São Paulo — Sacado da presidência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) por falta de currículo para exercer o cargo, em 2020, o advogado Johnni Hunter está de volta a um cargo no governo federal. Ligado a políticos do Centrão, ele assumiu a gerência de regulação do Porto de Santos, por um salário de R$ 33 mil mensais.
Como mostrou o Metrópoles nesta segunda-feira (4/3), mais de uma dezena de cargos na cúpula do Porto de Santos está nas mãos de políticos, parentes e assessores, e ainda parceiros do diretor-presidente da Autoridade Portuária, Anderson Pomini, na advocacia. Johnni Hunter é um deles.
ADVOGADO JOHNNI HUNTER TEVE CARGO QUESTIONADO NA CEAGESP E HOJE ESTÁ NO PORTO DE SANTOS – METRÓPOLES
Advogado Johnni Hunter foi presidente da Ceagesp e teve cargo questionado pela CGU; hoje, está na gerência de regulação do Porto de Santos Reprodução
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O porto de Santos Priscila Zambotto/Getty Images
CUNHADO DE JOÃO PAULO CUNHA É ASSESSOR NO PORTO DE SANTOS – METRÓPOLES
Cunhado de João Paulo Cunha, Valter Pucharelli também ganhou assessoria no Porto de Santos Reprodução
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imagem de drone do porto de Santos lotado de containeres Fábio Vieira/Metrópoles
IRMÃO DO DEPUTADO DELEGADO DA CUNHA TEM CARGO NO PORTO DE SANTOS – METRÓPOLES
Irmão do deputado oposicionista Delegado da Cunha, Claudio Randriney da Cunha foi nomeado no Porto de Santos Reprodução
Hunter é aliado de políticos de diversos partidos. Entre eles, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Carlos Pignatari (PSDB), de quem foi assessor, e o deputado federal Fausto Pinato (PP), que teve peso em sua indicação à presidência da Ceagesp em 2017, durante o governo de Michel Temer (MDB).
Em 2018, a Controladoria-Geral da União (CGU) fez uma auditoria na Ceagesp e concluiu que Johnni Hunter não tinha “notório conhecimento” compatível com o cargo de presidente da empresa pública, ligada ao Ministério da Agricultura. Em meio à pressão do órgão, a Justiça também reconheceu a falta de currículo de Hunter em uma ação popular movida contra sua nomeação e a tornou nula.
Após a gestão de Hunter, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou o Coronel da Reserva da Polícia Militar (PM) Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, aliadíssimo do ex-presidente. Ele chegou a identificar suspeitas de irregularidades na gestão de seu antecessor e encaminhou o material à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF).
Os órgãos de investigação, no entanto, nunca deflagraram uma operação policial contra Hunter, nem há notícia de como ficou a investigação. Hunter é um entre mais de uma dezena de nomes de indicações políticas no Porto de Santos. Ele afirma ter sido indicado pelo presidente do Porto, Anderson Pomini.
“Minha indicação é do Presidente Anderson Pomini, conhecido de longa data e por preencher os requisitos legais, ter experiência e formação acadêmica compatível, conforme a Cia. exige”, afirma ao Metrópoles. Ele também lembra que foi aprovado pelo Comitê de Elegibilidade da Ceagesp à época em que presidiu a Companhia.
“Tenho todas as credenciais para a função, vasta experiência em empresas públicas de grande porte, como a Ceagesp, onde exerci o cargo de presidente por mais de 3 anos, dentre outras funções em cargos públicos exercidos desde 2006”, diz.