Dois certificados indicam, em detalhes, a composição das joias sauditas trazidas irregularmente pelo governo Bolsonaro ao Brasil. Tratam-se de pacotes com itens como relógio, colar e brincos, encontrados na mala da comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em 2021. Nesta segunda-feira (14/3), ele prestou depoimento e afirmou que os objetos foram um “presente de estado” do governo da Arábia Saudita para o Brasil. Quando o pacote foi apreendido, o então ministro disse que tratava-se de presente para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
De acordo com informações do Jornal Nacional, os certificados indicam que as joias saíram de uma tradicional joalheria da Arábia Saudita. Um dos certificados trata especificamente do relógio Suíço da marca Chopard: ele é composto por ouro branco e 358 diamantes, de tamanhos diferentes, dispostos na parte frontal, no mostrador e na pulseira.
O segundo certificado indica que o conjunto formado pelo par de brincos, colar e anel tem 158,7 gramas de ouro branco. Os diamantes variam de 2.67 a 64.55 quilates, medida que faz referência ao tamanho das pedras.
Vale lembrar que parte das joias trazidas pela comitiva ficou apreendida, enquanto outra parte chegou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um pacote, composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes, ficou no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU). Os objetos foram encontrados por agentes da Receita Federal na bagagem de Marcos Soeiro, assessor do então ministro.
No Brasil, a Receita Federal determina que qualquer bem com valor superior a US$ 1 mil seja declarado ao entrar no país. Caso optasse por declarar as joias, o clã Bolsonaro precisaria pagar um imposto de importação, que equivale a 50% do valor estimado dos objetos. Para recuperá-los, além da taxa, seria necessário pagar multa de 25% pela apreensão.
Depoimento de Bento Albuquerque vai de encontro a BolsonaroA versão dada pelo ex-ministro à Polícia Federal sobre as joias diverge do que disse Jair Bolsonaro (PL) em nota publicada por Frederick Wassef, advogado que acompanhava o caso. Bento afirmou que as joias eram um presente para o Estado brasileiro, não personalíssimo, como alegou a defesa do ex-presidente.
Na nota, o então advogado de Bolsonaro no caso afirmou que o ex-chefe do Executivo federal agiu dentro da lei e “declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens, não existindo qualquer irregularidade em suas condutas”.