É triste perceber o quanto a gordofobia é algo latente ainda hoje, principalmente na formação de novos seres humanos. A literatura infantil é uma poderosa ferramenta para a estruturação do nosso amanhã e uma excelente aliada a tocar em assuntos que são considerados delicados para crianças.
Recentemente foi noticiado que os livros do imortal escritor britânico Roald Dahl, autor de grandes obras como “Matilda” e “A Fantástica Fábrica de Chocolate” estão sendo revisadas para torná-las “mais inclusivas”.
A decisão da Editora Puffin Books, pertencente ao grupo Penguin Random House, e pela Roald Dahl Story Company, responsável pela administração das obras de Dahl está dividindo opiniões.
As modificações em destaque são, principalmente, sobre o corpo das personagens, como o adjetivo “gordo”, por exemplo, substituindo por “enorme”. O que há de inclusão neste caso? Ou seria exclusão? Qual a problemática em um personagem ser gordo?
Segundo a poetisa e autora indiano-britânica Debjani Chatterjee, essa alteração ficou ainda “mais divertida”. Até quando o corpo gordo continuará sendo alvo de chacota e será visto de forma pejorativa e engraçada?
Se a literatura infantil é um potencial a ser usado como inclusão e respeito à diversidade de gênero, raça e corpos, por que se divertir sobre algo que alguém é ou está?
Refletir sobre essa literatura é justamente olhar com cuidado para a formação de um amanhã mais tolerante e respeitoso. Por isso, trago cinco indicações de histórias com protagonismo gordo construídas de cuidadosa e inclusiva:
- “Meu corpo pode”, de Katie Crenshaw, tradução de Alexandra Gurgel (Galerinha)
- “Corpo, Corpinho, Corpão”, de Mey Clerici e Ivanke, tradução de Nina Rizzi (Brinque-Book)
- “Nosso corpo é demais”, de Tyler Feder, tradução de Laura Folgueira (Melhoramentos)
- “O brincoder de Pepe”, de Deko Lipe (Se Liga Editorial)
- “Da raiz do cabelo até a ponta do pé”, de Emília Nuñez (Tibi).
Deko Lipe é autor de ‘O brincoder de Pepe’ (Foto: Divulgação) |
*Deko Lipe é escritor.