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De estupro a homicídio: conheça oito jogadores que já foram condenados pela Justiça

A diretoria do Bahia anunciou nesta semana a contratação do lateral direito Marcinho, que estava sem clube desde abril e assinou com o tricolor até o fim da temporada. A chegada do jogador causou insatisfação em parte da torcida, mas não pela condição técnica ou física, e sim pelo recente envolvimento em um acidente de carro no qual atropelou duas pessoas e não prestou socorro às vítimas, que acabaram morrendo pouco depois.

O caso aconteceu no dia 30 de dezembro de 2020, quando Marcinho jogava pelo Botafogo. Depois de deixar o clube carioca, vestiu a camisa do Athletico Paranaense, na prática seu último clube antes do Bahia. Ele até foi contratado por um time do Chipre (o Pafos), mas a Justiça vetou a saída do atleta do Brasil.

Na Justiça, Marcinho ainda não foi condenado na esfera criminal e fez um acordo na vara cível com netos e outros familiares do casal de professores vítimas do atropelamento. Segundo informações divulgadas em junho de 2021, ele pagou cerca de R$ 200 mil, que foram divididos igualmente para os quatro netos (menores de idade). Além disso, uma outra indenização extrajudicial foi feita na época com outros familiares – não há informações sobre os valores.

A história de Marcinho não é a única no futebol brasileiro. Ao longo das últimas décadas, a imprensa noticiou alguns casos de crimes cometidos por jogadores profissionais. Uns mais marcantes, como os do goleiro Bruno e do atacante Robinho, e outros que muitas vezes fogem da memória dos torcedores, como o técnico Cuca.

Relembre outros casos em que jogadores profissionais foram acusados – e alguns condenados – por cometer um crime.

1. Jean (goleiro)

Jean teve o contrato suspenso pelo São Paulo após o episódio
(Foto: São Paulo FC)

Revelado na base do Bahia, Jean foi acusado por sua então esposa Milene Bemfica de a ter agredido com oito socos no rosto em um hotel na cidade de Orlando, nos Estados Unidos, onde o casal estava em uma viagem no fim de 2018.

Na época, Milene publicou vídeos nas redes sociais mostrando as marcas deixadas pelas agressões e Jean ficou preso por uma noite – foi liberado no dia seguinte mesmo sem fiança.

O goleiro, que tinha 24 anos e era jogador do São Paulo, foi ouvido em uma audiência no Condado de Orange, em Orlando, e ficou definido que a fiança não seria cobrada desde que Jean comparecesse a todas as outras sessões no tribunal. Até então não foram marcadas outras audiências. Milena não quis levar o caso adiante na Justiça – na época alegou que por ter duas filhas com ele.

Após a revelação do caso, Jean teve o contrato suspenso pelo São Paulo e foi emprestado ao Atlético Goianiense, que havia subido para a Série A. Na apresentação, chegou a ser defendido pelo então presidente do Dragão, Adson Batista.

“O Atlético não é um clube que está aqui para perseguir ninguém e só ver a parte pior da pessoa. Daremos todo o respaldo para ele”, disse Adson.

Hoje o goleiro atua no futebol paraguaio, vestindo a camisa do Cerro Porteño. Está com 26 anos.

2. Jobson (atacante)

Jobson está sem clube
(Foto: Reprodução/Globonews)

Esse é mais um caso envolvendo um ex-jogador do Bahia. O atacante Jobson vestiu a camisa tricolor em 2011 e, antes disso, foi suspenso por dois anos do futebol após ser pego em um exame antidoping. Mas em 2016 o nome dele esteve relacionado com a polícia por causa de uma denúncia de estupro de vulneráveis.

A acusação aponta que Jobson teria aliciado duas menores de idade na cidade de Conceição do Araguaia, na divisa do Pará com Tocantins, junto com mais dois amigos. Ele foi preso em 23 de junho daquele ano e foi solto em setembro após o pagamento de R$ 22 mil na fiança e o cumprimento de algumas medidas, como o afastamento total das vítimas e a proibição de frequentar bares e baladas.

A vida do jogador seguiu marcada pela presença da polícia porque, um ano após a primeira vez que foi preso, Jobson voltou a ser detido, dessa vez por descumprir as regras estabelecidas.

O ex-atacante chegou a se envolver em um acidente de carro nessa época, que deixou uma pessoa morta e outras quatro feridas, entre elas o próprio Jobson. Ele ainda foi preso mais uma vez pelo mesmo motivo: não cumprimento das medidas judiciais estabelecidas.

Recentemente, em junho de 2022, foi noticiado que o julgamento do caso foi marcado para o dia 27 de outubro, na comarca de Colinas do Tocantins. O último clube que o atacante defendeu foi o Sport da Paraíba, no início deste ano.

3. Cuca (atacante)

Cuca atualmente é técnico do Atlético-MG
(Foto: Pedro Souza/Atlético)

Esse é um caso mais antigo e que, muitas vezes, é pouco lembrado. O ex-jogador e hoje técnico do Atlético-MG, Cuca, foi acusado de ter cometido abuso sexual quando atuava pelo Grêmio, em 1987, contra uma garota de 13 anos, junto com os atletas Eduardo e Henrique, também do clube gremista. O caso teria acontecido em Berna, na Suíça, durante um tour que a equipe gaúcha fazia na Europa.

Cuca foi condenado a 15 meses de prisão, mas a pena prescreveu e hoje o treinador não tem acusações contra ele por esse caso, que expirou em 2004. Na época, Cuca e seus colegas de equipe foram detidos por 29 dias na Suíça e só retornaram ao Brasil por causa de uma intervenção do Itamaraty.

4. Bruno (goleiro)

Bruno foi condenado por crime cometido em 2010
(Foto: Divulgação)

O caso mais famoso envolvendo jogadores profissionais é o assassinato de Eliza Samúdio, modelo e ex-amante do goleiro Bruno, que atuava no Flamengo. O caso, que completou 12 anos no dia 10 de junho, gerou uma condenação de 22 anos e 3 meses para Bruno por assassinato e ocultação de cadáver, que vem sendo cumprida desde então, além da acusação de sequestro do seu próprio filho, Bruninho.

Após cumprir parte da pena já em regime aberto, Bruno voltou a ter a prisão decretada em maio deste ano devido ao atraso no pagamento de pensão ao filho que teve com Eliza. A condenação foi “até que efetue a quitação de todas as parcelas pendentes ou pelo prazo máximo de 03 meses”.

Durante o tempo que cumpriu a pena em regime aberto ou semiaberto, o goleiro voltou a jogar por alguns clubes de pequena expressão no país. Um deles, inclusive, seria o Fluminense de Feira, que fez proposta por Bruno em janeiro de 2020, mas desistiu da contratação após pressão externa.

O jogador atuou pelo Poços de Caldas e Boa Esporte, ambos de Minas Gerais, Rio Branco-AC e, atualmente, defende o Atlético Carioca. A equipe disputa a Série C do Campeonato Carioca, equivalente à quinta divisão, e firmou contrato com o goleiro até o fim de 2022. Bruno está com 37 anos.

5. Wesley Pionteck (atacante)

Wesley Pionteck joga no ABC
(Foto: Divulgação)

Contratado em março de 2021 pelo Vitória, que disputava ainda a Série B do Campeonato Brasileiro, o atacante Wesley Pionteck encontrou resistência de parte da torcida ao desembarcar em Salvador. Isso porque o jogador tem histórico de agressão contra uma namorada, em 2019.

Pionteck foi revelado nas categorias de base do Botafogo-SP e depois contratado pelo Santos. O atacante foi negociado com o Bragantino e, quando atuava pelo clube, foi denunciado pela então namorada de tê-la agredido, causando ferimentos na cabeça da vítima, que na época tinha 27 anos. Wesley tinha 22.

Ele foi condenado a um ano e quatro meses de prisão, em regime semiaberto, e ao depor para a polícia revelou ter “perdido a cabeça” por conta de ciúme. A mulher violentada confirmou a teoria ao relatar que, após uma discussão durante um fim de semana, o jogador viu mensagens no celular dela e teve um ataque de fúria contra ela.

A passagem pelo Vitória não foi marcante: disputou 15 jogos e não fez gol. Recentemente foi contratado pelo ABC e disputa a Série C do Brasileirão.

6. Robinho (atacante)

Patrocinadores foram contra a volta de Robinho ao Santos
(Foto: Ivan Storti/Santos FC)

O atacante Robinho teve sua condenação confirmada em última instância pela Justiça da Itália em janeiro deste ano. A pena decretada ao jogador por estupro contra uma mulher albanesa, em 2013, foi de nove anos de prisão. O amigo do jogador Ricardo Falco também foi condenado pelo crime.

O caso aconteceu quando o agora ex-atacante atuava com a camisa do Milan. A defesa do jogador tentou recorrer alegando que o ato sexual teria sido consensual, mas as provas destacadas durante o processo confirmaram o crime – a Justiça gravou uma conversa de Robinho com um amigo por telefone, confessando que a mulher albanesa não estava plenamente consciente no momento do ato.

Robinho chegou a ser contratado pelo Santos em outubro de 2020, mas um grande movimento contrário à presença do jogador no clube que o revelou (até patrocinadores se manifestaram) fez com que a diretoria voltasse atrás.

Em julho deste ano o jogador confirmou que está aposentado do futebol. Ao ser procurado pela reportagem do UOL, Robinho disse que queria ser “deixado em paz” e que não daria mais entrevistas à imprensa.

7. Edmundo (atacante)

Edmundo hoje é comentarista
(Foto: Reprodução)

Em um caso similar ao do lateral Marcinho, contratado pelo Bahia, o atacante Edmundo também se envolveu em um acidente de trânsito fatal no Rio de Janeiro. Em 1995, o jogador bateu seu carro em outro, e três pessoas morreram.

O jogador, que na época do acidente atuava pelo Flamengo, foi condenado a quatro anos e meio de prisão em 1999, por crimes de homicídio culposo e três lesões corporais culposas. Ele chegou a ser preso duas vezes naquele ano e solto após recursos.

Em 2011, Edmundo foi considerado foragido por não ter cumprido a decisão judicial. Ele foi preso novamente, mas passou apenas uma noite na cadeia e foi liberado em seguida após novo recurso interposto pela defesa.

Nesse mesmo ano, o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, considerou “extinta a punibilidade” de Edmundo pelo caso. A condenação foi prescrita em 2007 e, por isso, ele não poderia mais ser obrigado a cumprir a pena pelas mortes que causou no acidente de trânsito.

Em 2021, o STF voltou a tratar do assunto, motivado por recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro, e confirmou a decisão de prescrição dos crimes.

8. Breno (zagueiro)

Último clube de Breno foi o Vasco
(Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Em um dos seus melhores momentos da carreira, o zagueiro Breno viu seu destino mudar em 2012, quando atuava pelo Bayern de Munique. A Justiça alemã condenou o defensor a três anos e nove meses de prisão por ter causado um incêndio em sua casa. As autoridades consideraram que Breno ateou fogo no imóvel de forma proposital.

Na época em que foi condenado, Breno disse estar arrependido dos seus atos e pediu desculpa ao dono da casa, que ele alugava, a familiares e a torcedores do Bayern. “Quero me desculpar pelo que ocorreu nessa noite, tanto para o Bayern de Munique como para o proprietário da casa. Não fui um bom exemplo. Sou uma pessoa que acredita em Deus e agradeço que tenha protegido a minha família “, declarou.

No mesmo ano Breno foi contratado pelo São Paulo, clube que o revelou, mas só atuou pela equipe em 2014, quando foi liberado da prisão na Alemanha, onde cumpria regime semiaberto. Durante esse tempo seu trabalho continuou sendo no Bayern de Munique, mas no setor administrativo. O bom comportamento dentro da cadeia foi um dos motivos que fizeram Breno ser liberado antes do tempo, com dois terços da pena cumprida.

Após a passagem pelo São Paulo, o zagueiro ainda foi negociado com o Vasco em 2017, para atuar por empréstimo, e depois em definitivo em 2018. Ele ficou no clube até dezembro de 2020. Hoje, aos 32 anos, está sem clube.

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