Nas estradas, um caminhão extrapesado pode transportar até 23 toneladas de carga. No caso do S-Way, lançamento da Iveco, seu motor de 12.9 litros de seis cilindros a diesel desenvolve para isso entre 450 cv e 540 cv de potência. O torque pode chegar aos 260 kgfm – como comparação, um Fiat Mobi 1.0 rende no máximo 74 cv e 9,7 kgfm.
O S-Way está também nos autódromos neste ano, seguindo o calendário da Copa Truck. Além de atuar com Safety Truck, na mesma configuração que encara as rodovias, o utilitário chega às pistas em uma versão especialmente preparada para competição.
A base é a mesma, mas muita coisa muda no extrapesado. O motor Cursor 13, que é fornecido pela FPT, é modificado é passa a produzir mais de 1mil cv de potência e alcança os 305 kgfm de torque. Essa usina de força leva o caminhão de corrida com mais de 5 toneladas aos 240 km/h – quase o dobro do modelo convencional.
O caminhão convencional e as versões de competição do caminhão da Iveco |
Edinilson Almeida, especialista de marketing de produto da FPT Industrial, explica que o desenvolvimento do propulsor, que é produzido na Argentina, foi realizado no Brasil, durante a pré-temporada. Meses de treinos em pistas, simulações, testes estáticos, em bancada e verificações em dinamômetro envolveram o time de engenheiros, mecânicos e pilotos.
Para melhorar o rendimento, a engenharia da Iveco – que tem fábrica em Sete Lagoas (MG) – modificou outros componentes do conjunto motriz. O eixo traseiro, produzido pela Meritor, é em alumínio, para ficar mais curto. O cardã é mais curto e a transmissão automatizada de 12 velocidades feita pela ZF foi substituída por um câmbio manual de seis marchas.
Para a temporada deste ano, os caminhões de corrida se adequaram às novas regras de emissões e utilizam alguns equipamentos em comum, como o turbocompressor.
A bordo do truck
Pilotei um dos quatro caminhões da Iveco que competem na temporada 2023. O modelo cedido para o teste foi o número 21, que pertence a Djalma Pivetta, proprietário da equipe Iveco Usual Racing. Responsabilidade grande, pois essa era a máquina que o piloto, que já foi caminhoneiro, usaria na etapa de estreia deste ano, que aconteceu no Autódromo Internacional de Goiânia.
Dê play e confira as sensações a bordo do Iveco S-Way da Copa Truck |
Na cabine, nada lembra o conforto do S-Way, caminhão topo de linha da marca. O caminhão rodoviário conta com cama, sistema de iluminação personalizável e um tecnológicas de auxílio à condução. Entre os destaques estão o piloto automático adaptativo e a frenagem autônoma de emergência. No caminhão de corridas não há ar-condicionado e o banco é fixo. O cinto de segurança é fixo e preso em seis pontos. É preciso que um membro da equipe faça os ajustes.
Pivetta recomendou cuidado com a embreagem, pois seria a mesma utilizada nos treinos oficiais e na corrida. O caminhão tinha sido montado recentemente e alguns detalhes ainda precisavam de ajustes mais finos.
Saí e notei logo que o câmbio seria o maior desafio, para completar, a pista estava úmida. Com tração traseira e mais de 5 toneladas – só o motor pesa 1.150 kg -, o truck de competição é desafiador para ser guiado, mas muito empolgante, principalmente quando o acelerador desperta o motorzão que ronca forte, acompanhado do assovio da turbina.
A luxuosa e tecnológica cabine do Iveco extrapesado |
O caminhão freia muito bem e o posicionamento do conjunto motriz melhora o centro de gravidade, o que reflete na estabilidade do veículo. É uma máquina que atiça a vontade de pilotar mais e mais.
A próxima etapa da Copa Truck acontece neste final de semana, no Autódromo de Londrina, no Paraná.
*O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA IVECO