A apresentação oficial de Zeca ocorreu depois do lateral direito estrear e marcar gol com a camisa do Vitória. Nesta terça-feira (24), a 10ª contratação do Leão na temporada ficou diante dos microfones para falar sobre tudo de uma vez. Sem se esquivar, o jogador de 28 anos abriu o coração e contou mais do que histórias registradas dentro das quatro linhas.
As mudanças de postura na vida e a perda da mãe ecoaram dentro dele no último sábado (21), quando vestiu o manto rubro-negro pela primeira vez e encontrou o caminho da rede. Zeca foi o autor do gol do Leão no empate em 1×1 com o Santa Cruz, no Barradão, na estreia da fase de grupos da Copa do Nordeste. Na comemoração, lágrimas.
“O choro foi por ela. Toda vez que acontece de fazer um lance ou o gol, sinto a presença dela. O choro foi por ela”, contou o lateral. “Vamos começar explicando. Acho que a gente passa por fases na vida, que qualquer atleta passa. Eu, como garoto de 25, 26 anos, passei por uma fase conturbada em minha vida. Só que isso me fez aprender”.
O aprendizado trouxe uma vinculação perdida anteriormente. “Minha mãe esteve ao meu lado e pude conhecer muitas partes dela, muito lado que não conhecia. Fiquei feliz de conhecer ela depois de uma turbulência”, compartilhou.
“Minha mãe me deixou com cinco anos, foi trabalhar fora, voltou para colocar o pão dentro de casa e eu pude conhecer partes que não conhecia. Deus traz coisas para gente se conhecer melhor. Passada a fase da pandemia, minha mãe veio a falecer. Hoje eu tenho o entendimento de cada coisa que passei em minha vida. Passei essa fase turbulenta, mas aprendi. Cresci como homem, cresci como ser humano, cresci como atleta. Tenho certeza que me fez evoluir muito”, avaliou.
Ambidestro, Zeca pode reforçar as duas laterais. Ele começou sua carreira no Santos e se destacou na equipe paulista de 2014 a 2017. Nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, o jogador conquistou a medalha de ouro, sendo titular durante toda a campanha.
Em 2018, foi contratado pelo Internacional, onde atuou por duas temporadas, mas não conseguiu se destacar. Pelo Colorado, participou de 56 partidas. Após perder espaço no time gaúcho, Zeca foi emprestado ao Bahia em 2020, em uma operação que envolveu a ida de Moisés ao Internacional. Foram 19 jogos pelo tricolor, sendo nove como titular, e um gol marcado. Deixou a equipe ao fim da temporada e seguiu para o Vasco. No cruz-maltino, disputou 46 partidas.
O último clube do lateral foi o Houston Dynamo, dos Estados Unidos, em 2022. No time americano, ele fez 21 jogos, sendo 13 como titular, e contribuiu com uma assistência.
“Estou muito feliz. Vou enfatizar uma coisa: Vim para cá muito feliz. Quando recebi o telefonema e as conversas, fiquei muito feliz pelo projeto do clube. É um clube gigante e vai voltar para a Série A. Tenho certeza que é um grande clube que vim para fazer história junto com a equipe”.
Regularizado na sexta-feira (20), Zeca assumiu a camisa de titular um dia depois, porque Railan, dono do posto até então, se lesionou. O companheiro de posição ainda faz tratamento de fisioterapia e segue fora do jogo de quinta-feira (26), às 19h15, contra o Doce Mel, no Barradão, pela quarta rodada do Campeonato Baiano. Zeca comentou a futura disputa pela vaga na direita.
“Railan é um grande atleta e uma grande pessoa. Um moleque novo que ao mesmo tempo tem suas qualidades. Todos nós precisamos evoluir como pessoa, mas é um atleta que vem evoluindo muito bem, vem fazendo grandes jogos. É uma disputa sadia, somos família, somos amigos. Quem o professo optar, o outro vai estar aplaudindo. É pelo Vitória, não pelo bem do Railan ou do Zeca. Quem tem a ganhar é o grupo”, projetou.