A residência médica pode ser vista como a fase final da caminhada profissional de um médico em formação que deseja se tornar especialista. É um período de ensino prático supervisionado que geralmente dura de dois a seis anos, a depender da área escolhida, formando médicos especialistas em cardiologia, pediatria, neurologia e muitas outras.
Dados do estudo Demografia Médica no Brasil 2023, publicado em parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Associação Médica Brasileira (AMB), mostram que entre 2012 e 2022, houve um aumento de 84% no registro de médicos especialistas no país. Segundo a pesquisa, são 495.716 médicos com o título em alguma área médica.
Ao concluir a graduação em Medicina, porém, muitos médicos recém-formados se deparam com a difícil missão de qual especialidade escolher. Para isso, cabe uma avaliação criteriosa dos programas de residência médica disponíveis, além de outras variáveis que podem pesar na escolha, entre as quais listamos a seguir.
Pesquisa detalhada sobre especialidades médicas
É importante que o médico recém-formado faça uma pesquisa mais aprofundada sobre as diferentes especialidades médicas e as características de cada uma delas. Convém considerar fatores como carga horária, demanda de mercado e possibilidades de avanço na carreira.
Por exemplo: como seria a formação do pediatra? Quantos anos essa formação exigiria? Em que frentes o futuro médico pediatra vai poder atuar? Todas essas variáveis devem ser levadas em conta para a tomada de decisão.
Segundo o médico Caio Nunes, em entrevista ao portal Sanar, o futuro médico residente também precisa fugir dos clichês, como atrelar a escolha às matérias com as quais tenha maior afinidade na faculdade.
Para ele, muitas vezes o dia a dia da especialidade é diferente do vivido no ambiente universitário. Por isso, a importância de conversar com profissionais de cada área para entender como é o trabalho diário da especialidade.
Pesquisa sobre os programas de residência disponíveis
Assim que definida a especialidade médica, é hora de pesquisar mais detalhadamente os programas de residência disponíveis. Aqui cabe uma avaliação técnica sobre a reputação do programa, se é credenciado aos órgãos reguladores competentes, a qualificação do corpo docente e também a estrutura das instalações.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) autoriza o uso da expressão “residência médica” apenas para programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CRNM), formada pelos Ministérios da Saúde, Educação e Previdência Social, e por entidades médicas, como o próprio CFM. Esse tipo de informação é importante ser checada antes de o médico residente tomar a decisão definitiva.
Localização
Aqui entra um fator de cunho pessoal, mas que impacta diretamente na escolha de qual programa de residência escolher: a localização. Há médicos residentes que estão dispostos a mudar de cidade ou estado, mas nem todos têm essa opção ou desejo. Por isso, cabe avaliar mais de uma opção para fazer a escolha que esteja mais de acordo com o perfil do residente.
Perfil do paciente a ser atendido
A prática cotidiana é outra variável que importa. O programa de residência médica prepara o futuro especialista para lidar com situações diversas, mas não se pode esquecer que o perfil do paciente atendido também tem peso na decisão. É o que defende o nefrologista Bruno Kosminsky, em artigo para o portal Eu Médico Residente.
Como exemplo, podemos citar especialidades que tratam de uma determinada faixa etária, como pediatria e geriatria, ou até mesmo gênero biológico, como é o caso da atuação do médico ginecologista ou da área da andrologia.
Kosminky vai além, ao citar especialidades médicas que necessitam de atendimento urgente, como a medicina intensiva ou o trabalho junto a pacientes crônicos e terminais, como no caso da medicina paliativa.
Autoavaliação
As preferências pessoais, habilidades e interesses não podem ser negligenciados nessa importante etapa da vida profissional do médico em formação. Por isso, ao avaliar a escolha do programa de residência médica, também é conveniente que o futuro residente considere áreas médicas com as quais ele tenha maior afinidade, familiaridade e onde se veja atuando por muitos anos.
Disponibilidade de tempo
Sim, a residência médica demanda dedicação e disponibilidade de horários em regime quase que integral, diferentemente de uma especialização, por exemplo, onde as aulas são esporádicas. Por isso, o fator tempo é determinante, o que torna essa questão bastante decisiva na hora de seguir pelo caminho da residência médica.
Salário desejado
O salário também entra no rol de fatores decisivos para escolher qual caminho seguir. Segundo o especialista em desenvolvimento pessoal e de liderança, Marcio Sumay, em artigo publicado no portal MED Performance, é prudente que antes da escolha definitiva o médico residente avalie se o retorno financeiro desejado está de acordo com suas expectativas para a atuação na área escolhida.