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Polo chega aos 45 anos com todo o gás e menos emissões

Durante mais de três séculos, a fumaça poluidora das chaminés se confundiu com a própria história da indústria. A emissão de toneladas de CO2, o gás carbônico, foi uma das grandes responsáveis pela transferência da atividade de Salvador para distritos industriais na Região Metropolitana. Primeiro, concentradas no Centro Industrial de Aratu (CIA) e, posteriormente, no Polo Industrial de Camaçari, que hoje completa 45 anos de implantação. Acontece que o quarentão não quer mais ser associado à emissão de gás carbônico. Ao mesmo tempo em que diversas empresas presentes no complexo industrial se movimentam para reduzir as suas emissões de carbono, o próprio Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), uma associação empresarial privada, que representa mais de 90 empresas, criou uma comissão para fomentar a descarbonização da área. Com um investimento global de US$ 16 bilhões, desde a sua implantação, o Polo de Camaçari  abriga iniciativas avançadas em relação à descarbonização de suas atividades. O complexo industrial é a sede de empresas que atuam nos mais diversos mercados e, por isso, recebe demandas por uma atuação  mais responsável da clientela. Juntas, as empresas do Polo, que tem capacidade de produzir 12 milhões de toneladas de produtos químicos e petroquímicos por ano, além de 240 mil toneladas de cobre eletrolítico, registram um faturamento médio anual de US$ 15 bilhões. A bem da verdade, chaminés lançando fumaça na atmosfera foram extintas há muito tempo da indústria moderna. Entretanto, a redução da pegada de carbono nos processos de produção ainda é um obstáculo constante em todos os setores da economia. “O grande desafio passa pela ampliação de sua competitividade, mantendo a sua relevância econômica e contribuindo  para uma produção sustentável”, explica Érico Oliveira, superintendente de Desenvolvimento e Comunicação do Cofic. Segundo Érico Oliveira, a descarbonização é considerada um assunto estratégico para o futuro do Polo de Camaçari. “Apesar de  estar numa fase embrionária, a criação de um espaço, que reúne desde profissionais de áreas técnicas relacionadas ao assunto até dirigentes de empresas, demonstra que há uma preocupação generalizada com a situação”, explica o dirigente do Cofic. “Nós entendemos que há um espaço e um interesse numa atuação integrada no sentido de promovermos a descarbonização do complexo como um todo”, diz. “As empresas, em sua maioria, atuam efetivamente, porém é importante que possam trocar experiências e estimular aquelas que não fazem ou ainda estão mais incipientes, que elas  possam encontrar um caminho traçado”, afirma. Neste momento, as conversas se dão em torno de estratégias para o mapeamento das emissões, reduções e a captura do carbono. Ele lembra que, além das diversas empresas adiantadas nesses processos, o Polo de Camaçari  abriga uma unidade industrial da Unigel, que deve oferecer ao mercado hidrogênio verde em breve. “Este é um projeto que, inclusive, transcende o uso pelas empresas do Polo ou mesmo da Bahia”, ressalta. “Uma das premissas é ter uma atuação mais integrada na implementação de ações voltadas para esta questão. Que tudo seja feito com muito embasamento técnico, de maneira objetiva e focado no tempo, com entregas bem definidas”, diz Oliveira. A Tronox é um dos exemplos de empresas que estão caminhando rumo à descarbonização de suas operações. Em 2022, a empresa iniciou um diagnóstico aprofundado das iniciativas que promoverão a redução da pegada de carbono na planta da Bahia, elencando mais de 10 iniciativas. As de maior impacto estão relacionadas ao aumento da eficiência energética e da redução do consumo de gás natural, utilizado para produção de vapor, explica Gabriel Medina, líder de Meio Ambiente da Tronox. “A Tronox Bahia possui a menor pegada de carbono por tonelada de dióxido de titânio produzida, quando comparada as emissões relativas do mesmo produto em outras plantas do grupo, instaladas nos Estados Unidos e Austrália, por exemplo”, diz. Ele lembra ainda que toda a energia elétrica consumida na planta da Bahia é oriunda da geração de fontes renováveis, principalmente energia Eólica. A aquisição da energia é feita sempre junto a produtores certificados. Segundo Gabriel Medina, a redução das emissões de dióxido de carbono com o consumo de energia limpa é equivalente à realizada pelo plantio de mais de 75 mil mudas de árvores. “Corroborando com o compromisso mundial de redução de emissões, a Tronox alcançará a neutralidade de suas emissões até 2050, com reduções graduais de 35% até 2025 e 50% até 2030”, garante Medina. Menos 70 mil carros Nas unidades da Braskem em Camaçari, os esforços para a redução da pegada de carbono nos últimos dois anos evitaram a emissão de 70 mil toneladas de gás carbônico para a atmosfera. É como se 70 mil carros populares tivessem deixado de circular no período. “Nós estamos muito focados na melhoria de nossa performance operacional em Camaçari”, explica o diretor global de energia e descarbonização industrial da Braskem Gustavo Checcucci. Segundo ele, a redução da pegada de carbono é um assunto tão importante para a empresa que o cargo ocupado por ele, originalmente de diretor de energia, ganhou o acréscimo da “descarbonização industrial”. Checcucci conta que as principais alterações em curso em Camaçari passam pela eletrificação de processos industriais, que antes utilizavam o vapor. “A eletrificação nos dá a eficiência energética. Além disso, constituímos um sistema de operação em tempo real para otimizar o nosso uso de energia”, conta. Os bons resultados foram alcançados mesmo com alguns desafios ainda pela frente, reconhece o diretor da Braskem. Um dos principais é de natureza tecnológica, explica. Afinal de contas, muita coisa mudou em quatro décadas e meia. “Tem bastante equipamentos que podemos modificar, adaptar, porém existem outros que precisam ser substituídos e isso requer investimentos tanto em pessoas, quanto em recursos financeiros mesmo”, diz. Outra importante frente de trabalho está relacionada à atualização de processos petroquímicos, para torná-los mais eficientes. Um exemplo disso é o trabalho de pirólise, que pode permitir o reúso de matérias-primas no processo de produção. Para Gustavo Checcucci, um importante caminho, não apenas para as unidades da Braskem, mas para o Polo de Camaçari avançar na descarbonização passa pela estruturação do mercado de créditos de carbono. “Hoje, existe um mercado voluntário, só que não há uma demanda. Está sendo estudado um mercado regulado de carbono, onde se poderia ter certificado em tudo o que  emitir”, explica. Com a estruturação do mercado, empresas que precisarem emitir mais gás carbônico poderão comprar créditos daquelas que reduziram as suas emissões. Mesmo com os desafios, Gustavo Checcucci avalia que a pegada de carbono da Braskem é mais eficiente que a de outras concorrentes globais. A empresa caminha para o cumprimento do compromissos neutralizar as suas emissões de carbono até 2050 e de reduzir o volume em 15% até 2030. “Temos um programa de descarbonização para que o tema seja tratado com a seriedade que ele demanda”, explica. “Essa não é uma mudança trivial, entendemos que conhecemos muito sobre eficiência, mas hoje é necessário entender o carbono também. É um desafio de aculturação sobre o tema”, acredita. Segundo ele, a empresa vem investindo em muitas parcerias para alcançar os objetivos, em três frentes: eficiência operacional, redução de emissões e projetos de energia renováveis, dois deles com a EDF no interior da Bahia.

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