Entidades da luta por direitos da população negra lançaram a campanha “#PretaMinistra”, com o objetivo de gerar impacto e reflexão sobre a ausência de uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Como parte do movimento, um vídeo foi exibido em um telão na Times Square, famoso ponto na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, nessa segunda (11/9) e terça-feira (12/9).
A campanha é promovida pelo Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e a Coalizão Negra por Direitos. O vídeo, estrelado pela atriz mirim Lua Miranda, inicia com começa com a frase “Ela tem um sonho”.
Na sequência, Lua diz: “Quando eu crescer, quero ser ministra do STF”. No encerramento, a mensagem que as instituições deixam é a provocação: “Nunca antes na história desse país, uma menina negra conseguiu realizar esse sonho”.
Veja o vídeo:
Em 132 anos de existência, a mais alta corte do Poder Judiciário do país, nunca teve uma mulher negra entre os ministros.
Ministra negra no STF Desde a indicação de Cristiano Zanin, que tomou posse no último mês de agosto, na vaga do ex-ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou, se discute que uma das vagas do STF seja ocupada para uma mulher negra. Em outubro, a ministra Rosa Weber, que é a atual presidente do STF, também deve se aposentar.
“É importante que a gente avance no entendimento de democracia no Brasil. É impossível sustentar que vivemos numa democracia plena quando, a comunidade negra que representa 56% do país e as mulheres negras que representam 28% da população nacional, nunca foram representados por uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal, nos seus 132 anos”, disse Joel Luiz Costa, diretor executivo do IDPN.
Além da campanha nos Estados Unidos e de ações realizadas no Rio de Janeiro, o IDPN e a Coalizão lançaram, ainda, o curta-metragem “Todo mundo tem um sonho”, que retrata a realidade vivida nos dias atuais neste contexto do cenário político.
O curta é uma produção artística, narrado pela atriz Taís Araújo, e interpretado pelas atrizes Mariana Nunes e Lua Miranda, que deram vida à narrativa das personagens. A mensagem do curta explica o impacto, no presente e no futuro do país, devido à ausência de uma ministra negra no STF, lembrando que a representatividade que importa é a que, nas crianças, possam ter um referencial, inclusive, para idealizar seus sonhos.
O filme foi dirigido por Mayara Aguiar, produzido por Cayo Costa e Jéssica Villardo, e tem roteiro de Joel Luiz Costa e Juliana Nascimento.
produção está disponível em uma plataforma de vídeos online, e destaca o contraste da representação de mulheres negras no campo da cultura do país não refletir, também, na representatividade de mulheres negras no judiciário, principalmente, na Suprema Corte, que nunca teve uma ministra negra vestindo sua capa preta.
A reflexão é induzida por meio de um diálogo entre mãe e filha, ao ser apresentado pela mãe um leque de profissões ocupadas por mulheres negras em que a filha poderia se espelhar.
Mostra nacional Doze capitais brasileiras amanheceram nesta quarta-feira (13), com obras de arte de rua trazendo a reflexão.
A mostra “Juízas negras para ontem” convidou 24 artistas negros, que produziram cartazes que hoje estão distribuídos pelas cidades de Maceió, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Teresina, Curitiba, Recife, Salvador, Porto Velho, Porto Alegre, Manaus e Brasília, além de São Bernardo do Campo e Diadema, na região metropolitana de São Paulo.
Todas as obras que integram a mostra “Juízas Negras para Ontem” estão sendo impressas e afixadas nas ruas, e poderão ser democraticamente apreciadas pela população em geral.
“Ter uma mulher negra no STF é uma questão de Justiça. Ocupar esse espaço de poder é uma ação de enfrentamento de injustiças históricas e um passo na reparação. Não faz sentido que a suprema corte do poder judiciário nacional não tenha representação equivalente ao que é o povo brasileiro. Desde o período colonial, o Brasil mantém a subalternização e excludência de pessoas negras”, afirma Nina Vieira, diretora de arte que fez a curadoria da mostra e integra o Manifesto Crespo, coletivo que dialoga sobre identidades, gênero e práticas anti-racistas.