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Tem que parar de comer frango e ovo? Entenda como agir após gripe aviária chegar à Bahia

A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma ave silvestre na cidade de Caravelas, no Extremo Sul da Bahia, intensificou a vigilância do setor avícola do estado, responsável pela 8ª maior produção de frango do país e posicionado em primeiro lugar no Nordeste. De acordo com avicultores e associações vinculadas ao setor, o momento é de atenção máxima, ainda que o foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP, vírus H5N1) tenha sido identificado em um animal silvestre. O receio é que, caso o vírus se espalhe entre aves comuns, o problema possa afetar o comércio externo a nível regional e nacional. 

Segundo o Ministério da Agricultura, que na quinta-feira (8) confirmou a doença em uma ave silvestre da espécie trinta-réis-real, localizada em uma praia da cidade de Caravelas, outros dez casos suspeitos foram analisados e descartados no estado. No total, desde o mês de maio, há 30 casos da gripe aviária em animais silvestres do Brasil.  

Presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA), Dario Mascarenhas, enfatiza que a confirmação do primeiro caso da doença na Bahia não altera o cenário atual do setor avicultor. “A possibilidade de alteração nesse estado só existe caso venha a ser constatada a contaminação no plantel comercial. Todos os cuidados para que isso não aconteça já vêm sendo tomados há anos. Os produtores adequaram suas instalações para que as aves não tivessem contato com aves silvestres e migratórias”, pontua. 

Dono da Granja Confinave, situada no município baiano de Candeal, o avicultor Jair Costa, 37, conta que já adotava medidas rigorosas de fiscalização sanitária antes mesmo do primeiro caso de gripe aviária ser confirmado no Brasil. Entre as medidas, estão a proibição de  entrada de pessoas estranhas nas granjas, lavar e desinfetar veículos e equipamentos antes de entrar na propriedade e evitar contato com outras espécies de aves. É graças ao seu zelo e à divulgação de medidas de controle entre os avicultores e associações que ele se diz tranquilo em relação ao primeiro caso confirmado na Bahia. Para ele, só haverá motivo para temer caso as aves comuns sejam contaminadas. 

“Como nós do Brasil somos os maiores produtores de frango do mundo, se a contaminação ocorrer, isso vai afetar o mercado externo. O pessoal vai temer comer o frango e o ovo, e o próprio produtor brasileiro vai precisar escoar o produto internamente. Isso pode afetar a nossa cadeia produtiva e até mexer com o preço. Empresas podem fechar por não conseguir pagar os próprios custos. Isso é um risco muito grande para a nossa economia. Meu temor é esse”, diz Jair. 

Dario Mascarenhas não descarta que um eventual impacto negativo no comércio externo do setor aviário possa surgir a nível nacional se o plantel comercial for contaminado pela doença, mas ele chama atenção para o fato de que a Bahia não possui participação de destaque na exportação de frango. Isso ocorre porque toda a produção aviária baiana é voltada, principalmente, para o consumo dentro do próprio estado. Desse modo, ele não vê perspectiva de crise para os avicultores baianos em função de diminuição de exportações no Brasil. 

“[No entanto], pode vir a ser confirmada uma situação nacional que faça com que as ofertas em excesso baixem de preço e os clientes do nosso estado tenham como opção comprar na mão de outros produtores em estados que tenham participação na exportação”, pondera o presidente da ABA. 

A avicultora e proprietária da Granja Ninho de Ouro, situada no município baiano de Conceição de Feira, Mariza Muniz relata que não teme o impacto nos negócios e ressalta que a venda de ovos até aumentou no último mês. “Sou produtora de ovos caipiras e esse ramo da atividade tem crescido, mesmo com essas notícias da gripe aviária. Estamos sendo bem assessorados e vendo um excelente trabalho de conscientização, então acho que não tem motivo para preocupação. Todos os produtores estão trabalhando de forma tranquila”, afirma. 

Baixo risco para humanos 
Na manhã de sexta-feira (9), o coordenador de Vigilância da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Marcelo Sampaio, disse que duas amostras de aves na Bahia estavam em análise por suspeita de gripe aviária. Pela tarde, o fiscal agropecuário e médico veterinário da entidade, Itamar Garrido, informou que, no total, quatro amostras foram testadas e todas tiveram resultado negativo para a doença.  

No caso da única ave encontrada doente em Caravelas, Itamar Garrido conta que ela foi encaminhada para o laboratório de referência do Ministério da Agricultura, localizado na Unicamp, em São Paulo. Ele afirma que o local onde ela foi encontrada é distante de qualquer outra ave de pequeno porte e também distante de outras aves da região.

Diante do cenário, Itamar garante que não há motivo para o povo baiano temer. “A população pode ficar tranquila. Não tem perigo nenhum de consumir ovos ou carne de frango, porque essa doença não passa por alimento. A única forma de transmissão é da ave para humanos. Não foi cientificamente provado até hoje que houve passagem de humanos para humanos”, alega. 

Ele alerta para a importância de as pessoas não tocarem nas aves caso suspeitem de uma possível contaminação. Entre os sintomas passíveis de identificação da gripe aviária, estão o andar cambaleante das aves e alta mortalidade em uma mesma área. Diante de um caso suspeito, a agência pede que seja acionado de imediato o escritório da Adab mais próximo da ocorrência, seja por telefone pelo 0800 284-0011 ou por e-mail através so endereço [email protected]

Sintomas e prevenção
Nos seres humanos, a doença pode se apresentar com sintomas semelhantes aos da síndrome gripal (SG) e da síndrome respiratória aguda grave (SRAG), como febre, tosse, falta de ar, dor de cabeça, coriza e dor muscular. Vale frisar que a contaminação se dá com contato com animais infectados, não sendo descartada a possibilidade de a doença ser transmitida também por seres humanos infectados ou através da ingestão de aves cruas ou malcozidas. Por isso, entre os cuidados recomendados estão a orientação de não manipular animais com suspeita da doença, tampouco comer frangos e outras aves sem que estejam bem cozidas.   

Diante da semelhança entre os sintomas da H5N1 e outras síndromes respiratórias, gripais e até covid-19, a técnica do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) da Sesab, Talita Urpia, sinalizou, em entrevista ao CORREIO concedida em maio, a necessidade de buscar atendimento médico caso os sintomas apareçam, mas adianta que a gripe aviária só pode ser cogitada se houver contato prévio com uma ave ou outra pessoa infectada.   

“É por isso que é muito importante buscar um atendimento de saúde e informar essa exposição a essas aves, animais ou pessoas doentes. É necessário para fazer essa associação e ajudar a contabilizar os casos”, ressaltou. 

A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) disse que não há casos suspeitos e nem confirmados da doença em humanos. A pasta emitiu, no dia 23 de maio, um comunicado de risco devido à emergência zoossanitária decretada pelo Ministério da Agricultura e Pesca (Mapa), sobre o aumento de casos da gripe aviária H5N1. Válidas por 180 dias a partir da publicação, as recomendações incluem a intensificação da vigilância de epizootia em aves silvestres e domésticas e de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em pessoas expostas a esses animais. 

A Sesab também pediu que houvesse a intensificação de ações de educação e mobilização social para que a sociedade não atacasse aves aleatoriamente, nem descartasse por conta própria animais que forem encontrados doentes ou mortos. 

*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.

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