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Reduto da boemia e da resistência, bar de Salvador é tema de documentário

Estamos ali, entre o fim dos anos 1970 e começo dos anos 80. O país começava a conhecer a abertura política e a ditadura militar se esvaía. Mas ainda havia resquícios de um governo linha-dura, não se pode negar. E ali nas imediações do Campo Grande, perto do Palácio da Aclamação, surgia um espaço de resistência, que se tornou reduto da intelectualidade baiana e da militância da esquerda 😮 bar Quintal do Raso da Catarina.

Passados mais de 40 anos, ele continua lá, intacto e ainda bastante frequentado. Com essas quatro décadas, o que não faltam são histórias envolvendo o Quintal, que, agora, ganhará um registro no cinema: será lançado nesta quinta-feira (15), às 19h, no Metha Glauber Rocha, o documentário O Senhor do Raso da Catarina, com roteiro e direção de Dody Só.

Dody, que é também ator, graduou-se em cinema e tem outros docs lançados: um sobre o Forte de São Marcelo e outro sobre o engenheiro baiano Teodoro Sampaio. O diretor, frequentador assíduo do Quintal – especialmente entre os anos 1980 e 1990 -, começou a pensar em filmar a história do bar em 2016, quando conversou com o antigo proprietário e fundador, Antônio Franco Barretto.

“Franco logo se interessou e comecei a escrever o roteiro. Disse que a ideia era falar do Quintal, mas que queria partir da história do próprio Franco. Por isso, fomos até a cidade dele, Paulo Afonso, onde foi criado”.

Hoje, Franco vive em Salvador e passou a propriedade para outros sócios. Agora, o bar pertence a Jorge Queirós e Graça Novais.

Dody e Franco passaram também por cidades como Piranhas e Canindé de São Francisco, na mesma região. Parte da viagem está no filme. Dody lembra que, quando o carro se aproximou de Paulo Afonso, Franco fez questão de assumir o volante: “Ele disse que queria entrar na cidade dele dirigindo. Nós tínhamos um motorista, mas ele fez questão de pegar o volante na hora de entrar na cidade”, diverte-se Dody, com a lembrança.

Ali, Franco lembrou-se de amigos como Julival e contou histórias antigas. “Encontramos as filhas de Julival e paramos num lugar para tomar uma cachaça. Franco me disse que quem passava pela cidade tinha que tomar uma dose daquela bebida, para ser ‘batizado’. Ô, cachaça forte da moléstia”, diverte-se Dody contando. Franco, claro, também bebeu.

divulgação
Bule-Bule é um dos entrevistados do filme, dirigido por Dody (Foto: Divulgação)

Famosos e anônimos

Em Salvador, as filmagens aconteceram quase todas, naturalmente, no Quintal. A única exceção foi a entrevista com o músico Xangai, que aconteceu no camarim do artista, em um show que fez em Salvador. O músico era frequentador do bar e às vezes até cantava por lá, como o repentista Bule-Bule e o cantor e compositor Wilson Aragão (autor de Capim Guiné, que ficou conhecida na voz de Raul Seixas). Muitos dos artistas que iam ao Quintal foram entrevistados e estão no filme, inclusive esses citados.

Para escolher os entrevistados, Dody pediu indicação ao próprio Franco, que apontou anônimos e celebridades.

“Nessas conversas, lembramos de muita coisa importante que aconteceu lá dentro. Sérgio Siqueira [ex-gerente de criação e produção da Rede Bahia] disse que fechou lá um contrato com Elomar [músico]. Fábia Reis [atual secretária estadual de assistência social] pediu o marido em casamento lá”, observa Dody.

O diretor diz que realizou o filme sem recursos de editais, embora até tenha concorrido, mas não teve sucesso. Decidiu então, recorrer às colaborações de amigos e conhecidos: um ajudava na alimentação da equipe; outro dava uma contribuição em dinheiro; um terceiro cedia equipamentos… “Sou um artista ousado! E também coloquei dinheiro próprio, embora não seja um mecenas. Mas tinha que fazer esse filme”, orgulha-se Dody. Por enquanto, não há previsão de o doc entrar em circuito comercial, mas o diretor pretende emplacar o filme em festivais.

Serviço
Lançamento do documentário ‘O Senhor do Raso da Catarina’
Local: Cine Metha Glauber Rocha (Praça Castro Alves)
Data: Quinta-feira (15), 19h
Grátis (entrada sujeita à lotação do cinema)

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