O que fazer quando a inflação aumenta, os juros sobem e, como não bastasse, se para de crescer nas pesquisas de intenção de voto depois de passar semanas ou meses tentando desacreditar o sistema eleitoral e ameaçando a democracia com um golpe militar?
Simples: demite-se um ministro para que ele pareça responsável pelos reajustes no preço dos combustíveis; nomeia-se outro para que acene com algo que não fará; retomasse os ataques ao voto eletrônico em que a população confia; e sai-se a passear.
A passear de moto na hora em que se devia estar trabalhando, à frente de um bando de eleitores que já votam nele, e com tudo pago com dinheiro público porque ninguém, afinal, nem mesmo o presidente da República, é de ferro, ele só quer se reeleger.
Mas reeleger-se para quê se durante quase quatro anos pouco fez por que nunca soube direito o que fazer, salvo destruir “o sistema”, como prometeu, para pôr outro no seu lugar? Quer a verdade que ele esconde? Reeleger-se para não correr o risco de ser preso.
Na quinta-feira da semana passada, ao saber do lucro da Petrobras de 44,5 bilhões nos primeiros três meses deste ano, Bolsonaro poderia ter celebrado a notícia porque o governo, como maior acionista da empresa, foi quem mais saiu ganhando.
Se ele, de fato, fosse contra a política de preços da Petrobras já a teria mudado porque pode. É o que Lula garante que fará caso se eleja em outubro. Porém, Bolsonaro não tem coragem para tanto. Então, o melhor é enganar, mentir e jogar a culpa nos outros.
Definiu como “estupro” o lucro da empresa, e abriu caminho para demitir Bento Albuquerque, ministro das Minas e Energia, uma semana depois:
“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm”.
Lucro abusivo que vocês têm, o governo não…
José Mauro é o presidente da Petrobras indicado por Bolsonaro. Substituiu o general Joaquim Silva e Luna indicado por Bolsonaro, que sucedeu ao economista Roberto Castelo Branco indicado por Bolsonaro. Nenhum alterou a política de preços da empresa.
O novo ministro das Minas e Energia, ao final do seu primeiro discurso, sem ter dito nada sobre a malsinada por Bolsonaro política de preços da Petrobras, afirmou, assim de passagem, que pretende vender a empresa e que encomendou estudos a respeito.
Cortina de fumaça para livrar a cara de Bolsonaro e levar o distinto público a imaginar que ele nada tem a ver com isso, com isso e com nada que o aflige – principalmente com a inflação que lhe subtrai votos e que Bolsonaro atribui a um fenômeno universal.
Como universal foi o flagelo causado pela pandemia da Covid-19 que ele batizou de gripezinha e enfrentou prescrevendo cloroquina e retardando a compra de vacinas. Está próxima a hora do acerto de contas com o pior presidente da história.
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