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Skank dá adeus aos fãs baianos neste sábado (11)

A notícia do fim do Skank, em 2019, surpreendeu os fãs. Afinal, não havia uma crise conhecida nem um desentendimento entre os integrantes que pudesse resultar na separação de um grupo que estava junto já havia 28 anos.

“Não teve briga nem nada que pesasse para uma decisão figadal, somente um desejo por experimentação, por correr riscos e buscar outras formas de realização sem ser como Skank.”

Logo no início do ano seguinte, Samuel Rosa (vocal, guitarra e violão), Henrique Portugal (teclados, violão e vocal de apoio), Lelo Zaneti (baixo e vocal de apoio) e Haroldo Ferretti (bateria) deram início à turnê Skank – 30 Anos, que seria a última dos quatro músicos juntos. Chegaram até a passar por Salvador, em março de 2020, e fizeram um show na Concha Acústica. Mas em seguida veio a pandemia de covid, que os obrigou a interromper a despedida.

Depois de algumas lives realizadas durante o isolamento e com o arrefecimento da pandemia, voltaram ao palco, com a turnê, que era praticamente a mesma, mas com um nome que dava mais clareza ao objetivo da série de shows: Turnê de Despedida. E agora eles voltam a Salvador para dar um adeus definitivo aos fãs, neste sábado (11), na Arena Fonte Nova, às 23h, com abertura dos portões às 23h.

Setlist

O repertório é basicamente o mesmo daquele de três anos atrás, com uma enxurrada de sucessos de uma das bandas pop que mais emplacou canções na história do rádio nacional. E o que impressiona é que são hits das mais diversas fases, dos mais variados gêneros: desde o reggae mais “raiz”, do primeiro álbum, até a fase psicodélica de Cosmotron (2003), passando por um momento mais “roqueiro”, do disco Maquinarama (2000).

Skank, em Salvador, em 1993 (Foto: Mário Marques/arquivo CORREIO)

Esse último álbum, que representou uma revolução no som do grupo, foi tão representativo, que Samuel confessou ter medo do que viria depois dele: “Foi uma reviravolta. A gente teve medo de romper com uma estética que nos consagrou”. A declaração foi dada pelo vocalista em seu canal oficial no YouTube, onde responde a perguntas de fãs e conta ótimas histórias de bastidores.

Samuel falou também sobre como seleciona o repertório das apresentações: “Gosto de discutir o repertório com Haroldo [baterista], que é com quem mais discuto essa parte. O Skank é setorizado, cada um cuida de um negócio”, diz, brincando. Embora haja um roteiro, Samuel diz que, a depender do clima, podem surgir surpresas:

“Há uma flexibilidade: no palco, a gente rapidamente se olha, e diz vamos tocar essa! É o entrosamento de 30 anos”.

Mas Samuel diz que há algumas canções que não podem ficar de fora, sob pena de os músicos serem “linchados” pela plateia. Embora não cite que canções são essas, não se pode imaginar, por exemplo, Garota Nacional de fora do repertório. A música, que fez parte do terceiro álbum do grupo, O Samba Poconé (1996), abriu as portas da carreira internacional para o quarteto de Minas Gerais.

“Garota Nacional é o nosso hit internacional, pois chegou a primeiro lugar na Espanha, entre as cinco mais tocadas na Itália, nos deu um disco de ouro no Chile e outras coisas. Isso, numa época que não tinha internet e nem Youtube para espalhar as músicas. Tocamos em quase vinte países por conta do sucesso desta canção”, lembra o tecladista Henrique Portugal, em conversa por email com o CORREIO.

Calango

O Samba Poconé confirmou o sucesso gigantesco que Henrique e os colegas haviam feito com Calango, o disco de 1994. Com o perdão do exagero, qualquer adjetivo aqui é pouco para definir o alcance daquele álbum: além de ter vendido mais de 1,2 milhão de cópias, saíram dali nada menos que sete clássicos do grupo, até hoje facilmente lembrados por quem viveu aquela época.

Não é à toa, que estão no show seis canções de Calango: Jackie Tequila; Esmola; O Beijo e a Reza; É Proibido Fumar; Te Ver e Pacato Cidadão. E olha que ficou de fora Amolação, outro grande sucesso do disco, de uma época em que o streaming nem sonhava em existir e o rádio é que mandava.

O Skank surgiu numa época em que o CD ainda engatinhava no Brasil e o formato era uma febre. Ter um daqueles disquinhos dourados, que eram tecnologia pura, era, para muitos, mais atraente do que ouvir a música. A banda é tão longeva que nessas três décadas passou pelos mais diversos suportes de música: vendeu milhões de CDs, emplacou sucessos no rádio, em novelas, em comerciais de TV e fez clipes inesquecíveis, como o de Garota Nacional.

Aquele vídeo tinha musas como Carla Marins, Paula Burlamaqui, Ingra Liberato e Paloma Duarte. Hoje, a MTV, que passava o clipe inúmeras vezes por dia, nem existe mais. Pelo menos, não a velha MTV, cuja programação era praticamente 100% de videoclipes.

E como a banda enxerga essa passagem do tempo na indústria musical? “Depois de passar por tantas mudanças, continuo acreditando que o mais importante é que a música seja boa.  As mudanças tecnológicas acabaram mudando a forma como as pessoas escutam música. Escutei outro dia de um amigo que esta é a geração “skiper”. Isto é: muita pressa para assimilar informação e quando algo não agrada, eles mudam para o próximo.  Isto mudou o jeito de compor e produzir canções.  Mas esta aceleração tem limite. Quem sabe a próxima geração volte a ser mais paciente e volte a escutar longas canções…”, diz  Henrique Portugal.

Mas afinal, se como dissemos no início do texto, não houve brigas nem crises, por que a banda decidiu que chegou o fim da linha? “Me dei conta de que estou numa banda desde os 16 anos de idade. Por que tenho que ficar alinhado desde os 16 anos com outros três ou quatro caras o tempo inteiro e não com tantas outras pessoas interessantes que existem no mundo? Não se trata de um desamor, é apenas uma questão de ver que metade da vida já se foi e você não pode fechar porta para tantas outras opções”, disse Samuel Rosa, hoje aos 53 anos, em entrevista a Marcelo Tas, na TV Cultura.

Turnê Despedida, do Skank
Data: 11 de março de 2023
Local: Arena Fonte Nova
Horário: Abertura dos portões, 20h. Show, 23h
Acesso: Praça Sul, Dique do Tororó
Venda de Ingressos: www.ticket360.com.br e nas lojas Pida
Preços: R$ 126,50 | R$ 253 (Arena); R$ 160 (Arena Solidário); R$ 195,50 | R$ 391 (Front Stage)
Estacionamento: Os tickets podem ser comprados com antecedência no site da Estapar: https://www.estapar.com.br/unidades/itaipava-arena-fonte-nova/2852

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