de Leonardo Góes para a presidência da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).

Queda de braço
A escolha de Leonardo Góes para o comando da Embasa representou uma vitória de Wagner sobre Rui na queda de braço para ver quem ficaria com a indicação para a presidência da empresa. Enquanto Wagner defendia Góes, Rui desejava emplacar a servidora Rita de Cássia Sarmento Bonfim. Pelo que se comenta entre fontes governistas, Goés terá agora a missão de levar à frente a privatização da Embasa, que já vem sendo ensaiada pelo governo petista há anos, mas enfrenta barreiras principalmente entre servidores da empresa. 

Novo revés
A escolha do governador Jerônimo Rodrigues por Márcia Teles para o comando do Inema foi interpretada na base governista como uma derrota do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que tentava emplacar o vereador Henrique Carballal (PDT), seu aliado de primeira hora, no comando do órgão estadual. Geraldo chegou a desejar indicar o aliado para a Bahiatursa, que acabou sendo extinta, e passou a tentar o Inema, mas a investida naufragou e Carballal, por enquanto, segue fora do governo. 

Amigos, amigos, negócios à parte
Geraldo e Carballal, inclusive, foram vistos numa conversa nada amistosa na Câmara Municipal de Salvador nesta quinta-feira (2), durante a abertura dos trabalhos do Legislativo. Enquanto as atenções estavam voltadas para as entrevistas coletivas do prefeito Bruno Reis e do presidente da Câmara, Carlos Muniz, os dois aliados, com cara de poucos amigos, discutiam no plenário da Casa. O assunto não se sabe, mas quem viu o diálogo garante que, pelo semblante e humor de ambos, não era nada bom.

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