O então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu pessoalmente o segundo pacote de joias trazidas ilegalmente da Arábia Saudita ao Brasil. É o que diz reportagem do Estadão, publicada nesta terça-feira (7/3). Os objetos teriam sido entregues a Bolsonaro em novembro de 2022 pela comitiva de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia (MME). Uma outra remessa de joias, um suposto presente para Michelle Bolsonaro (PL), avaliado em R$ 16,5 milhões, foi retida na Alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
No pacote entregue a Bolsonaro estavam um relógio com pulseira em couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gol, um anel e um masbaha rose gold, todos da Chopard, uma marca suíça de luxo.
Um documento comprova a entrega da remessa de joias no Palácio da Alvorada na tarde do dia 29 de novembro de 2022 e atesta a visualização dos itens por Bolsonaro. O recibo foi assinado por Rodrigo Carlos do Santos, que seria funcionário do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência.
Antes, esse segundo pacote de joias, que não foi declarado pela comitiva de Bento Albuquerque ao entrar no Brasil, ficou nos cofres do Ministério de Minas e Energia por mais de um ano.
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O documento contraria a versão de Bolsonaro. “Estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não pedi e nem recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso”, disse o ex-presidente em evento realizado nos EUA, onde está desde o fim do ano passado.
Entenda o caso das joiasComo revelou o jornal na última sexta-feira (3/3), o governo Bolsonaro tentou trazer ao Brasil, ilegalmente, diversas joias avaliadas em mais de R$ 16 milhões. Os objetos seriam presente do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que visitou o país árabe em outubro de 2021, acompanhando a comitiva presidencial. Tratam-se de anel, colar, relógio e brincos de diamante.
O pacote de joias foi apreendido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. No Brasil, a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado à Receita Federal. Dessa forma, o agente do órgão reteve os diamantes.
O governo Bolsonaro teria tentado recuperar as joias acionando três ministérios: Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. Numa quarta movimentação para reaver os objetos, realizada a três dias de o então presidente deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar a Guarulhos. O homem teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.