InícioEditorialEsportesProjeto Ginga realiza batizado de capoeiristas mirins na Estação Pituaçu

Projeto Ginga realiza batizado de capoeiristas mirins na Estação Pituaçu

Antes do horário marcado, dezenas de crianças vestidas com trajes esportivos brancos já formavam uma pequena aglomeração no 2º andar do Terminal de Integração de Pituaçu, na tarde desta sexta-feira (3). A ocasião para a reunião era a mais nobre possível: após um ano de aprendizado de capoeira, através do projeto Ginga de Peito Aberto, os jovens inscritos estavam prestes a comemorar seu batismo diante de mestres da expressão cultural e arte marcial afro-brasileira, que confere a eles o título de capoeirista.

A expectativa nos menores era visível. Enquanto alguns treinavam golpes com outros colegas, os mais ansiosos se aconchegavam junto aos pais e mães, que se acomodavam com os celulares na mão, prontos para registrar o momento que a primeira roda de capoeira seria aberta.

Foi assim com um dos filhos agarrado a sua perna e com a câmera ligada, que a assistente Marianita Bispo, 38, celebrou o impacto do projeto na vida dos seus gêmeos Heitor e Davi, de 7 anos. “Heitor é autista e esse projeto é muito bacana, porque promove inclusão social. Ele se desenvolveu bastante na capoeira, que é de certa forma uma terapia. Favoreceu muito eles dois na questão de disciplina, diminuiu a ansiedade e eles puderam socializar mais. Eles gostam e eu só tenho a agradecer. Todo esforço para trazê-los foi válido”, afirma.

O Projeto Ginga teve início em abril de 2022 e é realizado em Salvador pela ONG De Peito Aberto com patrocínio do Instituto CCR, realizado na área de atuação da CCR Metrô Bahia, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Na capital baiana e em Lauro de Freitas, a iniciativa contempla 300 alunos entre 7 e 17 anos de idade em situação de vulnerabilidade social. As aulas têm duração de uma hora, duas vezes por semana, no contraturno escolar.

Mesmo sendo uma atividade extra na rotina, os alunos levam a sério o compromisso firmado com o projeto. O pequeno Davi, 7, estava receoso de que uma ferida impedisse que sua apresentação fosse perfeita. “Estou um pouquinho preocupado porque estou com um machucado no pé e, quando minha roupa encosta, dói. Se eu for gingar, vou ter dificuldade, mas eu acho que vai dar tudo certo”, disse.

No fim das contas, deu mesmo tudo certo. A primeira roda de capoeira foi aberta por volta das 14h20 e, inicialmente, as crianças se apresentaram individualmente. Davi estava entre elas. Tímidos ou desinibidos, cada um conseguiu exibir os golpes aprendidos nas aulas sob olhares atentos e orgulhosos dos professores e dos pais.

Contente com sua trajetória, Estéfani dos Santos, 8, não escondeu a empolgação com o batizado. “Aprendi o golpe martelo, estrelinha e tudo que eu tanto gosto. Agora, eu quero tanto ter uma corda, porque quero aprender um bocado de golpe legal. Estou ansiosa”, confessou, inquieta enquanto esperava a cerimônia de batismo começar.

Na capoeira, o batizado é o evento em que o aluno joga pela primeira vez na presença de mestres e capoeiristas experientes e recebe sua primeira corda simbólica. Desta vez, não foi diferente. Os alunos dividiram o centro do círculo formado com mestres e, em seguida, ganharam a tão sonhada corda. Professor e contramestre de capoeira, Aléssio Carvalho, 29, explica que o significado do simbolismo é ancestral. 

“Quando o aluno pega a primeira corda, ele se torna realmente capoeirista e ganha o nome de capoeira, que é algo que vem dos nossos ancestrais e dá um nome fictício aos jogadores. No tempo da escravidão, os capoeiristas tinham um nome diferente do de batismo para confundir os senhores escravistas”, esclarece.

Mestres fizeram a entrega e colocação das cordas nos mini capoeiristas (Foto: Paula Froés/CORREIO)

Diante de tanta riqueza cultural e histórica, o coordenador do projeto, Maurício Lima, destaca que a ação vai além da capoeira. Nos encontros, os alunos também são ensinados sobre a cultura africana, berço das técnicas desenvolvidas nas aulas práticas. “O projeto tem outras ações interessantes, que é o griô de capoeira, quando vem um mestre e conta a história da arte marcial e como a capoeira transformou sua vida. A partir daí, nós trabalhamos a sequência de golpes na capoeira, oficinas relacionadas às danças afro-brasileiras, como samba de roda, puxada de rede e maculelê”, explica.

Para Júlio Freitas, superintendente da CCR Metrô Bahia, a avaliação da atividade foi positiva. “Buscamos incentivar cada vez mais a prática de esportes nas comunidades do entorno da CCR Metrô Bahia, e participar deste momento na vida desses jovens mostra que estamos no caminho certo”, finalizou.
 

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo

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