Senador Rodrigo Cunha diz apoiar investigação sobre empresa no Senado, mas afirma que iniciativa de Renan Calheiros, seu adversário político e autor da proposição, tem ‘vícios intransponíveis’
Reprodução/Youtube/TV Senado
Prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, e presidente em exercício do Senado, Rodrigo Cunha, em coletiva de imprensa
O presidente em exercício do Senado, senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), defendeu nesta segunda-feira, 4, a investigação da crise enfrentada em Maceió e a responsabilização da Braskem, multinacional responsável pela exploração de sal-gema no bairro Mutange. O parlamentar se reuniu hoje com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, e o ministro do Turismo, Celso Sabino. O bairro Mutange está em estado de emergência por risco de um colapso em uma das minas exploradas pelas empresa. Com o afundamento do solo recorrente na última semana, os moradores precisaram deixar a região. Segundo dados do último boletim da Defesa Civil, houve uma redução no afundamento, que chegou a alcançar 6 centímetros em deslocamento vertical, para 0,25 centímetros por hora.
Cunha disse apoiar uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Braskem no Senado, mas criticou a iniciativa do senador Renan Calheiros, autor do pedido de investigação e seu adversário político local. “O que nós temos aqui é a certeza absoluta de que é necessário fiscalizar sempre. No ano de 2019, as pessoas saíram de suas residências, ali também teve um clamor, que era buscar a responsabilidade por ação, ‘quem foi que causou isso?’ e quem causou ficou determinado tecnicamente que foi a empresa Braskem”, iniciou o presidente em exercício do Senado. “Acabo de sair de uma reunião com o diretor geral da Agência Nacional de Mineração, em que ele confirmou tudo o que eu já sabia: durante todo esse período houve uma licença ambiental sendo renovada constantemente pelo Estado de Alagoas, à época o governador era Renan Filho, que hoje é senador, ministro dos Transportes e filho do Renan Calheiros, que é o propositor desta ação. Então, a CPI surge também com três vícios que são intransponíveis. O outro problema é que o senador Renan Calheiros também foi presidente da Sal-gema. E o que é a Sal-gema? É a Braskem hoje”, finalizou o parlamentar do Podemos.
Em relação ao turismo na cidade, Sabino informou que não há empecilhos para quem deseja visitar a capital alagoana. “Não há nenhum aparelho turístico na cidade provocado pelo afundamento. Estamos aqui para passar mensagem aos turistas que podem ir à cidade com toda segurança”, disse o ministro. O prefeito de Maceió, por sua vez, voltou a afirmar que a cidade de Maceió enfrenta uma “tragédia social”. “Além de uma tragédia ambiental, de uma tragédia material, nós temos uma tragédia social. Então, os danos sociais a quem a gente deve muita atenção nesse momento, é justamente nessa visão maior, entender o fenômeno que está acontecendo nesta cidade, já que quase 10% de sua população foi realocada, e agora, com essa nova dinâmica social, nós precisamos repensar a nossa cidade”, disse JHC.