InícioEditorialPolítica NacionalRelator vota pela inelegibilidade de Bolsonaro por 8 anos

Relator vota pela inelegibilidade de Bolsonaro por 8 anos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou na noite desta quinta-feira, 27, a votação da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos, por suposto abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação na reunião com embaixadores estrangeiros, em 28 de julho do ano passado, na qual o ex-presidente questionou a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas.Na abertura de seu voto, o relator da ação e corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves votou pela aceitação parcial da denúncia apresentada pela sigla de esquerda e a favor da inelegibilidade de Bolsonaro “em razão de sua responsabilidade direta e pessoal” na realização de atos ilícitos comprovados nos autos. A aceitação de maneira parcial da ação ocorre após o relator votar pela absolvição de Braga Netto, já que, no entendimento de Gonçalves, não foi “demonstrada sua responsabilidade” na acusação impetrada pelo PDT e o corregedor-geral votou pela sua absolvição.

O documento completo de seu voto teve 382 páginas e, para facilitar e agilizar a sessão da Corte eleitoral, foi feito um resumo do entendimento. Na sequência, Gonçalves explicou que a admissão da minuta do Estado de sítio encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Anderson Torres – que previa uma intervenção no TSE após as eleições -, “não confronta e não contraria” a jurisprudência da Corte e rechaçou haver similaridades entre a ação contra o ex-presidente com o julgamento da chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), em 2014. “Não é possível fechar os olhos a discursos que colocam em cheque a credibilidade da Justiça Eleitoral. […] A divulgação de notícias falsas é, em tese, capaz de vulnerar bens jurídicos eleitorais de caráter difuso, desde que sejam efetivamente graves, e assim se amoldem ao conceito de abuso. […] Já assinalamos que um fato sabidamente inverídico justifica o direito de resposta de candidato candidato, partido ou coligação atingida”, apontou o corregedor-geral em sua decisão antes de apontar ações do ex-presidente que colocaria a democracia em risco. “O primeiro investigado (Jair Bolsonaro) disparou alertas em relação ao risco de a democracia ruir, com a proclamação de um presidente que poderia não ser mais votado nas urnas”, completou.

O corregedor-geral também apontou que o réu da ação se enxergava como um militar da ativa no comando de uma tropa. Em relação à reunião com embaixadores, Benedito considerou que o ex-mandatário é “integral e pessoalmente responsável pela concepção intelectual” do encontro ocorrido no Palácio do Planalto, em julho de 2022. O relator da ação também apontou que o ex-presidente demonstra “preocupante descaso” contra a democracia no país e que houve difusão de informações falsas para convencer brasileiros de “graves riscos” durante o processo eleitoral. Segundo Gonçalves, há sobre Bolsonaro uma “perturbadora interpretação da ideia de autoridade suprema de presidente da República”. “O primeiro investigado (Jair Bolsonaro) difundiu informações falsas direcionadas a convencer que havia graves riscos que as eleições de 2022 fossem fraudadas. O evento foi transmitido ao vivo pela TV e provocando a remoção do conteúdo por iniciativa do YouTube. […] A conduta de severa desordem informacional sobre o sistema eletrônico de votação, sob o benefício do investigado”, pontuou.

Nas suas considerações finais, Gonçalves pontua que o ex-presidente da República criou uma série de “inimigos imaginários” quando passou a realizar ataques aos membros do TSE e o sistema eletrônico de votação. Relator também citou “conspiracionismo” e “vitimização” ao difundir dúvidas sobre o processo eleitoral após levar a população a um “estado de paranoia coletiva” e a Justiça Eleitoral a um “completo descrédito”. Por fim, Benedito considerou que as ações de Bolsonaro serviram de “combustível para sentimento anti institucional” ao desprezar materiais produzidos pelo Tribunal Superior Eleitoral e optar por “exercitar prática discursiva de lives em frente a embaixadores e reafirmar desconfiança infundada”. “Com habilidade, costurou um retalho de informações falsas, tão natural de sua fala que soava legítimo”, analisou o ministro.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Últimas notícias

Lula diz ter acionado STF para negociar desoneração com empresários

Presidente afirmou que a medida, como estava, serve apenas para “aumentar o lucro” de...

Um ano após tratamento CAR-T, paciente segue em remissão do câncer

O paciente Paulo Peregrino, de 62 anos, que alcançou a remissão de seu câncer...

Haddad defende linha de crédito para reconstruir casas no Rio Grande do Sul

Diante dos severos danos causados por catástrofes naturais no Rio Grande do Sul, o...

Mais para você