InícioEntretenimentoCelebridadeRita Lee é eterna deusa da liberdade (e do rock) 

Rita Lee é eterna deusa da liberdade (e do rock) 

Rita Lee não curtia ser chamada de rainha do rock brasileiro: “Acho um tanto cafona”. Preferia mesmo o título de padroeira da liberdade. A cantora, a maior letrista do pop & rock brazuca, deixou este plano na madrugada de terça-feira (9), vítima do câncer de pulmão que tratava desde 2021. O velório, aberto ao público, acontece hoje no Planetário do Parque do Ibirapuera, São Paulo.  Em seguida, o corpo da artista será cremado em cerimônia privada. O presidente Lula decretou luto oficial de três dias.

Rainha ou padroeira, pouco importa. Rita Lee viveu seus 75 anos como a deusa da liberdade (e do rock) que era. O humor extraordinário, a coragem à frente do seu tempo, a sinceridade desconcertante, o apreço aos direitos das mulheres e dos animais, a obra irretocável, além da capacidade de ser unanimidade, são apenas algumas das credenciais que garantem a permanência eterna de Ritinha no altar dos maiorais da MPB. De quebra, fez um monte de gente feliz.

A cantora, o marido Roberto de Carvalho e os três filhos do casal, Beto, João e Antônio, chegaram a festejar a cura do câncer em 2022, quando exames mostraram a remissão do tumor batizado de  “Jair”, em referência ao ex-presidente. Ainda frágil por causa do tratamento, ela decidiu escrever a segunda parte da autobiografia para narrar a luta contra a doença. Em fevereiro deste ano, voltou a ser internada e dias depois retornou para casa, de onde os fãs viam seus registros nas redes sociais. A última aparição foi feita pelo marido, em 15 de abril, assistindo ao tributo que o programa Altas Horas fez para ela.

Coragem e ousadia
Paulistana da Vila Madalena, Rita Lee Jones nasceu em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs. Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino e fez apresentações em festas de escolas. 

Em 1964, encanrou esse tal de roquenrol no grupo Six Sided Rockers, que, dois anos depois,  deu origem aos Mutantes, com quem gravou seis discos. Com Sergio Dias e Arnaldo Baptista, participou do álbum Tropicália ou Panis et Circensis, de 1968, a gravação seminal da Tropicália. 

Depois da separação de Arnaldo, com quem foi casada, Rita partiu para carreira solo e, em 1975, gravou o álbum Fruto Proibido. A partir de 1979,  começou a trabalhar em parceria com Roberto de Carvalho. Daí em diante, compôs clássicos como Mania de Você, Chega Mais, Doce Vampiro, Lança Perfume,  Baila Comigo e Cor de Rosa Choque.

Em 2001, ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com 3001. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra. Em 2012,  anunciou que deixaria os palcos: “Me aposento dos shows, mas da música nunca”. Em janeiro daquele ano, fez o último show da carreira em Sergipe, onde, com a coragem habitual, enfrentou a  polícia que intimidava o público. Resultado: recebeu a segunda voz de prisão da trajetória, mas ao contrário da primeira vez, quando ficou dez dias detida por porte de maconha, foi liberada em seguida.

Cantora deixou ‘profecia’ sobre sua morte em autobiografia
“Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”. Rita Lee finalizou com este epitáfio o capítulo Profecia na autobiografia lançada em 2016: “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão Ovelha Negra, as tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk’. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: ‘Thank you Lord, finally sedated’”.

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