Nada dá mais sentido à existência humana do que a memória. Como exemplo disso, o Metrópoles conta a história da professora pioneira do Distrito Federal Ivone de Souza Rodrigues Costa. Aos 95 anos, a docente abriu o seu baú de recordações para a reportagem e relatou sobre a sua trajetória na capital da República, que serve de inspiração até mesmo para superar os desafios atuais da profissão.
São seis décadas que, para ela, passaram-se num instante. Ivone deixou a terra natal e partiu rumo ao desconhecido, mudando o curso da própria vida. Foi no DF que a docente casou-se, teve o seu único filho, o também professor e revisor de texto Wandick Antônio Souza Costa, de 55 anos. Foi na capital federal que a paraibana vivenciou e venceu os desafios.
Ela chegou à nova capital do país, em 1960, aos 33 anos, após fazer o concurso nacional para seleção dos primeiros professores de ensino primário. À época, os selecionados receberam passagem e ajuda de custo para instalação em Brasília, além de direito à residência com aluguel acessível.
Veja imagens da professora:
Em meio às lembranças, encontrando o que achava pertinente relatar sobre a sua história, Ivone pontuou que uma das primeiras memórias que ela tem é a de chegar a Brasília com outras três colegas professoras, também nascidas na Paraíba. “Quando viemos, já estava tudo preparado. Tinha onde morar e nos instalamos na 414 da Asa Sul. Os blocos eram reservados para quem vinha após passar no concurso”, recorda.
A professora foi uma das primeiras educadoras da antiga Escola Normal de Brasília (ENB) e considera que sempre foi uma pessoa de fácil adaptação, por isso conseguiu se firmar na capital.
“Brasília teve uma educação bem diferenciada da que se fazia nos outros estados. Então, muitos professores vieram assim, curiosos, querendo ver como seria a educação na cidade. Ainda hoje, a Escola Normal é referência em um formato de alfabetização que repercute nos diversos estudantes que passaram por lá. Esse período influenciou muito na formação de todos. Nunca mais aconteceu um ensino semelhante”, opinou.
A Escola Normal de Brasília funcionou, desde 1960, nas dependências do Colégio Caseb e, posteriormente, do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb). Sua sede própria data de 1970. As inovações pedagógicas estavam presentes desde as instalações, laboratórios, salas de repouso e cantina.
“Das minhas experiências pedagógicas, esta foi, sem dúvida, a mais significativa. As crianças já se alfabetizavam com 5 anos. As atividades consistiam no desenvolvimento de ações centradas em interesses determinados pelas próprias crianças”, lembra.
“Da elaboração do plano de funcionamento do jardim da infância da Escola Normal, surgiu a necessidade de organizar uma equipe pedagógica formada por professores da ENB para, numa experiência pioneira, iniciar um trabalho de especialização em serviço, nas diversas áreas de conhecimento junto aos docentes que atuariam naquela unidade e além disso, testar pela primeira vez a administração escolar por equipe”, acrescentou a professora.
Na ENB, estavam instaladas as unidades: Escola Maternal e Jardim da Infância e Escola de Aplicações. Ivone foi a primeira diretora do Jardim.
“Inegavelmente, considerada, na época como experiência pedagógica modelo, o Jardim da Infância da ENB representou para mim a mais cara e inolvidável vivência profissional. É uma satisfação muito grande ter feito parte dessa história. Sinto muita saudade”, concluiu Ivone.
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