São Paulo – No terceiro e último bloco do primeiro debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes voltou a ser alvo de críticas, com seus adversários lembrando do caso da acusação contra o atual chefe da administração municipal de ameaçar agredir sua mulher. Tabata Amaral chamou Nunes de mentiroso por dizer que o BO sobre o caso foi falsificado, o que foi desmentido pela polícia. O candidato à reeleição pelo MDB também foi acusado de ser conivente com a corrupção na cidade e rebateu ao afirmar que os adversários estavam “nervosinhos”.
No dia 16 de julho, a Polícia Civil e a Secretaria da Segurança Pública paulista (SSP) confirmaram que Regina Carnovale Nunes, mulher do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), registrou um boletim de ocorrência (BO) contra ele por ameaça, em fevereiro de 2011, na Delegacia da Mulher.
A informação contradiz o prefeito, que afirmou em sabatina realizada por Folha e UOL no dia 15 de julho, que o BO de violência doméstica feito por sua mulher foi “forjado”. O caso já havia sido explorado na eleição de 2020, quando Nunes era o candidato a vice na chapa do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), que morreu em 2021.
O Metrópoles teve acesso ao boletim de ocorrência registrado pela mulher do prefeito em 2011 e confirmou com a Polícia Civil que ele é verídico. Em nota, a SSP também confirmou que o caso foi registrado pela 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em fevereiro de 2011. “Na ocasião, a vítima compareceu na unidade especializada para comunicar os fatos e a ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Embu Guaçu, responsável pela área dos fatos”, diz a pasta.
O debate da TV Bandeirantes com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, o primeiro da eleição de 2024, reuniu os cinco primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSol), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). Ele foi dividido em três blocos, sendo o primeiro e o último com perguntas entre os oponentes, e um com questões de jornalistas da emissora.
1 de 10
Cinco candidatos posicionados para o debate da Band entre os candidatos à prefeitura de SP
Reprodução- Band
2 de 10
Candidatos participam de debate
Reprodução/YouTube
3 de 10
Ricardo Nunes (MDB) , Guilherme Boulos (PSol) e Pablo Marçal (PRTB) em debate à prefeitura de SP da Band
Reprodução- Band
4 de 10
Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSol) no primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo
Renato Pizzutto/Band
5 de 10
Datena (PSDB) chega ao debate à prefeitura de SP promovido pela Band
6 de 10
Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSol) no primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo
Reprodução/TV Bandeirantes
7 de 10
Ricardo Nunes (MDB) candidato à reeleição ao cargo de prefeito em SP chega ao debate promovido pela Band
8 de 10
Pablo Marçal candidato a prefeito de SP pelo PRTB chega à sede da Band
9 de 10
Tabata Amaral candidata á prefeitura de SP pelo PSB chega à sede da Band
Reprodução-Band
10 de 10
Primeiro debate entre candidatos a prefeito de São Paulo acontece nesta quinta-feira (8/8). Evento é promovido pela Band
Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (8/8), Nunes e Boulos estão tecnicamente empatados na liderança, com 23% e 22% das intenções de voto, respectivamente. Em seguida, aparecem o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o influencer Pablo Marçal (PRTB), com 14% cada. A deputada federal Tabata Amaral (PSB) marca 7%, enquanto a economista Marina Helena (Novo), que não foi convidada para o debate, registra 4%.
O terceiro e último bloco do debate foi como o primeiro: os candidatos responderam a questões programáticas e terão uma rodada inicial de confrontos diretos, em que cada um escolheu um alvo e terá um minuto para formular sua pergunta.
Marçal começou a rodada dando uma indireta de que Guilherme Boulos seria viciado em cocaína. Ele perguntou sobre como é idealizar grupo terrorista e o acusou de romantizar tudo o que é relacionado a terrorismo. Boulos devolveu o ataque o chamando de “quadrilheiro de banco”. Marçal disse que Boulos deve conhecer todas as biqueiras da cidade e quer instituir uma ditadura em São Paulo. Na tréplica, Boulos disse que Marçal “ainda vai voltar para a cadeia por suas mentiras”. O candidato do PSol chamou o influencer de psicopata e recomendou que ele buscasse tratamento. Boulos lembrou ainda que o presidente do partido de Marçal tem relação com o tráfico de drogas.
Boulos mudou de assunto e deu propostas sobre educação, especialmente escola de tempo integral, com atividades culturais, de esporte e curso de idiomas, para dar liberdade a mães e pais para conseguir trabalhar e buscar seus filhos na escola. Ele voltou a cutucar Nunes dizendo que ele comete “desrespeito com a população” fazendo obras e placas sem planejamento para enganar a população.
Na sequência, Tabata Amaral perguntou a Ricardo Nunes sobre a acusação de agressão do prefeito contra sua esposa e o chamou de mentiroso por falar que o BO do caso foi forjado. Nunes disse que nunca levantou um dedo para a mulher, explicando que houve um desentendimento, mas nunca uma agressão. Ele afirmou ainda que foi o prefeito que mais fez ações pelo combate à violência contra a mulher. “Não pode ser vale-tudo em uma campanha”. Tabata ainda acusou Nunes de furar a fila para a realização de um exame de endoscopia. O prefeito disse que é muito positivo ele realizar exames no serviço público. Ele não falou sobre quando agendou o exame.
Nunes questionou Datena sobre a importância das áreas verdes e perguntou o que o tucano vai fazer para ampliar as áreas vegetal e de mata. O jornalista iniciou sua resposta citando uma ameaça de processo feita por Nunes por calúnia e voltou a relacioná-lo com organizações criminosas. Sobre o tema da pergunta, Datena disse que vai fazer licitações para a construção de parques e se disse um “ambientalista”. O prefeito chamou Datena de “desrespeitoso” e voltou a dizer que o tucano “não sabe nada da cidade” e foi condenado várias vezes por crimes que “ele sabe o que é” e pediu o “mínimo de respeito”, ressaltando ter uma “vida limpa”.
Guilherme Boulos perguntou a José Luiz Datena sobre supostos contratos suspeitos na Prefeitura de São Paulo, citando creches, transporte e água no Carnaval. O candidato do PSol focou no contrato de concessão dos cemitérios. Datena acusou Nunes de “não ter respeito nem na hora da morte por esse cidadão” e deu uma indireta a Boulos ao dizer que é contra a polarização, ligando Nunes a Bolsonaro e Boulos a Lula.
José Luiz Datena foi o último a perguntar, escolhendo o prefeito Ricardo Nunes, perguntando por que ele quer tanto a reeleição e quanto vai custar essa disputa com 12 partidos na coligação, com distribuição de emendas e cargos. O atual prefeito mudou de assunto e citou o fundo de desestatização da prefeitura, voltando ao assunto do serviço funerário, falando sobre as melhorias no serviço, mas que ainda há um cronograma a ser cumprido. Na sequência, atacou Datena: “O nível foi lá para baixo, deve estar num Rivotril danado”.
Nas considerações finais, cada candidato foi recomendado a falar sobre um tema específico, entre educação, saúde, segurança, emprego e transporte.
Boulos afirmou que quer ser prefeito por se importar com as pessoas. “Nós vamos mostrar que alguém que veio da periferia pode ser prefeito”. Ele diz acreditar que São Paulo pode ser uma cidade sem corrupção.
Datena focou na segurança pública, se dizendo o candidato que entende mais do tema. O tucano criticou Boulos por querer que a GCM não ande armada com fuzis.
Tabata Amaral lembrou que nasceu e cresceu na periferia de São Paulo e que só chegou onde chegou graças a educação, citando propostas que fez no seu mandato como deputada. Ela atacou Ricardo Nunes dizendo que São Paulo caiu drasticamente em índice de alfabetização.
Pablo Marçal também falou sobre educação, dizendo que o país não tem um sistema de educação, mas sim de escolarização, falando que as crianças não saem preparadas da escola. Ele disse que é dono de uma rede de escolas e defendeu uma mudança de mentalidade para melhorar São Paulo. Segundo ele, educação também reduz a criminalidade.
Ricardo Nunes ironizou os adversários, dizendo que todos estavam muito “nervosinhos”. Ele disse que cidade gera empregos e oportunidades, ressaltando a criação de postos de trabalho durante sua gestão, com a chegada de novas empresas para investir na capital paulista.