Quantos esquisitos como o empresário Pablo Marçal (PRTB) tem por aí, candidatos a prefeito e a vereador, que se espelham na pior versão de Bolsonaro na tentativa de se elegerem?
Muitos, mas Marçal é o que chama mais atenção porque concorre à prefeitura de São Paulo, dona do terceiro maior orçamento do país. Como Bolsonaro, ele tem horror a mulheres que o desafiam.
Uma vez, em bate-boca na Câmara com a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), hoje candidata a prefeita de Porto Alegre, Bolsonaro disse que ela não merecia ser estuprada porque era feia.
Em julho último, Marçal acusou a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) de ter abandonado o próprio pai no Brasil para viajar aos Estados Unidos quando ele se suicidou.
Mentiu, como de hábito. Tabata não estava fora do país no momento em que seu pai, dependente de crack e alcoólatra, matou-se. Mas vingança é um prato que se come frio.
A hora do troco foi ontem à noite, no início do primeiro debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo promovido pela TV Bandeirantes, e bastou para que Marçal se descontrolasse.
Tabata lembrou que Marçal foi condenado por formação de quadrilha em um esquema de fraudes bancárias, é investigado pela Polícia Federal e está num partido cujo presidente é ligado ao PCC.
Em seguida, perguntou a Marçal se ele usaria sua experiência no crime caso se elegesse prefeito. Além de revidar, Marçal passou a atacar indiscriminadamente os demais candidatos.
Chamou Tabata de adolescente, insinuou que Guilherme Boulos (PSOL) seria usuário de drogas e apoiador de terroristas, e disse que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) governa uma “cidade merda”.
Marçal afirmou que renunciaria à candidatura se alguém provasse que ele fora condenado por formação de quadrilha. Boulos provou nas redes sociais postando a sentença que o condenou.
Boca de aluguel de Bolsonaro que apoia Nunes, escalado para atrair o voto dos bolsonaristas que rejeitam Nunes, Marçal perdeu o protagonismo do debate que tanto se esforçou para conquistar.
Nunes foi para o centro do debate como alvo principal das críticas. E Tabata atirou na sua testa ao resgatar a história de que ele, no passado, agrediu sua mulher. Há registro da queixa na polícia.
Ensina a história que debate não decide eleição. Ensina também que não fala a verdade quem diz preferir a exposição de ideias a ataques durante um debate.
Faltam menos de dois meses para as eleições.