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Soco no rosto e ameaças: 1 médico sofre violência a cada 2 dias no DF

A cada dois dias, em média, um profissional de medicina que atua no Distrito Federal é vítima de violência durante o horário de trabalho. Os dados são da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), solicitados pelo Metrópoles.

De 2015 a 2023, a PCDF emitiu um total de 1.270 boletins de ocorrência relacionados à violência contra médicos na capital do país. Os números, portanto, são referentes aos episódios em que se há registro, podendo haver subnotificação nos casos em que a vítima optou por não fazer a denúncia.

No ano passado o DF bateu recorde de casos: foram 174 ocorrências, maior número desde 2015. Este total gera uma média de 0,48 caso por dia.

Veja:

O número de vítimas é maior do que o de ocorrências porque, em alguns casos, o mesmo episódio reúne mais de um médico agredido.

Médicas sofrem mais

O levantamento solicitado pela reportagem traz mais detalhes dos números. Nota-se, por exemplo, que profissionais do sexo feminino sofrem mais violência do que os homens. De 2015 para cá, dos 1.270 casos de violência, 643 foram com mulheres, contra 627 do sexo masculino.

No ano passado, a PCDF registrou 99 boletins de ocorrência de violência contra médicas, quebrando o recorde de 2022, quando houve 87 casos. O ano em que homens mais foram vítimas foi 2015, com 93 registros.

A maioria dos episódios de violência acontecem em hospitais. Foram 898 casos de 2015 a 2023, contra 173 em postos de saúde/unidades básicas de saúde e 159 em clínicas. Os números englobam ambientes públicos e privados.

Um caso a cada três horas

Os números de todo o país, quando somados, aumentam a média de violência contra médicos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), em média, um profissional do setor é vítima de violência a cada três horas no Brasil. De 2015 a 2023, foram 38.074 casos.

No ranking de unidades federativas, o DF é a sexta com mais episódios de violência, ficando atrás de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco.

Tapas, socos na cara e pisões no peito

Alguns dos casos registrados no DF geraram repercussão à época dos fatos. Em 27 de março deste ano, por exemplo, uma médica gestante foi agredida por uma paciente dentro de um consultório público na Asa Norte.

Segundo a vítima, a agressora “entrou batendo a porta” e começou os ataques. “Pegou a cadeira, colocou na minha frente. Eu disse, ‘senhora, tem de manter distância pelo protocolo de Covid’. Ela veio, meteu a mão na minha cara e gritei por socorro”, desabafou a médica.

A agressora, que tem 42 anos, foi levada à 5ª Delegacia de Polícia, que registrou o caso como lesão corporal. Lá, constatou-se que ela já tinha passagens por agressão.

Outro caso, em outubro de 2008, causou grande espanto na população brasiliense. Um homem de 28 anos deu um soco no rosto de um médico, que teve os óculos quebrados, a boca machucada e ainda caiu no chão com o golpe.

Após a queda, o agressor continuou a bater no profissional, pisando por três vezes no peito dele. O crime ocorreu no Hospital Regional de Samambaia (HRSam).

O autor foi ouvido pela PCDF e liberado em seguida. Ele já tinha passagens por lesão corporal, tentativa de homicídio e perturbação.

Embora tenha ocorrido no Entorno, o caso do médico Pablo Henrique de Araújo Leal, ocorrido em dezembro passado, também causou revolta na população. Pablo foi espancado enquanto trabalhava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Águas Lindas (GO), no dia 11 de dezembro.

Segundo investigações da Polícia Civil de Goiás (PCGO), o agressor teria ficado nervoso ao receber a notícia do falecimento da companheira, que estava internada na unidade, e dado cinco socos no rosto do médico.

À época, Pablo temeu voltar ao trabalho. “Não tenho a menor segurança de que não vai acontecer de novo”, disse, dias depois de ser agredido.

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