InícioEditorialPrefeito fujão cai quatro pontos, mas sua rejeição não aumenta

Prefeito fujão cai quatro pontos, mas sua rejeição não aumenta

Ganhar debates não significa ganhar eleições, escrevi aqui outro dia. Faltar a debates não necessariamente enfraquece o candidato, escrevo agora. Dá provas disso Ricardo Nunes (MDB), o prefeito de São Paulo que tem tudo para se reeleger daqui a 10 dias.

Nunes perdeu para Guilherme Boulos (PSOL) o debate da última segunda-feira promovido pela BAND. Perdeu feio. E por isso arranjou uma desculpa mal ajambrada para faltar, ontem, ao debate da RedeTV/Folha/Uol. Amanhã terá mais um. Fugirá?

Por elegância, como disse um poeta francês do século XIX, Nunes não quer perder sua vida. Ou seja: por medo, não quer perder uma eleição praticamente ganha, a não ser que o acaso lhe reserve uma surpresa. Pouco lhe importa, pois, a pecha de fujão.

O que importa é vencer. O grande vencedor da eleição municipal na cidade mais populosa da América Latina não será Nunes, mas Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador do Estado. Não será Bolsonaro que se acovardou diante de Pablo Marçal (PRTB).

Nunes foi uma pedra pesada para Tarcísio arrastar, mas ele a arrastou. Para que se reeleja governador ou para que dispute a sucessão de Lula, Tarcísio não poderia contar com um prefeito de São Paulo que não fosse seu aliado. Nunes será um serviçal.

Chova pedra, como é possível que aconteça hoje, falte luz, o tempo fique nublado ou faça sol, algo como 60% dos paulistanos admitem que não gostariam de votar em Nunes ou Boulos. Mas como não tem jeito, votarão (51%) em Nunes e (33%) em Boulos.

Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, Nunes caiu quatro pontos percentuais e Boulos ficou onde estava há uma semana. A rejeição a Boulos é de 56% (era de 58%); a de Nunes, 35% (era de 37%). A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.

Nunes perdeu votos entre os eleitores de Marçal. 84% deles diziam que votariam em Nunes, agora, 77%. 35% dos eleitores de Tabata Amaral (PSB) diziam que votariam em Nunes, agora 27%. Dos eleitores que votaram em Lula, 26% seguem votando em Nunes.

Boulos é motivo de troça em grupos de Whatsapp da cúpula nacional do PT, partido que oficialmente o apoia, mas que na prática não se empenha tanto por ele. Não fosse por Lula, o PT teria disputado a prefeitura de São Paulo com candidato próprio.

Na última vez que disputou, em 2020, o candidato do PT chegou em sexto lugar no final do primeiro turno, com 8,7% dos votos. Boulos, no primeiro turno deste ano, teve mais do que o triplo dos votos. De quantos mais debates fugirá o prefeito apagado?

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