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Vacina da mpox perde eficácia em até um ano, mostram dois estudos

A proteção estimulada pela vacina contra mpox, a varíola dos macacos, tem um prazo de duração muito mais curto do que se imaginava anteriormente. É o que apontam dois estudos que serão divulgados durante o Congresso Europeu de Microbiologia no final de abril, mas foram parcialmente adiantados para a imprensa no sábado (30/3).

Pesquisadores holandeses e suecos atuaram em investigações diferentes que levaram a uma conclusão similar: a vacina aumenta a imunidade, mas por um período reduzido de tempo.

O estudo sueco indicou que há declínio significativo de anticorpos contra o vírus da varíola dos macacos já durante o primeiro mês após a vacinação, especialmente em pacientes que não foram vacinados anteriormente para varíola. Já a pesquisa holandesa apontou que chega a praticamente zero a quantidade de anticorpos em pessoas vacinadas após um ano das aplicações.

A vacina de mpox foi produzida rapidamente no início da epidemia da doença a partir de um vírus atenuado da varíola tradicional. Os programas de vacinação, como o que foi feito no Brasil, aplicaram duas doses de vacina com intervalo de 30 dias. Os imunizantes foram administrados principalmente em homens que fazem sexo com homens, principal grupo de risco no período de surto, em 2022.

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A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), agência internacional dedicada a melhorar as condições de saúde dos países das Américas, destinou lotes de doses da vacina contra a varíola dos macacos a diversas nações, incluindo o Brasil. Segundo especialistas, o esquema vacinal dos imunizantes é de duas doses com intervalo de cerca de 30 dias entre elas Jackyenjoyphotography/ Getty Images

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Concebida para agir contra a varíola humana, erradicada na década de 1980, a vacina contra a condição também serve para evitar a contaminação pela varíola dos macacos, por serem doenças muito parecidas koto_feja/ Getty Images

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Tanto o vírus causador da varíola humana quanto o causador da varíola dos macacos fazem parte da família “ortopoxvírus”. A vacina, portanto, utiliza um terceiro vírus desta família, que, além de ser geneticamente próximo aos supracitados, é inofensivo aos humanos e ajuda a combater as doenças, o vírus vaccinia Wong Yu Liang/ Getty Images

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Homens que fazem sexo com outros homens e as pessoas que tiveram contato próximo com um paciente infectado foram consideradas prioritárias para o recebimento das doses Jackyenjoyphotography/ Getty Images

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Atualmente, existem duas vacinas em uso contra a varíola dos macacos no mundo: a Jynneos, fabricada pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, e a ACAM2000, fabricada pela francesa Sanofi Jackyenjoyphotography/ Getty Images

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A Jynneos é administrado como duas injeções subcutâneas (0,5 mL) com 28 dias de intervalo. A resposta imune leva 14 dias após a segunda dose A Mokhtari/ Getty Images

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A ACAM2000 é administrado como uma dose percutânea por meio de técnica de punção múltipla com agulha bifurcada. A resposta imune leva 4 semanas David Talukdar/Getty Images

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A vacinação contra a varíola dos macacos é uma estratégia indicada tanto para a prevenção e defesa quanto para ensinar o corpo a combater o vírus antes de uma infecção bymuratdeniz/ Getty Images

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Entre os sintomas da condição estão: febre, dor de cabeça, dor no corpo e nas costas, inchaço nos linfonodos, exaustão e calafrios. Também há bolinhas que aparecem no corpo inteiro (principalmente rosto, mãos e pés) e evoluem, formando crostas, que mais tarde caem Isai Hernandez / Getty Images

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A transmissão do vírus ocorre, principalmente, por meio do contato com secreções respiratórias, lesões de pele das pessoas infectadas ou objetos que tenham sido usados pelos pacientes. Até aqui, não há confirmação de que ocorra transmissão via sexual, mas a hipótese está sendo levantada pelos cientistas Sebastian Condrea/ Getty Images

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O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias, mas os sintomas, que podem ser muito pruriginosos ou dolorosos, geralmente aparecem após 10 dias KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images

O estudo sueco A investigação avaliou os exames de sangue de 100 homens que receberam a vacina contra a mpox. Os testes foram feitos em quatro oportunidades: antes da aplicação da primeira dose, antes da segunda dose, um mês após e três meses depois do reforço.

Dos imunizados, 67 não tinham vacina anterior contra varíola, 10 não sabiam e 23 tinham sido vacinados. Entre aqueles sem vacinação prévia contra a varíola, menos da metade do grupo apresentou quaisquer anticorpos detectáveis ​​28 dias após a segunda vacinação.

Os que ainda tinham as células de defesa apresentavam título médio de anticorpos (medida padrão) máximo de 20, enquanto os que eram vacinados anteriormente chegavam a 40.

O estudo holandês A pesquisa feita na Holanda, embora tenha medido intervalos diferentes, apresentou resultados semelhantes. Apesar de 118 pessoas terem se inscrito para o estudo, apenas 36 retornaram para a consulta um ano após a aplicação da vacina.

Os voluntários que não tinham vacina anterior contra a varíola tiveram uma queda de 10 vezes nos níveis de imunidade em comparação ao que foi registrado quatro semanas após a segunda dose e um ano depois.

Os que tinham vacina anterior para varíola não tiveram quedas, mas foram considerados um grupo muito pequeno para comparação.

Os pesquisadores justificaram a queda da imunidade na própria formulação da vacina. “As primeiras vacinas de varíola, aplicadas na infância dos participantes, tinham vírus que continuam com capacidade de replicação. Como as doses atuais usam vírus atenuado, isso pode ter afetado a força da resposta imunitária, apesar da vantagem de reduzir os riscos de efeitos colaterais”, apontam.

Ainda vale a pena vacinar para mpox? Embora os resultados apontem que a imunização parece não ser tão efetiva quanto se acreditava anteriormente, os especialistas têm opiniões contrastantes sobre a necessidade de uma terceira dose do imunizante.

Para os holandeses, é preciso avaliar o custo-benefício de seguir aplicando as vacinas após o fim da epidemia da varíola dos macacos. Eles consideram que monitorar casos seria a melhor resposta.

Já para os suecos, pode ser importante pensar um calendário com reforços a longo prazo. “Embora a transmissão de mpox esteja estável em níveis mínimos, deve-se pensar em uma possibilidade de uma terceira dose da vacina para avaliar sua eficácia”, afirma a pesquisadora Klara Sonden, do Instituto Karolinska, da Suécia.

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