Uma cidade perdida e repleta de riquezas, quase uma mistura de Atlântida com Eldorado: essa seria Ratanabá. Nos últimos dias, surgiu nas redes sociais um boato de que a floresta Amazônica esconde uma civilização antiga e que, por isso, diversos estrangeiros estariam de olho lá.
A história começou a ser divulgada por um instituto chamado Dakila Pesquisas, que não tem qualquer vinculação com institutos de pesquisas de universidades ou órgãos oficiais e nem artigos em publicações científicas. Aliás, também não existe nenhuma evidência da existência da tal cidade.
Segundo o tal instituto, a cidade teria 450 milhões de anos (o ser-humano existe a cerca de 1 milhão). Nenhum dos supostos pesquisadores informa o currículo Lattes ou dão evidências da descoberta.
Esse mesmo instituto defende outras teorias como a terra plana e faz parte de movimentos anti-vacina.
O CEO ou líder do instituto é Urandir Oliveira. Ele ganhou notoriedade em 2010 quando difundiu o boato da existência do “ET Bilu”. A TV Record chegou a fazer uma reportagem investigativa sobre o tema.
Oliveira já foi homenageado pela Assembleia de Legislativa do Mato Grosso do Sul e recebeu o título de cidadão campo-grandense na Câmara Municipal.
Outra teoria dele é de que a “Amazônia não queima”. O assunto chegou até o presidente Jair Bolsonaro, que replicou a tese na abertura da Assembleia Anual da Organização das Nações Unidas (Onu) de 2020.
Urandir chegou a ser recebido pelo ex-secretário da Cultura de Bolsonaro Mario Frias em Brasília em 2020.
No entanto, Ratanabá já é um assunto comentado há mais de 10 anos pelo ‘pesquisador’. De acordo com a tese, é o real interesse dos estrangeiros do Brasil, das Ongs internacionais e até de Elon Musk. Todos estariam atrás desse grande tesouro soterrado.
Em entrevistas, ele já defendeu que as riquezas presentes na cidade seriam o suficiente para “deixar todos os brasileiros milionários”.
Ou seja: teria que ter, ao menos, R$ 200 trilhões lá. Para efeito de comparação, o PIB do Brasil em 2020 foi de menos de R$ 20 trilhões.
Além de Urandir, a tese também foi replicada em algumas páginas de fofoca, como a ‘Choquei’. Influencers como Dani Russo também falaram do tema, tratando-o como verdade.
No entanto, novamente, não existe nenhuma evidência da tal cidade.