Com o ritmo da batida dos tambores cravados no corpo, as 14 candidatas ao título de Deusa do Ébano 2023 do Ilê Aiyê participaram, nesta quinta (19), do último aulão de dança antes da Noite da Beleza Negra, que revelará a próxima coroada a rainha do primeiro bloco afro do Brasil, no dia 28 de janeiro, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu.
Também realizado na sede do Ilê, os aulões – quatro ao total – são uma preparação para a performance de dança que será apresentada por cada uma das concorrentes na final do concurso, já que esse é um dos principais critérios de desempate. Coisa que, se depender do nível de entrega das candidatas, tem boas chances de acontecer.
Depois de algumas dicas dadas pelas coreógrafas e professoras de dança Amélia Conrado, Vânia Oliveira, Soraia Souza e Gisele Soares, seguido da demonstração de movimentos que se destacam na dança afro, cada candidata apresentou um solo. As performances foram complementadas por adereços como lanças, cestas e abanadores de palha, além de bonecas de pano e instrumentos musicais.
Nas mãos delas, os elementos eram conduzidos com precisão, em sincronia com os passos que executavam. Uma desenvoltura que, Lorena Dias, de 21 anos, trabalhou para evoluir por causa do concurso. “Para além das aulas, que têm agregado muito em nossas habilidades, eu comecei a estudar ainda mais sobre a história do Ilê. Também passei a assistir vídeos antigos para pegar as técnicas [de dança]”, conta a candidata.
Lorena voltou do Rio de Janeiro para participar de concurso do Ilê Aiyê (Foto: Ana Lucia Albuquerque/ CORREIO) |
Além da mudança na rotina, a valorização de suas trajetórias de vida é outro elemento em que as participantes apostam como um diferencial para conquistar a coroa de Deusa do Ébano. No caso de Mairine Nonato, de 27 anos, isso significa subir ao palco para mostrar a si mesma, mais do que performar perfeição.
“Estou aqui para colocar para fora toda ancestralidade que vem conosco, para representar aquelas que não podem estar aqui e que já se foram, mas também as deusas de casa, as que são cabeleleiras e de todas as outras profissões . E para mostrar o meu eu”, revela a candidata.
Lais dançou com um leque na sua apresentação durante o último aulão de dança antes da final (Foto: Ana Lucia Albuquerque/ CORREIO) |
O mesmo desejo é compartilhado por Lais de Araújo, 26 anos, primeira mulher trans a participar do concurso do Ilê Aiyê. Título que ela faz questão de destacar, não à toa. “O que importa não é só conquistar, mas poder ocupar esses espaços e mostrar à sociedade que eu posso estar em qualquer espaço”, salienta, convocando outras a perceberem que também são capazes.
Outra novidade da seleção deste ano, que marca o retorno do evento após dois anos de restrições contra a covid-19, é a ampliação da idade de participação, de 18 a 30 anos, para 18 a 35. “O concurso de Rainha do Ilê Aiyê contribui para fortalecer a autoestima da mulher negra da Bahia, do Brasil e no mundo”, comenta o presidente da entidade, Antônio Carlos Vovô.
Nessa roda, a Noite da Beleza Negra representa a grande celebração da beleza afro-brasileira, com muita música, dança e homenagens a importantes figuras do cenário baiano e nacional. A atração principal, no entanto, estará à cargo das apresentações das 14 candidatas. Pois, como antecipa a coreógrafa e professora Amélia Conrado, elas “entrarão como brisa e sairão como um furacão”.
Finalistas
Deisivania dos Santos Silva
Larissa Valéria Sá de Sacramento
Ingrid Silva do Nascimento
Larena Santos da Silva
Mairine Pereira Nonato
Tamara Matos dos Santos França
Tailane Brito Santos
Mercia Cristina Silva Machado
Lais de Araujo Ferreira
Jamile Fátima de Oliveira Santos
Daiane de Souza Conceição
Caroline Xavier de Almeida Tuane Vitória Pereira
Serviço:
Noite da Beleza Negra
local: Senzala do Barro Preto – Curuzu
horário: 21h
ingresso: https://bilheteriadigital.com/deusa-do-ebano-2023-28-de-janeiro
*Com orientação da subeditora Fernanda Varela