O oposto Wallace foi afastado pelo Sada Cruzeiro por tempo indeterminado. O clube anunciou a suspensão nesta terça-feira (31), após uma postagem do jogador ‘sugerindo’ que alguém desse um tiro no atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
A medida foi comunicada em nota oficial, assinada pela diretoria da associação esportiva. O Cruzeiro informou que está atento aos desdobramentos legais do que chamou de “lamentável episódio”.
“A diretoria do Sada Cruzeiro, reforça, novamente, que repudia qualquer ato que possa significar incitação à violência, após as postagens do atleta Wallace. Atento aos desdobramentos, o clube informa que vem tomando providências diante do fato. O clube exigiu do atleta Wallace a plena retratação e um pedido de desculpas a todos que se sentiram ofendidos com as suas postagens”, diz o comunicado.
“Conforme previsto em contrato, o Sada Cruzeiro informa que Wallace será punido com afastamento e uma suspensão por tempo indeterminado, a partir desta terça-feira (31)”.
“Esperamos que o episódio sirva de aprendizado para todos, com uma reflexão sobre o uso consciente das redes sociais, e da responsabilidade que cada um tem em disseminar bons valores. O esporte deve ser uma ferramenta para propagar igualdade, tolerância e respeito”, finaliza a nota.
Wallace postou fotos em um clube de tiro e abriu uma caixa de perguntas nos Stories do Instagram. Uma das pessoas perguntou se o jogador daria um tiro no rosto de Lula. Em resposta, ele abriu uma enquete para saber se algum de seus seguidores faria isso. O oposto apagou o conteúdo horas depois, mas prints circulam nas redes sociais.
Publicação de Wallace foi apagada horas depois |
Mais cedo, Wallace publicou um vídeo com um pedido de desculpas. O jogador disse que “não tinha intenção de incitar a violência”.
“Quem me conhece sabe que eu jamais incitaria violência em hipótese alguma, principalmente ao nosso Presidente. Então, venho aqui pedir desculpas, foi um post infeliz que eu acabei fazendo. Errei”, afirmou.
O Comitê Olímpico do Brasil anunciou que encaminhou uma representação ao Conselho de Ética da entidade após o post do atleta. Em nota oficial, o COB afirmou que o órgão, que é independente, dará andamento às etapas do processo.
Além disso, o comitê classificou como “inaceitável” a publicação do jogador. Wallace representou a seleção brasileira de vôlei em três Jogos Olímpicos., e foi campeão no Rio-2016. [veja a íntegra no fim]
Repercussões
A publicação de Wallace, feita na última segunda-feira (30), gerou uma série de repercussões. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. Ele anunciou que acionou a Advocacia-Geral da União (AGU), e afirmou que vai tomar as “providências necessárias”.
“Já acionei a AGU e vamos tomar todas as providências necessárias. Não vamos tolerar ameaças feitas por extremistas e golpistas”, escreveu o ministro nas redes sociais.
A ministra do Esporte Ana Moser também se manifestou. Em sua conta numa rede social, a ex-jogadora de vôlei ressaltou que o atleta deve responder como cidadão independentemente de seu status como esportista. “Antes de atleta, o jogador Wallace é um cidadão brasileiro e deve responder às nossas leis e instituições”.
O próprio Sada Cruzeiro já havia se manifestado, com um pedido de desculpas pela publicação, O clube também reforçou que “a violência nunca deve ser exaltada ou estimulada”.
“O Sada Cruzeiro lamenta profundamente a publicação realizada pelo nosso atleta Wallace e o seu conteúdo. Vivemos um momento delicado, em que precisamos ter muita cautela com as nossas manifestações. As redes sociais podem parecer um espaço em que tudo está liberado, sem muita avaliação das possibilidades de interpretação, e isso é uma armadilha gigantesca”, publicou a equipe.
“Reforçaremos com todo o nosso staff, atletas e comissão técnica sobre a importância da responsabilidade no uso das mídias digitais. Ressaltamos, principalmente, que a violência nunca deve ser exaltada ou estimulada, e da parte do Sada Cruzeiro pedimos sinceras desculpas a todos”, completou, em nota.
A Confederação Brasileira de Vôlei também repudiou o post. “A CBV repudia qualquer tipo de violência ou incitação a atos violentos, e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como o respeito, a tolerância e a igualdade”.
A Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) anunciou que deve denunciar Wallace pelo crime de incitação à violência.
O Código Penal, em seu artigo 286, descreve o delito de incitação ao crime, que consiste em incentivar ou estimular publicamente a realização de um crime. A previsão é de pena de detenção de 3 a 6 meses, além de multa.
Wallace Leandro de Souza é apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas últimas eleições, o oposto de 35 anos fez campanha aberta a favor da reeleição do candidato, que foi derrotado nas urnas por Lula.
Veja a publicação do COB na íntegra:
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) informa que na tarde desta terça-feira, 31 de janeiro, encaminhou, por meio do Compliance Officer, representação ao Conselho de Ética da entidade contra o atleta de vôlei Wallace. O órgão, que é independente, dará o devido andamento às etapas do processo.
O Comitê classifica como inaceitável a postagem feita pelo jogador, que representou a seleção brasileira de vôlei em três Jogos Olímpicos e, em 2022, foi medalha de bronze no Campeonato Mundial da modalidade.
O COB reforça que o que move o esporte brasileiro são os valores olímpicos como excelência, respeito e amizade e que, portanto, não há espaço para nenhuma conduta violenta ou de incitação à violência.